segunda-feira, 5 de julho de 2021

A Guerra do Amanhã

Chris Pratt é um dos poucos atores com real "star quality" que ganharam fama na última década, e embora eu não goste sempre de seus filmes, quando ele é o protagonista, pra mim isso geralmente é um sinal de que o filme está na direção certa, que pelo menos vai tentar colocar um herói divertido e admirável no centro da história (em vez de um anti-herói ou um personagem de caráter duvidoso, que é o mais comum hoje). A história de A Guerra do Amanhã lembra diversos filmes como Independence Day, Aliens — O Resgate, O Enigma de Outro Mundo, mas tem alguns elementos originais que o tornam mais que uma mera reciclagem de velhas ideias: há algum esforço para se criar um universo próprio, como no design dos monstros, ou na própria premissa da convocação para uma guerra no futuro. E o filme de fato tem um tom mais Idealista que a maioria das ficções recentes sobre o fim do mundo — temos até uma exaltação da ciência e de cientistas, que remete aos blockbusters pré-1999 (um ponto fraco do filme, nesse aspecto, são as relações desnecessariamente dramáticas e conflituosas entre familiares, que destoam do tom geral da produção). 

Mas boas intenções ainda não garantem um bom filme, e o grande problema aqui é a falta de sofisticação e inteligência do roteiro, que não consegue tornar a trama completamente crível (as estratégias do governo e dos personagens para combater os aliens parecem sempre burras e inconsistentes), e o filme também não lida muito bem com os problemas inerentes a tramas sobre viagem no tempo, que exigem um cuidado especial no estabelecimento de regras, na simplificação da narrativa, para que o espectador não se sinta confuso e cético em relação aos acontecimentos. Me lembrou um pouco Destruição Final: O Último Refúgio (2020) — uma diversão razoável que, apesar de ainda estar longe da qualidade de suas referências, pelo menos tenta honrá-las em espírito.

The Tomorrow War / 2021 / Chris McKay

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