(Capítulo 4 do livro Idealismo: Os Princípios Esquecidos do Cinema Americano)
Embora a maioria das pessoas não tenha uma filosofia formada e consciente, todos nós carregamos uma série de valores e julgamentos filosóficos de maneira subconsciente, que formam aquilo que Ayn Rand chamava de “Senso de Vida”.
Essa é uma ferramenta valiosa que ela criou e que vou pegar emprestada aqui para explicar melhor por que as pessoas têm preferências tão diferentes no campo da arte.
Senso de Vida é a soma dos valores fundamentais de um homem, que resulta numa maneira particular de encarar o mundo. É uma avaliação subconsciente que fazemos do ser humano e da existência e que estabelece a natureza das nossas reações emocionais e a “lente” pela qual enxergamos o mundo. Nosso Senso de Vida não vem primeiramente de nossas convicções explícitas, intelectuais; é algo formado subconscientemente, baseado em experiências e julgamentos que acumulamos desde a infância, e que pode estar ou não em harmonia com nossas opiniões conscientes.
Mesmo sem entender nada a respeito de filosofia, ao longo da vida um homem tem que fazer escolhas, formar uma opinião a respeito dele próprio e do mundo ao seu redor, e, dependendo de suas conclusões, ele chegará a um sentimento generalizado em relação à existência — uma emoção básica que estará por baixo de todas as suas experiências.
A importância de entender o que é Senso de Vida é que ele é a principal ferramenta de avaliação das pessoas nas questões do dia a dia. É com base em nosso Senso de Vida que nós escolhemos os nossos amigos, nossos pares românticos, nossas músicas e filmes favoritos. Nós nos sentimos atraídos por coisas que estão em harmonia com nosso Senso de Vida, e repelidos pelas que não estão.
Na medida em que uma pessoa tem controle sobre sua mente, seu Senso de Vida pode ser moldado por ela própria ao longo de sua formação, e chegar à vida adulta em harmonia com suas convicções conscientes. Mas, na maior parte dos casos, o Senso de Vida de uma pessoa é formado por influências aleatórias, osmose cultural, é cheio de contradições e frequentemente está em conflito com suas ideias explícitas. De qualquer forma, ninguém pode evitar de formar um Senso de Vida.
Alguns exemplos de perguntas filosóficas que são essenciais na formação de um Senso de Vida:
— O universo é um lugar governado por leis naturais, estável, lógico, ou é um caos incompreensível para o homem?
— Nossa mente é capaz de compreender a realidade, ou a razão é impotente?
— O homem tem livre-arbítrio, ou suas escolhas e seu caráter são determinados por outros fatores (cultura, genética, classe social, instintos)?
— O homem é capaz de atingir sucesso, felicidade, ou a vida é feita de dor e de tragédia?
— O homem é essencialmente bom, admirável, ou ele é mau e desprezível por natureza?
— As pessoas podem conviver em plena harmonia, ou seus interesses estão necessariamente em conflito?
— Buscar a felicidade é importante, ou evitar a dor é o que realmente importa?
— Um homem deve buscar seus objetivos pessoais e ser feliz, ou deve se sacrificar pelo bem dos outros?
— O homem deve ter ambição, autoestima, sonhar alto, ou não deve se sobressair?
Respostas diferentes às perguntas acima resultarão em pessoas com Sensos de Vida diferentes e irão interferir diretamente em todas as suas escolhas, preferências — incluindo suas preferências artísticas. É importante lembrar que, de um extremo a outro, existem posicionamentos intermediários entre todas essas respostas. Por exemplo, uma pessoa pode sentir que: 1) A felicidade é o estado natural do homem e que conflitos são a exceção; 2) Que a vida é feita de conflitos, mas que eles podem ser superados com grande esforço; 3) Que conflitos não são totalmente superáveis e que a felicidade só pode ser atingida em moderação; 4) Que a vida é trágica por natureza e a felicidade é uma utopia.
