O primeiro teaser de Disclosure Day diminuiu um pouco minhas expectativas (exageradamente altas), embora ainda seja um dos lançamentos de 2026 que mais estou aguardando. Pareceu algo mais rotineiro, assumidamente fictício, quebrando um pouco o clima conspiratório (me lembrou até as produções do Shyamalan).segunda-feira, 15 de dezembro de 2025
Cultura - Dezembro 2025
O primeiro teaser de Disclosure Day diminuiu um pouco minhas expectativas (exageradamente altas), embora ainda seja um dos lançamentos de 2026 que mais estou aguardando. Pareceu algo mais rotineiro, assumidamente fictício, quebrando um pouco o clima conspiratório (me lembrou até as produções do Shyamalan).sábado, 13 de dezembro de 2025
Melhorando Argumentos Objetivistas: Altruísmo
A moralidade do altruísmo é talvez a maior vilã da civilização ocidental segundo a filosofia do Objetivismo. Ayn Rand certa vez disse: “Se alguma civilização quiser sobreviver, é a moralidade do altruísmo que os homens terão de rejeitar.”
Embora eu concorde que, em termos de ideias filosóficas, o altruísmo talvez seja a mais perigosa para a sociedade, não acho que ele seja a origem dos grandes males do mundo, como alguns objetivistas sugerem.
Pra mim, o altruísmo é, primeiramente, uma ferramenta de controle e manipulação — uma ideia que permite que pessoas obtenham o imerecido, tenham acesso aos recursos dos outros, sem precisar recorrer ao roubo ou a métodos mais explícitos de extorsão.
A origem do mal, portanto, é o parasitismo/predatismo humano, o “egoísmo irracional” — o altruísmo é apenas uma estratégia intelectual. Se convencêssemos todo mundo a abandonar o altruísmo enquanto conceito, os problemas da sociedade não desapareceriam. Os parasitas e predadores apenas não teriam mais essa estratégia para usar e passariam a recorrer a táticas mais diretas, como provavelmente faziam antes da civilização moderna.
Sim, lutar contra a moralidade do altruísmo é importante. Mas quando objetivistas falam como se os seres humanos fossem de fato altruístas em suas intimidades, vítimas indefesas dessa falsa moralidade, eles soam pouco convincentes, pois, intuitivamente, todo mundo sabe que o egoísmo irracional explica muito melhor o comportamento humano.
Todos já ouvimos histórias de supostos humanitários ou altruístas que, no fim, foram expostos e se revelaram abusadores, pessoas horríveis. Agora, quão comum é o contrário: você encontrar uma pessoa que age com base no auto-interesse no dia a dia, mas é flagrada fazendo atos altruístas entre quatro paredes que ninguém deveria ter visto? (Não valem esses ricos que fazem atos públicos de caridade e ganham status com isso.)
Vale apontar também que a pessoa que se sacrifica — a suposta “vítima” da moralidade do altruísmo — muitas vezes aceita esse papel porque pretende, futuramente, lucrar com essa moralidade. Por exemplo: imagine que alguém que você não valoriza te peça um enorme favor, como ficar um mês hospedado na sua casa ou servir de acompanhante por vários dias em um hospital. Você precisa ter um grande senso de autoconfiança e independência pra recusar esse tipo de pedido — sentir que, se um dia estivesse numa situação parecida, você não dependeria do sacrifício de ninguém para ter suporte (teria dinheiro o bastante, pessoas que verdadeiramente te amam e gostariam de te ajudar etc.). Agora, quando você não tem essa confiança, você se sente obrigado a ajudar, porque sabe que sua vida também depende dos sacrifícios alheios. Nesse caso, você não está sendo apenas vítima da moralidade do altruísmo: você a adota porque também é adepto do parasitismo/predatismo humano.
A porcentagem da população que é puramente vítima da moralidade do altruísmo, na minha percepção, é muito pequena — quase irrelevante para discussões culturais amplas. Portanto, não acho que a mensagem mais fundamental do objetivismo no campo da moralidade deva ser a mensagem anti-altruísmo. A grande mensagem — aquela que realmente soa verdadeira, faz as pessoas questionarem suas atitudes — é a mensagem anti-parasitismo, anti-egoísmo irracional: de que devemos ser justos, controlar nossos impulsos de tirar vantagem, de trapacear, mentir, e agir corretamente mesmo quando ninguém está vendo. É a cena de Howard Roark deixando de ganhar uma fortuna como arquiteto porque se recusou a abrir mão de seus princípios.
