Gravado inteiramente em estúdio e em preto e branco, este primeiro filme de Joel Coen sem o irmão Ethan é marcado por uma fotografia estilizada, essencialista, que honra a teatralidade do material. É preciso gostar de Shakespeare e ter certa familiaridade com a peça pra aproveitar melhor a história, pois o texto não foi modernizado, o que torna os diálogos e a trama difíceis de acompanhar. Há quem veja isso como mérito, mas pra mim é uma falha estética e um sinal de desconsideração pelo espectador. Cinema é uma arte primeiramente visual, e histórias que dependem demais de texto para funcionar já costumam me distanciar mesmo quando os diálogos são perfeitamente compreensíveis. Além disso, a verdade é que mesmo uma versão modernizada de Macbeth dificilmente me agradaria totalmente, pela simples natureza da trama. No texto "
As 5 Histórias Idealistas" eu discuto como é possível transformar uma história trágica, sobre personagens falhos, em uma experiência satisfatória para o espectador — algo que Kurosawa fez bem em algumas de suas adaptações, mas que não foi uma grande prioridade de Joel Coen. Há muito o que admirar tecnicamente em
A Tragédia de Macbeth, desde o visual meticuloso ao contorcionismo impressionante de Kathryn Hunter no papel das bruxas, mas se o que você busca no cinema é se conectar com os personagens, se envolver no drama, sentir qualquer tipo de emoção positiva, este filme não foi feito com você em mente.
The Tragedy of Macbeth / 2021 / Joel Coen
Nível de Satisfação: 4
Categoria D: Não Idealismo (filme de autor / exercício de estilo)
Filmes Parecidos: Macbeth - Reinado de Sangue (1948) / Otelo (1951) / Macbeth: Ambição e Guerra (2015) / Aurora (1927) / O Martírio de Joana D'Arc (1928)
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