Nosso Senso de Vida classifica as coisas de acordo com as emoções que elas evocam. No livro The Romantic Manifesto, Rand cita uma série de exemplos concretos e imagina quais emoções esses exemplos iriam provocar em pessoas com diferentes Sensos de Vida. Por exemplo: “uma nova descoberta, triunfo, um homem heroico, o horizonte de Nova York, cores puras, música extasiante”, ou “as pessoas da casa ao lado, uma rotina familiar, um homem humilde, um vilarejo antigo, uma paisagem nebulosa, cores turvas, música folk”. Para uma pessoa com uma visão mais positiva da vida e do ser humano, os exemplos do primeiro grupo devem provocar admiração, exaltação, um senso de desafio. Os exemplos do segundo grupo devem provocar tédio, desinteresse ou repulsa. Já para uma pessoa com uma visão de mundo mais negativa, as emoções sentidas com os exemplos do primeiro grupo devem ser de medo, culpa, ressentimento. As emoções sentidas com os exemplos do segundo grupo devem ser de alívio, conforto; a segurança de viver em um universo não muito exigente.
O Senso de Vida de uma pessoa é algo que percebemos quase instantaneamente quando entramos em contato com ela, pois envolve tudo a seu respeito: cada pensamento, emoção, gesto, postura, tom de voz, expressão facial, a maneira de se vestir. Numa obra de arte, o Senso de Vida de um artista se expressa através de seu conteúdo e de seu estilo (o que ele decide retratar, e a maneira como ele o retrata). Esses dois aspectos — conteúdo e estilo — podem estar em harmonia ou podem estar em conflito um com o outro, assim como os valores conscientes e subconscientes de uma pessoa podem estar em harmonia ou em conflito.
O conteúdo reflete os valores mais conscientes do artista. Que tipo de mensagem a obra transmite? Que tipo de eventos e pessoas o artista decide retratar? Heróis buscando objetivos nobres? Pessoas comuns sem grandes virtudes? Ou pessoas decadentes e imorais? Essas pessoas são retratadas positivamente (sendo eficazes, vitoriosas) ou negativamente (sendo ineficazes, derrotadas)? Um herói retratado positivamente indica um artista com um Senso de Vida benevolente. Um personagem imoral retratado negativamente também pode indicar um Senso de Vida benevolente, como já foi dito antes. Porém, um herói retratado negativamente ou um personagem imoral retratado com simpatia já sinalizam um Senso de Vida malevolente.
O estilo reflete os valores mais subconscientes (e geralmente mais reveladores e verdadeiros) da obra. Por exemplo: o artista comunica suas ideias de maneira clara, precisa, compreensível? Ou de maneira nebulosa, turva, caótica? A história é dramática, excitante, estruturada? Tem uma direção clara, propósito, clímax? Ou ela é monótona, os eventos são episódicos e não caminham para nenhuma resolução? O artista retrata pessoas admiráveis, atraentes? Ou coloca figuras comuns na tela?
Sensos de Vida são formados pela combinação de inúmeras percepções a respeito da vida, e podem ser extremamente diversificados. Ainda assim, é possível classificar, grosso modo, Sensos de Vida como mais malevolentes e mais benevolentes. Um Senso de Vida malevolente é dominado pelas respostas negativas às questões filosóficas mais fundamentais: a vida é trágica, o universo é caótico, a razão é impotente, o homem é desprezível e está condenado ao sofrimento, nossos interesses estão em conflito etc. Um Senso de Vida benevolente é dominado pelas respostas positivas: a vida é essencialmente boa, o universo é compreensível, o homem é admirável e capaz de atingir seus objetivos, seus interesses não precisam estar em conflito. Como já deve estar claro a esta altura, o Idealismo é essencialmente baseado em um Senso de Vida benevolente.
