sexta-feira, 22 de julho de 2016

A Lenda de Tarzan

NOTAS DA SESSÃO:

- A história começa mal. Por que a tribo mata todo mundo exceto o Christoph Waltz? Por que o líder da tribo acha que o Waltz tem mais capacidade de capturar o Tarzan do que eles próprios? E será que ele daria essa fortuna em diamantes em troca disso?

- Como assim o Tarzan está civilizado, usando terno e falando inglês perfeitamente?? Isso tira toda a graça da história. O filme foi vendido como se fosse a história da lenda de Tarzan, e não isso.

- Os protagonistas são superficiais e não têm o menor carisma ou química - tampouco convencem como pessoas que já viveram na África.

- Os coadjuvantes estão sempre dizendo como o Tarzan é incrível, lendário, só que nós nunca VEMOS por que ele é isso tudo, então não admiramos o personagem. Filmes têm que mostrar, não dizer.

- A primeira meia hora de filme é um monte de cena chata de exposição mal feita. Os personagens não têm nenhum objetivo interessante até serem capturados pelo vilão. E essa cena da captura também é bem mal feita (a maneira como eles deixam o Tarzan escapar e ficam só com a Jane).

- Os personagens estão sempre falando sobre o Tarzan como se dentro do universo do filme ele já fosse uma lenda histórica... Não faz sentido. Ele voltou pra Inglaterra há poucos anos, não deu tempo dele se tornar um lorde civilizado, e nem de se transformar nessa lenda toda. Seria no máximo uma celebridade do momento.

- Os personagens e os diálogos são péssimos e as tentativas de humor nunca funcionam (a Jane provocando o vilão dizendo que o bigode dele está torto, etc).

- A ação também é falsa. O Samuel L. Jackson com essa idade jamais poderia acompanhar o Tarzan nas árvores. Num desenho animado até daria pra deixar passar, mas não num filme que tenta dar um tom mais adulto e político pra história. O Tarzan conseguir derrotar dezenas de soldados armados sozinho no trem também é um absurdo. O colar do vilão que serve como arma também não faz sentido.

- Mal explicado esse conflito entre o chefe dos gorilas e o Tarzan. Eles conviveram esses anos todos na selva e ainda não se entendem? Por que eles tem que ter esse duelo do nada? Isso não serve nenhum propósito na história (exceto mostrar o ator sem camisa).

- Mais ação mal feita. Como a Jane consegue escapar do barco, abrir a jaula do prisioneiro, fugir dos hipopótamos? E por que depois ela fica com medo do gorila? Ela e o Tarzan não deveriam se dar bem com os animais? O pior é o vilão aparecer no meio da selva logo em seguida com dezenas de pessoas. Eles não estavam no barco? Como acharam a Jane? Por que o gorila não o ataca também?

- Péssima a luta entre o Tarzan e o líder da tribo... Os dois "discutindo a relação" no meio da briga. E por que os gorilas salvam o Tarzan no fim? Essa subtrama dos gorilas foi muito mal desenvolvida.

- Diferente de Mogli, que apesar de condenar o lado destrutivo do homem tinha algo de bom a dizer a respeito da civilização, esse aqui vilaniza sem culpa o homem civilizado. No fim o Tarzan chega triunfante com sua manada de gnus e destrói todo o acampamento (ele nem parou pra pensar que a Jane estava ali e poderia ser pisoteada pelos animais).

- O Samuel L. Jackson atira no barco e o barco afunda em questão de segundos?!?! Todo o final é ruim demais pra ser comentado.

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CONCLUSÃO: Visual de bom nível não consegue compensar a falta de carisma dos personagens e o roteiro pavoroso.

The Legend of Tarzan / EUA / 2016 / David Yates

FILMES PARECIDOS: Peter Pan (2015) / Hércules (2014) / Transformers: A Era da Extinção / O Cavaleiro Solitário (2013)

NOTA: 3.5

6 comentários:

Anônimo disse...

Vi um dia desses um making-off do filme no canal da Warner, e o que me incomodou foram os diálogos artificiais, em estilo de 'exercício de metalinguagem', como se quisessem lembrar todo tempo ao espectador que aquilo é um filme, e ironizar a coisa tornando-a mais ainda artificial. Como na cena em que Rom manda que Jane grite, e ela diz "Como um donzela?", e cospe em Rom, que responde: "Não importa, você é Jane, ele é Tarzan. Ele virá". Isso de brincar com cichês se tornou superestimado, e torna a trama muito falsa.
O vilão, Leon Rom, não um personagem de Edgar Rice Burroughs, é inspirado numa figura real, um oficial das forças coloniais belgas com esse mesmo nome, que teve reputação de extrema brutalidade, e que teria servido de modelo para o personagem Kurtz do romance "O Coração das Trevas", de Joseph Conrad, que a maioria das pessoas conhece pelo filme Apocalypse Now, que transferiu a história para o Vietnã.
Apesar de tudo, para mim parecia difícil acreditar que o filme pudesse ser pior que o altamente tedioso e supervalorizado Tarzan da Disney, cuja única coisa boa foi a música de Phil Collins, que ironicamente algumas pessoas não gostam.

Caio Amaral disse...

Realmente esses momentos em que os personagens reconhecem que eles são lendas tornam tudo muito falso.. Não fazia ideia de que o vilão era baseado numa pessoa real, menos ainda na mesma pessoa que o Kurtz de O Coração das Trevas.. até pq o personagem do Christoph Waltz é extremamente caricato e unidimensional.. coisa de desenho animado mesmo, não dá nem pra associar com aquela insanidade do Kurtz do Marlon Brando, rs. Abs!

Anônimo disse...

Talvez só fato de Tarzan ter sido criado por animais já fosse suficiente para que as pessoas o tivessem como uma lenda, porque isso seria considerado um fato extraordinário. Há alguns anos, foi lançado na França o filme "Sobrevivendo com Lobos", sobre a Misha Defonseca, que alegava ser uma judia que passou a infância numa floresta, protegida por uma matilha de lobos, durante a Segunda Guerra Mundial. A história causou um bocado de polêmica e se revelou falsa, agora se sabe que ela não nunca viveu com lobos, não é judia e nem se chama Misha Defonseca.

Caio Amaral disse...

O q soa falso no filme é eles falarem do Tarzan como se ele fosse algo mítico, que as pessoas tivessem visto em filmes, na literatura, uma história com a qual as pessoas foram criadas, parte do universo da ficção.. sendo q não houve tempo pra isso..
Não conhecia essa história da Misha... Ela foi tipo a falsa grávida de Taubaté da época, rss.

Anônimo disse...

O filme tem momentos em que é necessário desenvolver o roteiro para fazer a história andar e nessa hora o filme quebra a expectativa e abre mais uma cena com muitos diálogos. Alguns desses são bons e interessantes, em certo ponto com momento imponentes, mas parecem ser (em sua maioria) superficiais. é evidente que a grande preparação que foi neste filme da Alexander Skarsgard, neste filme, não só no plano físico, porque foi Bajon uma dieta rigorosa, mas com grande esforço para desempenhar o papel de Tarzan. Eu acho que é o melhor remake que poderia ter sido feito.

Caio Amaral disse...

Hmm sinto discordar, mas não consegui ver quase nada de bom nesse filme ou nas performances..