quarta-feira, 29 de maio de 2019

Rocketman


Bohemian Rhapsody não tinha um grande roteiro, mas acabou sendo um bom espetáculo por conta da performance de Rami Malek e da direção habilidosa de Bryan Singer. Rocketman infelizmente é como se fosse Bohemian Rhapsody mas sem um Malek e nem um Singer pra salvar o roteiro. É tudo tão superficial, clichê e inautêntico, que na minha memória o filme provavelmente ficará armazenado não na “pasta” de memórias ligadas a Elton John (de quem eu gosto bastante), e sim na pasta de coisas como Ayrton Senna - O Musical, ou Hebe - O Musical, produções claramente oportunistas que sabem que biografias de celebridades vendem, ainda mais quando embaladas por canções conhecidas do público. Esse tipo de “musical jukebox” se tornou apenas mais um tipo de arte enlatada - uma fórmula pra atrair público fácil sem ter que usar a imaginação e nem ter que criar algo de real valor artístico.

Talvez por Elton ainda estar vivo e bem, o filme não consiga achar uma narrativa satisfatória e conclusiva pra sua vida (o foco acaba sendo a superação do vício em drogas, o que não poderia ser mais batido). As sequências musicais em geral não empolgam (as que envolvem Elton criança são ligeiramente constrangedoras, assim como o uso pobre de simbolismo - por exemplo fazer Elton John literalmente decolar como um foguete enquanto canta Rocket Man), e o filme não nos dá nem a satisfação jornalística de sentir que estamos conhecendo o verdadeiro Elton John por trás da caricatura, pois a caracterização é tão genérica que faz com que ele se pareça com 20 outros artistas da época que já vimos em outras cinebiografias. Não é um filme chato ou mal feito, mas fica um senso de que ele não faz jus a uma carreira tão impressionante quanto a de Elton John.

Rocketman (Reino Unido, EUA / 2019 / Dexter Fletcher)

NOTA: 5.0

sábado, 25 de maio de 2019

Aladdin


Acho que um remake deve sempre buscar uma execução tão boa ou melhor que a do original, e acrescentar elementos que deem novos valores à experiência, provando que existe talento fresco na produção. O que ocorre aqui é o contrário - o que há de bom é basicamente o que foi preservado do desenho de 92, e o que há de novo é ruim: a direção é ruim, a fotografia é ruim, as mudanças na história em geral são pra pior, e com a exceção de Will Smith (que está bem divertido como o Gênio) os atores parecem mal escalados, principalmente Aladdin e Jafar (é isso o que ocorre quando a sociedade não permite mais que se escale livremente os atores ideais pro papel, pois a prioridade agora é achar o ator da etnia certa, da descendência certa pra não gerar polêmica, etc). O filme acaba funcionando pois a essência da história ainda está lá, e o carisma de Smith ajuda, mas já era de se suspeitar que Guy Ritchie (ex da Madonna, que ficou conhecido por suas comédias de crime moderninhas como Snatch - Porcos e Diamantes, que não podiam estar mais distantes do espírito da Disney) não era a pessoa mais adequada pra dar vida ao “mundo ideal”.

Aladdin (EUA / 2019 / Guy Ritchie)

NOTA: 6.5

quinta-feira, 23 de maio de 2019

Uma Nova Chance

Comédia romântica leve dessas sobre mulheres independentes buscando sucesso profissional e tentando equilibrar trabalho com vida amorosa - algo que parece desenterrado do início dos anos 2000, e que se fosse feito no Brasil provavelmente seria estrelado pela Ingrid Guimarães. A trama tem umas reviravoltas absurdas e o conflito central é extremamente água-com-açúcar (o grande "suspense" da história é que ninguém na empresa pode descobrir que a Jennifer Lopez mentiu no currículo), mas dentro da proposta, o filme não é dos piores - ele se sustenta numa fórmula que já funcionou milhares de vezes antes, e que continua tendo certa eficácia mesmo numa produção mais genérica. Não é o novo Uma Secretária de Futuro (1988) e nem mesmo o novo O Diabo Veste Prada (2006) mas se você não for com grandes expectativas, poderá ser um bom passatempo.

Uma Nova Chance (Second Act / EUA / 2018 / Peter Segal)

FILMES PARECIDOS: Não Sei Como Ela Consegue (2011) / Uma Manhã Gloriosa (2010) / De Pernas pro Ar (2010) / A Verdade Nua e Crua (2009) / O Diabo Veste Prada (2006)

NOTA: 5.5

segunda-feira, 20 de maio de 2019

John Wick 3: Parabellum

Até uns anos atrás era comum se dizer quando um filme era ruim, vazio, sem história, focado apenas em ação, que assisti-lo era “tão chato quanto assistir outra pessoa jogando video game”. Ironicamente, assistir outras pessoas jogando video game se tornou uma atividade altamente popular na cultura (talvez até pelo cinema comercial ter se tornado tão morno e desinteressante nas últimas décadas) então os filmes agora não têm mais problema em parecerem um game vazio em história, personagens, focado apenas em ação bruta. Pelo contrário, eles parecem estar indo cada vez mais nessa direção, justamente porque agora existe um público enorme cujo passatempo favorito se tornou assistir outras pessoas jogando video game, e que desenvolveu a capacidade incrível de passar horas e horas olhando bonecos dando tiro em outros bonecos.

O que me leva a outro elemento que me intriga em John Wick - todo esse culto à dor e à violência presente na história; fico pensando de onde vem esse prazer de ver alguém matando dezenas de pessoas anônimas, como se a visão de alguém sendo morto na tela gerasse uma satisfação automática, independente de qualquer contexto dramático ou narrativo. Essa não é uma tendência nova, claro, afinal muitos faroestes antigos (ex: Josey Wales, o Fora da Lei e outros do Clint Eastwood) mostram que sempre teve público pra esse tipo de produto.
John Wick 3 é lindamente fotografado e algumas cenas de ação são muito bem coreografadas e dirigidas (há algo de genial na cena em que John Wick usa um livro grosso e pesado pra assassinar o adversário, simbolizando o desprezo por conteúdo desse tipo cinema - livros aqui são apenas objetos ocos que servem pra dar porrada). A produção é de primeira, mas se você é do tipo que precisa de uma variedade mais rica de estímulos pra se ver preso a uma história, a experiência provavelmente será monótona e tediosa, apesar da agitação física ocorrendo na tela.

John Wick: Chapter 3 - Parabellum (EUA / 2019 / Chad Stahelski)

NOTA: 4.0



terça-feira, 14 de maio de 2019

Outros filmes vistos - Maio 2019

John Wick 3: Parabellum (2019) - 4.0

Cemitério Maldito (2019) - 5.0

Como Treinar o Seu Dragão 3 (2019) - 3.0