Qualificar o Senso de Vida não é suficiente para dizer se uma obra de arte é boa ou ruim, mas ao mesmo tempo não há como chegar a critérios estéticos absolutos que não estejam ligados a um Senso de Vida, a certos pré-julgamentos filosóficos. Por exemplo: mesmo méritos como “clareza” ou “coerência”, que parecem qualidades estéticas inquestionáveis, desejáveis em qualquer obra, na verdade já são expressão de um Senso de Vida benevolente: refletem alguém que acredita que o universo é inteligível, que a razão é eficaz, que uma comunicação objetiva entre artista e espectador é possível, que mostrar algo harmonioso e agradável ao espectador é algo desejável. Seria impossível um artista com um Senso de Vida totalmente malevolente, tanto em conteúdo quanto em estilo, realizar uma grande obra de arte, pois se ele realmente acreditasse que o homem é desprezível (o que incluiria ele próprio e também os espectadores), incapaz de atingir seus objetivos, que a comunicação é uma ilusão, ele não teria nem a motivação nem a capacidade para realizar uma obra de arte de valor. Portanto, apenas na medida em que um artista possui um Senso de Vida benevolente, mesmo que de forma inconsciente, é que ele consegue realizar algo de qualidade e valor estético.
Embora o Senso de Vida seja um elemento crucial, outros elementos podem contribuir para determinar as preferências artísticas de uma pessoa — questões como temperamento, contexto cultural. Por exemplo: duas pessoas podem ter Sensos de Vida parecidos, mas operarem intelectualmente em níveis diferentes. Uma pode ter uma capacidade de abstração maior do que a outra, uma inteligência maior do que a outra, uma capacidade maior de atenção, e isso a atrairá a obras mais complexas, que estejam mais em harmonia com seu tipo de funcionamento mental.
A seguir, um exemplo concreto de como um Senso de Vida interfere em nossas preferências artísticas:
POR QUE NÃO GOSTO DE GAME OF THRONES
Game of Thrones, do meu ponto de vista, tem uma visão de mundo conflituosa baseada na ideia de escassez, de que vivemos num universo de poucos recursos e, portanto, que a vida é uma grande batalha entre os homens para ver quem conseguirá o controle desses recursos. É uma ideia bastante defendida tanto pela esquerda quanto pela direita no mundo da política, mas enquanto a esquerda foca o que deve ser feito em relação aos fracos nesse contexto — em como eles tirarão os recursos dos fortes para garantir um mínimo necessário aos menos favorecidos —, aqueles que acreditam ser os fortes (como os personagens de Game of Thrones), já estão mais focados no ato de obter esses recursos e em como irão imperar sobre os fracos quando forem vitoriosos (são pessoas em geral bastante interessadas em táticas de guerra, estratégias etc.). Os dois lados no fim têm a mesma visão conflituosa e pessimista de mundo segundo a qual apenas alguns podem ter sucesso, e por isso os outros deverão ser inevitavelmente sacrificados no processo.
Outra coisa que rejeito aqui é a visão relativista de virtude que costuma acompanhar esse tipo de mentalidade: ser poderoso e vitorioso nesse contexto está totalmente relacionado a superar os outros, derrotar adversários. Essas pessoas são incapazes de pensar em autoestima e virtude de maneira objetiva, independente, baseadas na nossa capacidade de lidarmos com a realidade, de sermos eficazes, produtivos, atingirmos nossa felicidade pessoal. É apenas a derrota do outro que prova sua virtude — a capacidade de dominar, de superar, de ser relativamente melhor no campo de batalha (arrogância e agressividade acabam sendo traços de caráter atraentes para quem pensa assim).
É uma mentalidade que reflete um desejo do imerecido, o desejo de obter valores à custa dos outros, contra a vontade dos outros. Enquanto os fracos (dentro dessa perspectiva) buscam o imerecido motivados por ideias altruístas, dizendo que eles devem ter aquilo que desejam justamente por serem fracos e incapazes, e que sem o sacrifício dos fortes eles não teriam chance — ou seja, os fortes devem dar a eles o que eles querem, mesmo que não queiram fazer isso, pois é uma necessidade —, os fortes já querem que os fracos deem a eles o que querem por terem poder. Como eles são fortes, ricos, têm as melhores táticas, as armas mais potentes, os maiores exércitos, e os fracos dependem deles para sobreviver, então estes devem fazer o que aqueles querem, devem obedecê-los, servi-los, amá-los, respeitá-los, mesmo que não queiram fazer isso.
