terça-feira, 15 de julho de 2014

O Enigma Chinês (anotações)

- Interessante o monólogo inicial sobre o personagem não ter propósito na vida (ponto A, ponto B, etc). Faz a gente entender a situação dele e introduz uma discussão sobre felicidade com a qual a plateia pode se relacionar.

- Um pouco forçada a cena no banco de sêmen. Feita pra tirar risadas baratas do público.

- Naturalismo. Personagem é muito comum, sem nada de muito interessante.

- Ele não é escritor? Isso não é um propósito em sua vida? Ele não é pai e deseja criar os filhos? A vida dele não parece ser tão sem rumo assim quanto ele afirma.

- Audrey Tautou é carismática e traz alguns dos melhores momentos do filme.

- Comparação do bordado do Schopenhauer (de que a vida se passa metade do lado certo do bordado e metade do lado de trás) pode até ser válida pra vida, mas na arte, não há por que mostrar o lado de trás. Esse filme é como o bordado do lado errado: só vemos o aspecto bagunçado e pouco atraente das coisas. O interessante é que o protagonista acha reconfortante essa ideia do Schopenhauer - pois isso parece justificar o fato da vida dele ser uma bagunça. Ligando os pontos - assistir a um filme como esse pode ser reconfortante pro espectador que leva uma vida frustrante.

- Xavier acha que a glória da cidade de Nova York é diminuída pelo fato de haver um cruzamento desorganizado em um ponto da cidade - e ele sente prazer nessa pequena descoberta. Ele se sentiria inseguro diante de algo muito grandioso (mesmo uma cidade), portanto ele sente prazer em procurar falhas nas coisas ("se até Nova York é imperfeita, então eu posso ter minhas falhas também").

- Ele acha que o ato banal de cruzar a rua com os filhos é um momento digno de atenção, pois isso também faz parte da infância delas. Ou seja, o filme quer que um momento não-especial seja especial. Quer que uma cidade especial seja não-especial. Quer que o lado errado do bordado tenha tanta relevância quanto o lado certo (!).

- Depois de 1 hora a história começa a cansar (falta um "ponto B" pra trama também, não só pra vida do Xavier). Filme começa a focar em sub-tramas desinteressantes (como a traição da amiga lésbica) que não parecem ter muita relevância (exceto pra mostrar como "a vida é complicada").

- A reação da Audrey quando termina de ler o livro é mais ou menos a minha reação em relação ao filme: a vida do cara não é tão complicada assim. É apenas comum. Ele é que foca nos problemas.

- SPOILER: Não vejo graça na correria no final pra não deixar a amiga ser pega traindo a namorada. Seria melhor que as duas fossem pegas em flagrante! O Xavier está ajudando elas a mentirem.

- SPOILER: Xavier dizia que pra namorar era preciso haver uma "chama" especial - mas no fim, ele decide ficar com a Audrey (por quem ele não parecia sentir essa chama). Outra vez, o filme quer tornar especial o não-especial.

CONCLUSÃO: O filme tem alguns personagens simpáticos e serve como uma reflexão leve sobre a felicidade, mas eu pessoalmente não me identifico com os valores por trás da história.

(Casse-tête chinois / França, EUA, Bélgica / 2013 / Cédric Klapisch)

FILMES PARECIDOS: Bonecas Russas.

NOTA: 5.0

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