domingo, 24 de abril de 2022

Cidade Perdida | Crítica

Cidade Perdida poster oficialComédia de aventura onde Sandra Bullock interpreta uma escritora de romances que é raptada e levada para a selva por um bilionário (Daniel Radcliffe) que acredita que ela seja a única pessoa capaz de encontrar um tesouro em uma cidade antiga recém descoberta por ele.

Assim como O Projeto Adam (2022) reciclou elementos de O Exterminador do Futuro (1984) / De Volta para o Futuro (1985), e os apresentou sob a forma de comédia, Cidade Perdida faz o mesmo com Os Caçadores da Arca Perdida (1981) / Tudo por uma Esmeralda (1984) — mais ou menos como Alerta Vermelho (2021) fez recentemente também

Como já disse algumas vezes, tenho certos problemas com filmes que são essencialmente aventuras, mas que são transformados em comédias simplesmente pelo fato dos personagens falarem e agirem de forma atrapalhada. É sinal do Idealismo Corrompido da atualidade que aventuras escapistas como essas sejam apresentadas como comédias, algo a não ser levado a sério. Vale lembrar que os filmes dos anos 80 que citei têm bastante humor também. A diferença é que havia seriedade e inteligência o bastante — tanto nos personagens, quanto na ação e na construção das tramas — pra que você acreditasse nas coisas que estavam acontecendo. O humor vinha como um tempero, mas não era o prato principal ou a única coisa sendo servida. Em Cidade Perdida, tudo é apresentado como uma palhaçada, algo assumidamente cômico e fantasioso, então não é possível acreditar na história — começando pela ideia de Bullock ser uma mulher séria, que prioriza o intelecto (que deveria ser o extremo oposto de Tatum), sendo que sua caracterização está mais pra uma Miss Simpatia, e é ela própria que escreve os romances baratos pelos quais é conhecida.

Nada contra comédias, o problema é quando o filme fica em cima do muro e às vezes quer agir como se fosse uma aventura real — mostra paisagens fantásticas, atos heroicos, romance, e subitamente adquire um tom mais dramático, emocionante, como se a plateia fosse ficar comovida ou excitada pela ação. É como se ele usasse um lado do "muro" como pretexto pra não se comprometer com o outro... O lado "aventura" não precisa ser tão sério e eficaz, pois o filme tem a desculpa de ser só uma comédia (a trama não precisa ser tão convincente, original, a ação não precisa fazer muito sentido, tudo pode ficar na superfície, sem suspense, tensão...), e ao mesmo tempo, o lado "comédia" não precisa ser tão elaborado assim, afinal ele tem a desculpa de estar seguindo a narrativa de uma aventura (há trapalhadas a todo momento, mas o filme não cria set pieces icônicos como uma boa comédia, não escala humoristas de fato pra protagonizar a história, figuras realmente contrastantes e incompatíveis, e sim atores que poderiam muito bem estar interpretando heróis de verdade). O resultado é um filme legalzinho, bem produzido, que distrai, faz rir em alguns momentos (até pelo carisma do elenco, que é bom) mas nunca passa disso.

The Lost City / 2022 / Aaron Nee, Adam Nee

Satisfação: 5

Categoria B/C: Idealismo de nível artístico mediano, misturado com elementos Corrompidos (humor e despretensão comprometendo o Idealismo da história)

Filmes Parecidos: Alerta Vermelho (2021) / Sonic 2: O Filme (2022) / Jumanji: Bem-Vindo à Selva (2017) / A Espiã Que Sabia de Menos (2015)

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