É a ética da mãe vs. a ética do pai numa dinâmica familiar arcaica: a mãe que quer que o filho faça o que ela quer por um senso de culpa, de dever, por ela ser frágil, desamparada, e que ele o faça mesmo contra sua vontade. E o pai que quer que o filho faça o que ele quer por obediência, por medo, “respeito”, também contra sua vontade.
O maior medo dessas pessoas no fim é o de descobrir o que os outros de fato gostariam de fazer se tivessem opção — medo de lidar com pessoas em plena liberdade, agindo voluntariamente, baseadas em seus reais valores e desejos, pessoas que estão buscando felicidade e não apenas a mera sobrevivência física. Isso ocorre, pois elas sentem no fundo que se todos fossem independentes, livres, e pudessem escolher com quem compartilhar suas riquezas (materiais ou espirituais), elas não teriam a menor chance de obtê-las. Então elas se sentem atraídas por essa visão problemática de mundo segundo a qual os sacrifícios são necessários, as pessoas são dependentes umas das outras e os recursos são escassos: é a única forma de elas sentirem que terão algum poder, que serão vitoriosas, que terão aquilo que elas querem das outras pessoas, pois as vontades reais dos outros não representarão mais uma ameaça, não farão mais parte da equação.
Apenas como um exemplo de como essa visão de mundo é transmitida pela série, observe como é natural no universo de Game of Thrones vermos mulheres que demonstram desprezo por certos homens, não parecem sentir um desejo real, mas ainda assim acabam indo para a cama com eles (só no 1º episódio da 8ª Temporada já me lembro da cena em que Euron consegue persuadir Cersei a fazer sexo com ele, e uma outra cena em que Bronn está na cama com 3 mulheres ao mesmo tempo, aparentemente prostitutas). São cenas comuns essas — personagens que são desprezados no fundo, mas que mesmo assim conseguem fazer os outros agirem da maneira desejada, pois eles têm o poder, e neste universo de conflitos e sacrifícios, as pessoas não têm alternativa a não ser servi-los.
Não quero dizer que todo mundo que gosta da série o faz por esse motivo, ou por compartilhar desses valores, nem estou dizendo que a série é ruim artisticamente só por ter essa característica, mas é por essa lente que Game of Thrones me faz enxergar o mundo toda vez que paro para assistir a um episódio, essa visão da realidade em que o poder acaba sendo o valor mais importante e desejado — poder sobre os outros, poder de coerção —, e esse é o principal motivo para eu não me sentir atraído por ela.
10 comentários:
Olá, Caio! Adorei as fotos que escolheu para seu texto, sei que colocou as pessoas e filmes que admira... Achei que foi o mais interessante que já escreveu aqui na internet. Notei um grande amadurecimento... Sua abordagem foi muito bem discutida e algumas de suas observações, bateu o que penso também. Eu acho que cada um de nós, já nasce com um senso de vida particular, mas no decorrer da vida, ele pode mudar radicalmente.. Exemplo: Van Gogh, em um grande período de sua vida, acreditava piamente em Deus, tanto que suas obras a maioria transmite algo bonito: Estrelas, Campos, Girassol. Mas esse mesmo cara tinha fama de ter vários problemas sociais, mentais, estigma de fracassado. E no final das contas, se suicidou. Agora te pergunto, onde foi parar a fé dele e inspiração? Schopenhauer, John Wilmot, Oscar Wilde, eram pessimistas, sátiros, mas pra mim o que eles pensavam, até hoje é igual. Por que a sociedade é praticamente a mesma coisa... Eu acho que por mais que exista textos, doutrinas e terapeutas nessa vida, nunca vai se chegar ao certo, para o conceito verdadeiro da mente humana. E eu particularmente vivo o meu "Senso de Vida" no hoje, por que o amanhã ninguém sabe.
Oi Tiffany, brigado pelos comentários..! Tb acho essa uma das postagens mais importantes do blog - há anos q sinto a necessidade de definir esse termo aqui.
As fotos que escolhi eram pra ilustrar sensos de vida diferentes.. Peguei alguns exemplos de coisas que gosto pessoalmente, mas outros foram mais pra ilustrar mesmo (como Bob Dylan ou o 8 1/2 do Fellini).