Dizer que as pessoas devem ser egoístas em vez de se sacrificarem o tempo todo soa como uma mensagem excêntrica e meio inútil, pois o principal desafio da maioria das pessoas, na verdade, é aprender a perseguir seus interesses de maneira não destrutiva, não predatória. Essa capacidade é o grande diferencial de um objetivista, aquilo que uma pessoa de fora olha e pode admirar, por entender que é algo nobre e difícil de fazer.
Portanto, ao condenar a moralidade do altruísmo, acho importante identificá-la como uma ferramenta de controle e apontar o verdadeiro mal por trás de sua prática e de sua popularidade.
quarta-feira, 10 de dezembro de 2025
Dezembro 2025 - outros filmes vistos
Fundamentos da Escrita de Roteiros - Michael Hauge
terça-feira, 2 de dezembro de 2025
Novembro 2025 - outros filmes vistos
Zootopia 2 (2025 / Jared Bush, Byron Howard) — A principal ideia que o entretenimento quer que você absorva em 2025 é a seguinte: sabe aquele grupo ou figura que você acha que é má, que parece uma assassina, que tem todos os traços de um monstro, todos os trejeitos de um malfeitor? Ela, na verdade, é boa — vítima de uma grande manipulação arquitetada por quem? Pelos ricos e poderosos, que são os verdadeiros vilões! Em Zootopia 2, as cobras venenosas são as injustiçadas da vez. A única coisa boa que tenho para falar desse filme é que ele não é horrivelmente mal-feito... É apenas mediano, esquecível, clichê, mas pelo menos não inaugura um novo patamar de ruindade, como tantas produções têm feito ultimamente.
Bugonia (2025 / Yorgos Lanthimos) — Achei divertido o começo, o retrato irônico que é feito da sociedade atual (os conspiracionistas da direita, os discursos woke hipócritas da esquerda, etc.). O problema é que depois que você saca a ideia central, o resto do filme se torna chato, repetitivo; não há uma história forte o bastante pra sustentar o interesse na porção central (tudo é absurdo demais para ser levado a sério como suspense de sequestro). Assim como o começo, o final também funciona... O diretor parece ter feito o filme pela mensagem que queria passar, e ele a comunica de forma inteligente, mas falhou em desenvolver um enredo completo que envolvesse independentemente da mensagem. Tudo poderia ter sido resumido em um curta ou sketch cômico de 5 minutos.sábado, 22 de novembro de 2025
Wicked: Parte II
Achei tão mal feito que tive quase o impulso de voltar e abaixar a nota que dei pro primeiro filme. Mas a verdade é que a primeira parte funcionou apesar das incompetências dos criadores, tudo por conta das forças da peça. A parte 2 da peça, por já ser fraca, não tinha como sustentar a continuação. Agora, todas as inaptidões de Jon M. Chu e dos roteiristas vêm à tona sem nada pra disfarçar. A história não tem nenhum senso de direção, as relações entre os personagens não têm coerência, várias cenas musicais parecem desnecessárias e destoam em tom da narrativa, e os eventos no final parecem apressados e costurados de qualquer jeito só pra se ajustarem à cronologia de O Mágico de Oz. Sem falar nos temas marxistas, que agora se tornaram mais centrais, já que Elphaba virou revolucionária e sua luta contra o sistema é o foco desta parte. (Além de Frankenstein e do Predador que comentei recentemente, temos aqui mais um “monstro” do cinema recaracterizado como vítima oprimida.) Outra coisa chata é o tom constante de rivalidade e desarmonia entre todos os personagens: Glinda vs. Elphaba, Fiyero vs. Glinda, Nessa vs. Boq, o Mágico vs. Elphaba — e não porque uns estão certos e outros errados, mas porque todos são imperfeitos, têm impulsos irracionais conflitantes e inevitavelmente precisam se chocar. (Em uma das letras, o Mágico canta: “Há pouquíssimos que se sentem à vontade com ambiguidades morais, então agimos como se elas não existissem” — refletindo aquela visão de que bem e mal são noções imaturas.)
