domingo, 23 de julho de 2017

Em Ritmo de Fuga

NOTAS DA SESSÃO:

- Horrível esse começo com o Ansel Elgort dançando no carro enquanto os amigos cometem o assalto (isso nem combina com o personagem, que é tão introvertido que mal abre a boca). O que há de engraçado no fato deles serem criminosos? Não há nenhum contexto que justifique esse humor por enquanto - exceto a noção de que, no cinema, bandidos são automaticamente "cool" por algum motivo.

- A perseguição de carro em seguida é muito bem feita. Ao longo do filme o diretor demonstra bastante estilo, domínio técnico - capricho na edição, nos movimentos de câmera, na integração entre música e imagem, etc. A direção parece o grande destaque do filme.

- Todo o cinismo tira um pouco da minha boa vontade (compromete o pilar da Benevolência). Primeiro o fato do filme glamourizar bandidos. Depois tem o lance da trilha sonora - o uso de músicas antigas alegres em tom sarcástico (como fazem em Guardiões da Galáxia, Perdido em Marte, etc).

- O romance do Baby com a garçonete (Lily James) é bem superficial, não chega a criar um novo interesse dramático. Os personagens não são muito bem desenvolvidos.

- Falta certo conflito na história. Baby está meio que sendo "forçado" a participar dos assaltos, mas ele não parece resistir à situação de nenhuma forma. Não parece ter um grande conflito moral (está até fazendo dinheiro com isso), ou um plano pra se vingar do Kevin Spacey, etc. Ele não tem um objetivo muito forte, apenas obedece o grupo. A história não é motivada por ele. As coisas que acontecem ao longo do filme (toda a trama dos assaltos) não são interessantes pra plateia, pois são apenas um serviço que o protagonista faz de forma apática, não por um desejo pessoal.

- Pelo menos mais pro final do filme ele começa a planejar escapar, o que cria um conflito mais interessante entre ele e os outros do grupo.

- SPOILER: Mas a maneira como ele é "desmascarado" é muito forçada (a história dele estar usando o gravador; depois associarem magicamente que a Debora da fita é a mesma Debora da lanchonete, etc).

- SPOILER: Forçado também o Jon Hamm ser baleado na lanchonete, não morrer, ainda conseguir alcançar o Baby, depois escapar do carro quando cai do prédio... E ele nem era o vilão do filme. Nem havia uma rivalidade pessoal entre ele e o Baby que dê intensidade e sentido pra esse confronto épico no fim (o Jamie Foxx e o Kevin Spacey eram muito mais inimigos do que ele).

- SPOILER: Baby rouba uma série de carros, assassina o Jamie Foxx, destrói um monte de propriedade... E ainda é pra acharmos que ele é um cara inocente que apenas se meteu numa confusão sem querer. Que bom que pelo menos ele vai preso no fim pra dar uma equilibrada na ética do filme.

------------------

CONCLUSÃO: Filme ágil, bem editado, filmado, etc, mas que está mais preocupado em parecer "cool" do que em provocar emoções verdadeiras ou contar uma história interessante.

Baby Driver / Reino Unido, EUA / 2017 / Edgar Wright

FILMES PARECIDOS: Dois Cara Legais (2016) / Scott Pilgrim Contra o Mundo (2010) / Beijos e Tiros (2005) / Pulp Fiction: Tempo de Violência (1994)

NOTA: 6.0

2 comentários:

Cittadin disse...

Baby diz que sua música “matadora” é “Brighton Rock”, do Queen (que toca também no confronto final). A canção é baseada no livro homônimo de Graham Greene, que conta a história de Pinkie, um adolescente que faz parte de uma gangue. Ele tenta encobrir seus rastros de crimes e se apaixona por Rose, uma moça que trabalha como garçonete em uma lanchonete. Parece familiar? Então não venha dizer que associar a Debora da fita com a da lanchonete é mágica.

Caio Amaral disse...

Rsss... não entendi como isso torna crível a cena em que os bandidos ouvem "Debora" na fita e automaticamente concluem que só pode ser a Debora da lanchonete...