As pessoas podem mudar de senso de vida sim.. Não de um dia pro outro, claro.. mas ao longo de meses ou anos, se elas mudarem de valores e de ideias a respeito da vida.. um bom termometro é música.. pq música é uma expressão muito pura de senso de vida.. não é algo tão consciente.. então quando alguém muda seu senso de vida, isso geralmente se reflete numa mudança de gosto musical também. Bjs.
Olá Caio.
Eu tenho lido muito e procurado conhecer sobre Ayn Rand e suas ideias, aliás foi por vídeos no seu canal do youtube (que me fez conhecer seu blog). Eu venho comentando com um colega meu sobre essa filosofia de Rand e sobre senso de vida. Ele disse que isso era simplesmente experiência. Eu discordei e ele retrucou que era, eu discordo no ponto que experiência seria conhecimento adquirido que difere totalmente da definição de senso de vida. Provavelmente ele não entendeu realmente o que Rand quis dizer. Acredito eu que entendi, eu tenho me identificado demais com as ideias dela e tem me ajudado a superar certos defeitos meus como ser deprimido demais, mas tenho medo de estar fanatizado por isso e também posso estar errado quanto a ideia de senso de vida.
Obrigado pelo seu trabalho de expor as ideias de Rand. Sabe e tão difícil achar material dela.
Abraços.
Oi Dood! Não entendi exatamente o que seu amigo quis dizer.. afirmando q senso de vida seria "experiência".. Acho sempre importante, ao discutir ideias da Ayn Rand com outras pessoas, tentar evitar a terminologia dela e dar preferência pra termos que todos entendem.. Então se eu estivesse falando de senso de vida com alguém.. em vez de "senso de vida" de repente eu falaria em termos de "visão de mundo".. e daí partiria pra tentar explicar como nossa visão de mundo é formada, por que pessoas têm visões de mundo diferentes, o quanto disso está sob nosso controle ou não, e como isso interfere nos nossos gostos, escolhas, critérios, emoções, etc..
Esse lance do fanatismo é normal, pq apesar do objetivismo não falar de deus, etc, ele oferece várias das coisas que as pessoas buscam quando se apegam a religiões.. então tem que tomar cuidado mesmo pra não virar um culto.. eu tenho mais "quilometragem" de objetivismo que vc acho, então depois posso tentar te dar uns toques em relação a isso se precisar.. Valeu, abraço! :)
Realmente, visão de mundo seria mais adequado. Até porque esse conhecido vem de uma realidade diferente da minha: vive em uma comunidade (favela) tem que lidar com o descaso da segurança no local, o poder que a criminalidade exerce e convive com tiros, já eu vivo meio que fora de um meio tão duro de se viver. Pra você ter uma ideia nunca na minha vida fui assaltado, tive minha casa roubada quando eu e minha família estávamos indo para a missa de sétimo dia da minha avó em novembro de 2000.
Agora falando desse colega ele tem gostos culturais um pouco diferentes do que se vê de pessoas desse meio: curte quadrinhos, acredito que conhece mais do que eu, gosta de super heróis etc... Só que temos disparidade de ideias em muitos pontos e que eu diria em que nenhum lado quer dar o braço a torcer mas sem criar um mal estar entre nós.
Por ele ser negro ele tem aquele resquício de em determinados momentos afirmar que sofre preconceito, que a sociedade é preconceituosa. Discutimos diversas vezes sobre isso, eu até brinco e falo que não acho isso tudo e muita coisa vem do Universo Malevolente criado por ele (aí outra vez citando Rand). Uma vez ele me contou sobre a dificuldade de se achar heróis negros na cultura pop na época de criança e que os que existem não seriam épicos como os brancos e tal. Eu respondi que também nunca achei um herói que me representasse fidedignamente, que eu me apegava pelo seu estilo e conjunto de ideias. Apesar de ouvir de algumas pessoas que me comparam com o Clark Kent, a identidade do Superman nunca fui lá muito fã dele.