Fala-se muito da crise atual em Hollywood, do suposto desinteresse das gerações mais jovens em ir ao cinema. Mas saí de Wicked: Parte II com a sensação oposta — se, com filmes tão medíocres, você ainda consegue ter estreias lotadas como essa (minha sala estava repleta de fãs vestidos de verde e rosa), isso é uma prova de que as pessoas realmente amam ir ao cinema! Pensando na qualidade dos filmes que têm sido lançados, o que surpreende não é o fato de haver uma crise, mas ela não ser muito maior do que é.
Wicked: For Good / 2025 / Jon M. Chu
Melhorando Argumentos Objetivistas: Aborto e Judeus
Objetivistas costumam ter argumentos sofisticados e convincentes para a maioria dos tópicos, mas quando o assunto é aborto ou antissemitismo, muitas vezes os vejo enfraquecidos em debates ou palestras. Eu concordo com o posicionamento geral do Objetivismo nesses dois tópicos (que o aborto não deveria ser ilegal e que o antissemitismo deve ser condenado), mas não acho que esses pontos costumam ser defendidos de maneira plenamente satisfatória.
Aborto:
A pior armadilha na qual objetivistas caem aqui é a de caracterizar o feto apenas como um agrupamento de células, dando a entender que não é diferente fazer um aborto do que cortar as unhas. Pra começar, a ciência não sabe exatamente como a mecânica da vida funciona, então não acho que esse tipo de afirmação possa sustentar um argumento sólido. E acho bastante razoável pensar que existe uma diferença fundamental, por exemplo, entre um ovo fecundado e um ovo não fecundado. Que a “fagulha” da consciência — que se transformará em uma consciência ainda mais evoluída com o desenvolvimento do organismo — já está atrelada à matéria desde o início. O problema de sugerir que não há consciência alguma no feto é que objetivistas, no fundo, acabam dizendo: “sim, se o feto tivesse alguma consciência, concordo que seria horrível matá-lo, e que o aborto deveria ser proibido — mas ele não tem consciência!”. Para mim, é óbvio que essa linha de raciocínio não tem muita força.
Pra argumentar a favor da legalização do aborto de maneira mais convincente, precisamos primeiro reconhecer que, sim, é possível que exista algo consciente dentro da mãe, um “eu” único e insubstituível, e que esse “eu”, ao ser abortado, possa passar por uma experiência subjetiva horrível — ainda que ele não faça muito sentido do que vivencie.
E como argumentar a favor do aborto depois de admitir isso?
Um caminho inicial é traçar um paralelo com o que fazemos com animais, no caso da alimentação. Se a pessoa não for vegana, ela terá que aceitar que mata seres conscientes rotineiramente para perseguir seus objetivos. Se ela não tiver problema em matar uma consciência primitiva, não racional, para promover sua vida, ela terá dificuldade em argumentar que a condição do feto é muito diferente da de um animal. O que torna o ser humano único e diferente de outros animais — nossa racionalidade e livre-arbítrio — depende de recursos mentais mais sofisticados que ainda não estão desenvolvidos no feto.
Mas e se a pessoa for vegana? Bastará lembrá-la que, ainda assim, ela mata vidas diariamente para sobreviver — a não ser que ela conviva pacificamente com baratas, pernilongos, e não dê um passo na calçada antes de checar se não há uma formiga no seu caminho. Nesse momento, ela terá que admitir que não existe como sobreviver sem nunca matar algo vivo. Este é um fato metafísico que não pode ser contornado. Na natureza, vidas matam vidas o tempo todo. O ser humano, após milhares de anos de civilização, conseguiu chegar a uma organização social em que combinamos que indivíduos humanos não iniciarão violência contra outros indivíduos humanos, pois entendemos que seres racionais podem sobreviver em harmonia, através da colaboração — lidando apenas com outras espécies e com a natureza na base da força. Uma vez que você faça a pessoa aceitar que eliminar vidas é inevitável, corriqueiro, e que o princípio de “não matarás” é uma regra que conseguimos aplicar apenas num contexto delimitado, em relações entre seres humanos racionais e independentes, fica mais fácil mostrar que a gravidez indesejada é um caso em que a natureza coloca duas vidas entrelaçadas em conflito, e onde não é possível aplicar os mesmos princípios éticos que aplicamos em sociedade.
Ou seja: você pode dizer que acha triste, até trágica, a experiência pela qual um feto deve passar (ou a de qualquer animal que é morto) — e ainda assim afirmar que o aborto deve ser permitido por lei e moralmente defendido em alguns casos. Se o aborto é uma tragédia, é uma tragédia imposta pela natureza, não por uma falha moral do ser humano.
