quarta-feira, 14 de dezembro de 2022

RRR: Revolta, Rebelião, Revolução

Já tinha tentado ver o filme uns meses atrás, mas minha paciência só durou 1 hora (faltavam mais 2 pro filme acabar). Como a produção vem ganhando algum destaque agora na temporada de prêmios, resolvi tentar ver até o final. Consegui, em mais duas etapas, mas ainda com muita preguiça e achando tudo com clima de novela da Record. O filme consegue fazer pela masculinidade o mesmo que 365 Dias faz pela feminilidade — nos mostra uma faceta tão primitiva e infantilizada do gênero que você começa a se perguntar se tem alguma aversão subconsciente a homens/mulheres enquanto tais, não apenas à visão do filme. Certamente as cenas de ação são incrivelmente trabalhosas, espetaculares visualmente (o que não é sinônimo de boa fotografia/bons efeitos especiais — mas merecem um destaque). Mas depois de 5 cenas onde um indiano voa pelos ares, dá um mortal triplo, monta num tigre, metralha um exército de ingleses, e cai no chão sem errar ou levar 1 tiro, as outras 50 cenas do tipo que seguem acabam perdendo um pouco do impacto. O mindset de delírio de grandeza misturado com desprezo pela realidade que o filme celebra faz a saga Velozes e Furiosos parecer comedida em comparação. Sem falar nos sentimentos de nacionalismo, de "revolução dos oprimidos", nos ideais de auto-sacrifício / altruísmo / coletivismo imbuídos na trama (surpreendentemente cristãos pra uma cultura que tem outras origens), que tornam tudo dramático e impedem uma leitura mais benevolente e despretensiosa do filme (algo na linha Sharknado) de que tudo não passaria de uma grande piada.

RRR (Rise Roar Revolt) / 2022 / S.S. Rajamouli

Satisfação: 3

Categoria: IC

Filmes Parecidos: Velozes & Furiosos 9 (2021) / John Wick 3: Parabellum (2019) / Transformers: A Era da Extinção (2014)

2 comentários:

Korvoloco Aspicientis disse...

Normalmente esses filmes indianos exigem uma descrença da realidade gigantesca mesmo.
Eu fui ver RRR por conta de seu sucesso e até fiquei animado no começo do filme, naquela parte onde um guarda sozinho entra na multidão pra pegar um home e trazê-lo pra dentro do quartel.
Achei um exagero, mas nada assim tããão impossível, que desafiasse as leis da física de um modo tão extremo como acontece mais ao longo do filme.
Sem falar que não entendo esse costume dos indianos de misturarem filmes de ação com musicais e danças coreografadas. Pra mim isso perde totalmente o foco da trama (me referindo a outras produções de ação da Índia que eu já assisti). É algo da cultura deles, e até compreendo, mas eu não consigo me adaptar a isso.
E o fato dele ser longo demais é outro ponto negativo.

Caio Amaral disse...

É, por uma meia hora até que eu estava achando divertido.. mas as 3 horas tornam desagradável algo que seria até uma distração aceitável se durasse só 1h30.. tipo sequências de Transformers, rs. As danças realmente ficam totalmente absurdas no meio da história.. o cara cantando enquanto é torturado, etc. É esse tipo de idiossincrasia cultural que me parece impedir o cinema da India de ser mais consumido no resto do mundo. abs!