segunda-feira, 15 de agosto de 2016

Um Espião e Meio

NOTAS DA SESSÃO:

- Impressionante esse efeito especial do Dwayne Johnson jovem (e gordo) e do Kevin Hart também. A premissa é divertida, a inversão de papéis que ocorre entre o cara popular e o loser, etc.

- A história é contada de maneira honesta, mas o humor simplesmente não é dos melhores (e em comédias, as risadas são ainda mais importantes que o enredo). Um dos problemas é a química entre os 2 protagonistas. Quando o Dwayne está fazendo o tipo herói destemido e o Kevin Hart sendo o parceiro medroso, o humor flui mais naturalmente... Mas o filme tenta combinar esse tipo de relação com a ideia do Kevin Hart ser o cara seguro e o Dwayne ser o eterno loser do colégio. Essa contradição mina parte da graça das cenas. Não faz sentido o Dwayne ainda agir como loser sendo que ele passou os últimos 20 anos se transformando num cara durão (e conseguindo).

- Outro problema é a mistura de estilos de humor. Às vezes o filme quer ter um humor mais realista, que surge da personalidade dos protagonistas, mas em outros momentos, ele tenta ser uma comédia escrachada onde coisas absurdas acontecem. Por exemplo: quando a agente da CIA dá choques no cara do escritório, ou então quando o Dwayne se disfarça do terapeuta do casal. A partir disso, não dá mais pro filme fingir que a trama policial tem qualquer relevância. É tudo uma desculpa qualquer pra mostrar sketches cômicos (que não têm tanta graça assim por causa da dinâmica entre os atores).

- Não há um desenvolvimento interessante para os personagens. O Kevin Hart começa frustrado com seu lado profissional, e o Dwayne começa frustrado com seu problema de autoestima. A trama policial na qual eles se envolvem não faz muito pra avançar esse aspecto da história (além de ser cheia de clichês e confusa de acompanhar). São 2 progressões desconectadas.

- Todo o clímax no estacionamento e o confronto com o vilão na rua são péssimos. A história está chegando ao final e parece que mal começou (afinal ela não desenvolveu direito o verdadeiro assunto do filme que eram as questões pessoais de Hart e Johnson). Isso ficou pra depois do clímax, num desfecho apressado.

- SPOILER: No fim o Kevin Hart se "transformou" e passou a valorizar o amor da esposa. Por que? Ele não valorizava a esposa antes? Isso nunca foi o conflito do personagem! E sim a questão profissional. A ideia dele entrar pra CIA parece vir do nada. Não sentimos que ele contribuiu tanto assim na missão. E de onde o Dwayne Johnson tirou coragem pra bater no bully no final? Há poucos dias ele estava morrendo de medo do cara (o que não fazia muito sentido). O que mudou desde então pra ele poder fazer esse discurso anti-bullying, vencer todos os seus medos, etc? Esses arcos não têm a menor consistência. São transformações vazias de personagem enfiados na história no final pra dar um senso de que o filme já pode acabar (e dar um tempero politicamente correto pra produção).

- Os "erros" de gravação nos créditos são armados e não têm muita graça.

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CONCLUSÃO: Comédia policial bem intencionada mas fraca tanto no aspecto "comédia" quanto no aspecto "policial".

Central Intelligence / EUA / 2016 / Rawson Marshall Thurber

FILMES PARECIDOS: A Espiã que Sabia de Menos / As Bem-Armadas / As Panteras (2000)

NOTA: 4.5

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