Pode ser nobre querer minimizar o sofrimento no mundo, na medida em que isso não lhe impeça de viver e ser feliz, mas considerar qualquer forma de sofrimento uma tragédia que deve ser evitada a qualquer custo é uma noção mística que nega fatos óbvios da natureza.
Judeus:
Minha questão com o combate ao antissemitismo é mais sutil. A tendência de objetivistas é caracterizar o antissemitismo apenas como racismo, ódio religioso e ressentimento contra o sucesso. Acho que tudo isso de fato faz parte do quadro e são motivações comuns. Mas objetivistas ignoram um ponto por trás do antissemitismo que é essencial para dar clareza ao conflito. Esse ponto tem a ver com o fenômeno que discuti no texto Problemas do Objetivismo #12 — Ambição vs. Ganância: a diferença entre o “capitalismo criativo” e o “capitalismo predatório”.
Minha percepção é que parte do antissemitismo vem de uma aversão comum (e legítima) ao capitalismo predatório, uma prática muitas vezes associada à cultura judaica. Quando falo em “predatismo”, não estou falando de criminosos, chantagistas, pessoas que cometem fraudes reais — apenas do tipo de pessoa que busca o lucro de maneira fria, sem de fato se importar com a qualidade objetiva do produto/serviço que oferece, com o benefício real e bem-estar do consumidor, com o impacto a longo prazo etc. Objetivistas tendem a ver qualquer troca voluntária numa sociedade livre como benéfica. Porém, como discuti no texto Ambição vs. Ganância, vejo trocas voluntárias em um espectro, que vai desde relações ganha-ganha equilibradas e enriquecedoras até zonas cinzentas, onde uma pessoa manipula a outra, buscando uma relação de ganha-perde, mas ainda operando dentro dos limites da lei. Como alguém que defende livres mercados e a separação entre Estado e economia, não acho que esse tipo de troca desequilibrada deva ser banida. Mas isso não quer dizer que, moralmente, eu admire as duas práticas igualmente.
E o que judeus têm a ver com isso? Bem, não estou dizendo que todos os judeus sejam capitalistas predatórios. Mas não é implausível pensar que existe algo na cultura judaica (não nos judeus enquanto “raça”) que, por razões históricas, incentiva esse tipo de prática mais do que outras culturas.
Quando objetivistas ignoram que existe uma diferença qualitativa entre o “capitalista criador” e o “capitalista predatório”, tratando toda forma de troca como igualmente saudável, isso cria uma desconfiança no ouvinte, que permanece cético por saber que existem formas vulgares e hostis de se fazer negócios. Se de fato houver algo na cultura judaica que incentive essas práticas, acho que objetivistas precisam estar dispostos a criticar esse aspecto da cultura. Claro, o fato de alguns judeus serem capitalistas predatórios não justifica genocídios e nem os discursos violentos que temos ouvido ultimamente. Mas quando você protege um conceito ou instituição negando problemas internos que todos podem ver, você não convence e não ajuda a quebrar preconceitos. Por isso, lutar contra o antissemitismo será mais fácil se você estiver disposto a criticar o capitalismo predatório ao qual judeus são frequentemente associados — isso não mudará a atitude de quem condena judeus por motivos completamente irracionais, mas ao enquadrar o problema como uma questão de comportamento, de uma certa tendência dentro de uma cultura — não algo biológico ou determinista — você poderá mudar a atitude daqueles que suspeitam de judeus por causa dessa postura econômica. (Da mesma forma, é mais fácil convencer alguém a aceitar o capitalismo quando você reconhece que, dentro dele, algumas pessoas agem de forma indigna — sem fingir que todos os empresários têm motivações nobres.)
domingo, 16 de novembro de 2025
Cultura - Novembro 2025
16/11 — Pluribus
Vi pessoas comentando que Pluribus, a nova série do criador de Breaking Bad, teria temas objetivistas e faria uma crítica ao coletivismo. Fui ver os três primeiros episódios e não vi nada disso. Sim, em um nível explícito e superficial, até existe a ideia de que ser uma pessoa robótica, sem individualidade, é ruim. Mas não é bem essa falta de personalidade que é o foco da crítica de Ayn Rand ao coletivismo. Além disso, o que a série oferece como exemplo de “individualismo” (a protagonista) passa longe de uma heroína randiana.
