quinta-feira, 6 de janeiro de 2022

A Filha Perdida

Primeiro longa dirigido pela atriz Maggie Gyllenhaal, sobre uma professora (Olivia Colman) de férias numa praia da Grécia, que ao conhecer uma mulher mais jovem e sua filha, começa a lidar com memórias difíceis de seu próprio passado como mãe. É um desses filmes sem trama, cujo foco é o estudo de personagem — acompanhamos a protagonista em uma série de situações cotidianas, conhecendo pessoas novas, se envolvendo em pequenos conflitos, enquanto informações sobre seu passado vão sendo reveladas aos poucos via flashbacks. Pra que esse tipo de filme não seja tedioso, ou o objeto de estudo precisa ser realmente fascinante, ou o filme precisa ter muita profundidade, muita sensibilidade psicológica, pra que a análise em si seja rica, independentemente dos atrativos do personagem. A Filha Perdida não tem nem uma coisa, nem outra. O filme parece ansioso pra soar maduro, complexo, mas há algo de fajuto em seu núcleo. Os personagens estão sempre agindo de maneira estranha, tendo reações antinaturais, autodestrutivas, e é através desses toques de excentricidade e de malevolência que ele ganha um ar de "complexidade", não através de real substância. Um dos grandes propósitos da história, por exemplo, é o de ir contra a idealização da maternidade: mostrar que mães erram, traem, são seres sexuais, contraditórios, podem desprezar os próprios filhos e até fantasiar abandoná-los. É com esse tipo de "desconstrução" que o filme busca sua relevância; mas quando você para pra analisar os diálogos, as caracterizações, os eventos do roteiro, não há nada de realmente sensível ou inteligente sendo apresentado. Talvez sirva como terapia para mães atormentadas por seus erros e imperfeições, e que enxergarão em Leda algum tipo de conforto. Mas pra mim, pareceu um filme de estudante pretensioso tentando se passar por cinema europeu. Olivia Colman é a única coisa que se salva, mas ela empresta ao filme uma respeitabilidade que ele não merece.

The Lost Daughter / 2021 / Maggie Gyllenhaal

Nível de Satisfação: 3

Categoria D/F: Naturalismo / toques de Anti-Idealismo

Filmes Parecidos: Nomadland (2020) / Nunca, Raramente, Às Vezes, Sempre (2020) / Tully (2018) / Pedaços de uma Mulher (2020) / Me Chame pelo Seu Nome (2017) / A Liberdade é Azul (1993)

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