Outrora quando discutamos intervenção estatal e livre mercado, ele acha ambos ruins só que ele não vê solução pra isso (ou não se interessa). Até falei pra ele conhecer mais sobre Rand e o que ela fala sobre livre mercado (exemplifiquei até com um vídeo no Youtube), mas vejo que nem mudou muito o que ele pensa.
Eu tenho medo de ser chato com esse posicionamento meu, mas é aquilo que se tornou compatível comigo atualmente, ainda mais agora que estou seguindo em frente depois da perda de minha mãe. Conhecer Rand, suas ideias tem sido uma experiência transformadora para mim, quase religiosa mesmo. Tenho medo de me fanatizar, mas quero conhecer mais já peregrinei em livrarias em busca de material impresso (a maioria é em inglês, sorte eu saber o idioma). E eu acho o trabalho daqui fantástico em colocar em português esses conceitos, já que o material dela quase não existe em nosso idioma.
Tem uma frase da própria Ayn Rand que eu considero aplicável na maioria dos casos: "pessoas incapazes de usar a razão. Não discuta, deixe-os sozinhos".
Acho legal trocar ideias com pessoas que pensam diferente.. desde que elas conversem de maneira minimamente honesta, racional.. Com isso a gente passa a conhecer melhor nossas próprias ideias, fortalecemos nossos argumentos, entendemos as objeções comuns a eles, etc. É ruim vc ficar isolado num vácuo com suas convicções, com medo de qualquer coisa externa que possa colocá-las em jogo.. Mas também não fique tentando convencer os outros quando você não vê potencial na pessoa.. são raros os que mudam de filosofia por causa de dados e explicações lógicas.. abs!!
"Senso de Vida" é soma integrada dos valores fundamentais de um homem.
É uma avaliação subconsciente que fazemos do ser humano e da existência, e que estabelece a natureza das nossas reações emocionais e a essência do nosso caráter.
Nosso senso de vida não vem primeiramente de nossas convicções explícitas - é algo formado subconscientemente, baseado em nossas experiências pessoais, e que pode estar ou não em harmonia com nossas opiniões conscientes."
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Comecei a escrever porque cansei dessa filosofia tão subjetiva.
É muita escrita para pouco conteúdo prático.
Esse trecho longo que selecionei quer dizer objetivamente o que?
NADA!
Quais são os valores fundamentais de um homem?
Como fazemos uma avaliação subconsciente disso?
Eu li muitos clássicos mas ... nem sei como dizer isso ... é melhor ilustrar.
Quando alguém vai pescar, por vezes fica horas só na expectativa que algo aconteça, um peixe morda a isca.
Quando você vai na balada fica horas na expectativa que aquela garota especial apareça e aceite ficar com você ... por vezes não consegue nada.
Um jogo de futebol dura 90 minutos você vai na a expectativa que aconteça um gol de preferência do seu time, mas nada é garantido.
Agora posso expor meu pensamento.
Eu li muitos clássicos mas na maior parte do tempo era um tédio, uma encheção de linguiça. (sem generalizações)
Era um trabalho de GARIMPAGEM.
O tédio era recompensado quando eu encontrava o ouro.
Aquele trecho que objetivamente dizia alguma coisa.
Veja bem, não se trata de eu concordar ou discordar, mas encontrar algo que eu possa argumentar.
Exemplo, nesse texto que li, garimpei apenas uma exposição objetiva.
“SENSO DE VIDA BENEVOLENTE É O MELHOR E O QUE ESTÁ MAIS DE ACORDO COM A REALIDADE HUMANA.
Mas o principal propósito dessa postagem não é o de defender o senso de vida benevolente, e sim o de explicar o conceito e como ele interfere nas nossas preferências.”
Sobre isso já escrevi textos bem mais objetivos:
https://terapiadalogica.blogspot.com.br/2013/05/realista-esperancoso.html
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Resumindo, você não consegue absorver conceitos e princípios abstratos... prefere exemplos concretos simplistas e textos teóricos que usam expressões como "caraca" no meio.. Eu discordo. Escreva do seu jeito (que eu acho caótico e superficial) que eu escrevo do meu.
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