Se você for além da mensagem explícita e analisar o que a série condena na prática, vai ver que ela está muito mais próxima daqueles filmes estilo Don’t Worry Darling, The Truman Show ou Barbie, que atacam a estética imaculada dos anos 50 — a suposta artificialidade do American Way of Life, onde tudo seria limpo, novo, todos seriam simpáticos e a sociedade funcionaria com extrema eficiência — versus o quê? Versus a bagunça da “vida real”. Por que a protagonista seria melhor que o resto da humanidade em Pluribus? Porque ela é mal-humorada, desarrumada, antipática, imperfeita etc. É esse contraste que é reforçado ao longo de cada episódio, não o contraste entre uma pessoa intelectualmente independente, virtuosa, e second-handers medíocres, parasitas etc. O “prazer” da série parece ser ficar vendo a protagonista sendo rude com essas pessoas exageradamente agradáveis ao seu redor.
sexta-feira, 14 de novembro de 2025
Update: Faculdade
14/11 — Mais umas pérolas da professora marxista de Psicologia Social, agora mostrando um lado um pouco mais violento...
11/10 — Entrei em uma faculdade de Psicologia neste 2º semestre e apenas como um relato do tipo de coisa que tem sido ensinada pelos professores, vou postar abaixo um trecho da minha aula de Psicologia Social desta semana:
Como um outro professor já admitiu, não existe Psicologia Social que não seja marxista no Brasil. Porém, Psicologia Social não é a única matéria que estou cursando neste semestre. Nas aulas de Solução de Conflitos, por exemplo, o viés marxista é quase tão escancarado. Nesses primeiros dois meses, ouvi falar muito mais de Karl Marx e Paulo Freire do que de Freud e Jung.
Decidi começar a ler por conta própria livros sobre Psicologia e História da Psicologia para tentar absorver um pouco de teoria e me situar melhor no curso, pois o método de ensino é realmente caótico. Não só porque já estão dando no 1º semestre matérias avançadas que pressupõem uma base prévia em Psicologia, deixando todo mundo perdido, mas também porque os professores têm certo desdém pelo método científico e promovem aquela mentalidade pós-moderna de que tudo é relativo, de que não existem verdades absolutas, de que professor e aluno "aprendem juntos" etc.
Eu já sabia que as faculdades tinham esse tipo de agenda política, mas imaginava que seria algo inserido discretamente no meio do ensino da disciplina, que seria o foco principal. Porém, a impressão que estou tendo é quase a oposta: de que a "conscientização política" é o foco principal e, no meio disso, eles ensinam uma ou outra coisa útil para o exercício da profissão.
De uma forma meio distorcida, até que está sendo interessante. Por enquanto, não tenho aprendido muito sobre psicologia em si, mas tenho aprendido algo sobre as instituições e sobre como a cultura ao nosso redor é moldada.
quinta-feira, 13 de novembro de 2025
Predador: Terras Selvagens
Não achei um filme chato de assistir, e a produção é decente (apesar de ter um clima de série do Disney+). O enredo é meio episódico — um daqueles road movies em que os protagonistas só precisam chegar a um determinado local e no meio do caminho enfrentam obstáculos, fazem amizades, sofrem decepções etc. Mas não foi nesse nível que o filme mais me incomodou. Onde ele degrada a franquia é justamente na principal coisa que o Predador original tinha a seu favor — o protagonista e o senso de heroísmo. Ao longo dos anos, fomos ficando tão acostumados com a relativização do bem e do mal no cinema que as pessoas já nem acham estranho ver um filme que nos faz torcer pelo Predador e ficar contra os humanos (daqui a pouco, é capaz de fazerem um remake ambientalista de Jaws, onde o tubarão é a vítima). Aqueles que antes costumavam ser os monstros mais horripilantes e ameaçadores agora são as vítimas incompreendidas. O vilão real, pra variar, são as grandes corporações, a ganância humana, o pai autoritário — tudo aquilo que simbolize o forte, o “opressor”. Torcer por anti-heróis se tornou tão automático para o público que o fato do mocinho aqui ser uma máquina de matar, com um rosto medonho, movido a ódio e vingança, não parece causar nenhuma dissonância cognitiva (o filme, aliás, é lançado no mesmo mês em que Frankenstein também se torna uma vítima da sociedade industrial nas mãos de Guillermo del Toro).





