sábado, 9 de abril de 2022

Morbius | Crítica

(Os comentários a seguir foram baseados nas anotações feitas durante a sessão.)

- Quando o filme mostra o Morbius criança no hospital, há toda uma ênfase no fato dele ser doente, sofrer bullying — no lado loser do personagem — que é aquele toque obrigatório de Idealismo Corrompido. Mas não é algo presente o filme todo.

- Em termos de fotografia, direção, o filme parece dentro dos padrões da Marvel. O primeiro grande problema que eu vejo (e que pode explicar a má recepção do filme) é Jared Leto como protagonista. Pra mim ele se tornou uma dessas figuras em Hollywood que, quando surgem na tela, fazem qualquer coisa parecer meio flopada, sem credibilidade, tipo o Nicolas Cage até uns anos atrás. Não acho ele um ator forte, ele não tem perfil de super-herói, e menos ainda de um cientista genial (só pra jogar uma polêmica: há estudos que indicam que rostos com olhos mais próximos — tipo os do Will Ferrell — passam uma impressão de baixa inteligência).

- A história em si eu até acho interessante: a busca pela cura, os testes com a saliva de morcego, etc. Comparando com Batman (2022) que foi aclamado, Morbius tem uma trama bem mais sólida, melhor contada. Me lembra A Mosca (1986) em alguns momentos, mas mais fraco e sem um protagonista à altura.

- O filme não estava muito promissor, mas até agora tinha salvação. Só que daí vem a cena que torna essa má impressão irreversível: a primeira transformação de Leto na criatura. Acontece tudo muito rápido (ele aparecendo no teto), e de uma hora pra outra o filme parece virar um terror B (lembrei da cena bizarra de luta do final de Maligno). O momento Matrix dele desviando das balas é particularmente idiota. Sem falar que o Morbius é muito feio, e não no bom sentido (já que um monstro é pra ser feio), e sim que o design é estranho... A criatura fica meio ridícula (lembrei do "sósia" do Michael Jackson em Todo Mundo em Pânico 3). Podia ser mais como o Venom, ou como o Spawn (1997), que têm uma aparência grotesca, mas ainda com um visual imponente etc. São coisas meio subjetivas, mas que fazem diferença - basta lembrar do Sonic antes e depois da polêmica do trailer; não houve nenhuma mudança tão extrema, mas o primeiro incomodava, e o segundo funcionou.

- Morbius vai de um cara frágil, doente, pra um monstro horrível, igualmente doente em alguns aspectos (apesar da força física). É o tipo de super-poder que vem mais como uma maldição... Não é um fator que costuma incomodar o público geral, mas eu como espectador não tenho vontade de ser o Morbius, de passar pelo que ele passa (é um pouco como o Hulk, mas ainda menos divertido). Prefiro histórias onde a transformação é pra algo atraente, vantajoso (ou então que vire um conto de horror mesmo, como A Mosca).

- Há momentos legaizinhos na trama (SPOILER): quando há a surpresa de que o amigo Milo tomou o soro também; ou quando Morbius vai descobrindo novos poderes (voar, etc.). Nada é muito bem feito ou original, mas pelo menos o filme é baseado num roteiro honesto, que está tentando contar uma história coerente.

- Não sei por que saem sempre essas fumacinhas coloridas dos personagens quando eles correm/pulam. É um efeito especial genérico, sem sentido, que daqui uns anos parecerá datado.

- O ator que faz o vilão (Milo) também fica estranho quando vira monstro (a cena ridícula dele dançando no banheiro, por exemplo).

- O confronto final entre os dois até que não é ruim (Morbius controlando os morcegos, etc.). As partes envolvendo a Martine Bancroft não têm muita graça, pois o romance entre os dois nunca colou.

CONCLUSÃO: Pra mim o maior problema do filme é o fato do herói (ou do anti-herói, sei lá) não ter ficado cool/sexy/foda como os fãs gostariam. Isso tira pontos do filme sim, afinal acho que o protagonista tem sempre um peso enorme no resultado final de um filme, porém pra mim não destrói o filme inteiro, pois eu coloco na balança outros elementos, como roteiro, direção, etc. Mas como disse na crítica de Batman (2022), muita gente hoje parece só ligar pra essa impressão superficial dos filmes... se a produção tiver um visual cool, se o herói estiver "arrasando" na tela, é nota 10. Se não, é nota 0. Outras questões cinematográficas quase sempre são ignoradas.

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Morbius / 2022 / Daniel Espinosa

Satisfação: 4

Categoria B/C: Idealismo com pouca qualidade artística/cinematográfica (e uns toques de I.C.)

Filmes Parecidos: Venom (2018) / Quarteto Fantástico (2015)

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