sábado, 14 de setembro de 2024

Cultura - Setembro 2024

14/9 - Filmes Conservadores

Entre as tendências que continuam numa crescente no cinema, dá para incluir essa onda de filmes voltados especificamente para o público cristão-conservador, que não tinham tanto destaque até uns 3, 4 anos atrás. Entre as maiores bilheterias dessa semana, temos 4 filmes desse tipo (que costumam ser artisticamente precários, produzidos fora do sistema, e movidos pela “mensagem”): Am I Racist? (o novo documentário do Matt Walsh, de What Is a Woman?), Reagan (uma cinebiografia do Ronald Reagan), The Forge (do diretor/pastor Alex Kendrick) e o 5º filme da série Deus Não Está Morto.

É um sinal negativo de que o declínio da era “woke” não está incentivando uma nova onda Idealista, apenas uma revanche “anti-woke”.



terça-feira, 10 de setembro de 2024

Setembro 2024 - outros filmes vistos

Silvio (2024 / Marcelo Antunez)

O que eu mais tenho aprendido vendo filmes brasileiros ultimamente é a apreciar a competência que existe por trás até de produções medianas dos EUA; qualidades que passam despercebidas, pois achamos que aquilo é o “normal” do cinema, algo automático, mas que na verdade já são reflexo de inúmeros cuidados. Em Silvio, os problemas começam no roteiro, que decide contar a história de Silvio Santos via flashbacks, usando o sequestro como moldura narrativa. Isso não funciona, primeiro porque não faz sentido Silvio começar a narrar sua história para um sequestrador naquela situação, o que torna todos os flashbacks artificiais. Depois, porque não há motivo para o Silvio ficar refletindo profundamente sobre sua vida, como se o sequestro tivesse algo a ver com sua trajetória, com escolhas que fez no passado. O sequestro no fim é um incidente aleatório que não tem relação alguma com a vida pessoal de Silvio Santos. Dramaticamente, faria mais sentido se víssemos flashbacks da vida do sequestrador ao longo do filme. É ele quem precisa tomar decisões importantes na trama, repensar seus valores, agir. Outro problema é que o sequestro não é particularmente dramático; não há desdobramentos interessantes, reviravoltas, um contexto cultural/político maior, e o desfecho é particularmente tedioso. Fica a impressão de que o sequestro foi usado como moldura só pra baratear a produção, já que desta forma, a biografia se passa na maior parte do tempo dentro de uma casa moderna, e as reconstituições mais elaboradas de época são reduzidas a umas poucas cenas. Além disso, o foco no sequestro dá ao filme aquele ingrediente indispensável do cinema nacional: bandidos e policiais falando palavrão e trocando tiros. Qualquer história que você queira contar aqui, parece que basta você passá-la pelo filtro Cidade de Deus / Tropa de Elite que o filme se torna automaticamente mais “comercial” (pelo menos na cabeça dos produtores). 

Tudo isso passaria batido pro público se a execução do filme fosse de primeira: se o casting fosse excelente, se a maquiagem convencesse, se o som e a fotografia tivessem num padrão internacional de qualidade. Mas o filme desliza em todos esses aspectos mais concretos também, especialmente na representação do Silvio Santos, que não lembra nem em aparência e nem em personalidade o apresentador alegre e visionário que todos conhecemos tão bem.

Satisfação: 2 (Idealismo Corrompido)



Rebel Ridge (2024 / Jeremy Saulnier)

Quando não gosto de um filme, é geralmente por eu achá-lo ruim esteticamente, ou então por achar a história mal intencionada, os heróis detestáveis, etc. O caso de Rebel Ridge é diferente, pois não só o filme é bem feito, como tinha tudo pra ser um suspense empolgante, uma versão mais Idealista de histórias de vigilante tipo John Wick — e o que o estraga é só uma questão de ênfase. A trama se encaixa na História Idealista #4 — a do personagem gostável que sofre uma injustiça e parte para corrigir a situação. Só que apesar do filme não relativizar bem e mal, e de parecer estar caminhando para um final feliz, o sentimento-chave de Rebel Ridge acaba sendo o de raiva, de indignação moral, pois os vilões são tão corruptos, odiosos (e realistas, o que é pior), e o filme cria tantas complicações e contratempos para o herói, que 1 hora filme adentro sua corrente sanguínea já está tão inundada de cortisol que nem uma vingança à la Dogville poderia te fazer sair feliz da sessão. É um ótimo lembrete de que o cinema deve ser tanto sobre a jornada quanto sobre o destino.

Satisfação: 2 (Idealismo Corrompido)

sexta-feira, 6 de setembro de 2024

Os Fantasmas Ainda se Divertem - Beetlejuice Beetlejuice

“MacArthur Park” e “Tragedy” estão entre minhas músicas disco favoritas, mas até eu achei que o Tim Burton se empolgou demais nos needle drops em Beetlejuice Beetlejuice, que estão entre as poucas sequências do filme que não funcionam tão bem — um pouco pela seleção das músicas (algo mais excêntrico, menos pop, teria casado melhor com o espírito anárquico da produção) mas também porque o roteiro não cria um pretexto narrativo pra essas sequências, que acabam soando meio gratuitas (a piada com o programa Soul Train já achei engraçada, pois tem uma conexão com a cena).

O roteiro no fim é o aspecto mais frágil do filme. Não por ser genérico, sem criatividade, mas porque falta uma direção para a trama, que fica saltando entre diversas gags, narrativas paralelas e demora demais para definir um conflito central. Ainda assim, o filme entretém porque ele é surpreendentemente rico em ideias originais, sacadas cômicas, além do elenco todo estar muito bem. Até os representantes Gen Z da história estão menos irritantes que de costume, pois em vez de jovens aborrecidos e superficiais, aqui temos jovens aborrecidos e altamente cultos, inteligentes, o que já é um avanço.

Fiquei bastante impressionado com a qualidade geral da produção. É daquelas raras estreias que te dão a sensação de estar vendo um filme real, feito com o mesmo nível de energia e profissionalismo que se via nos tempos áureos de Hollywood (senti algo parecido em O Retorno de Mary PoppinsTop Gun: Maverick, mas em pouquíssimas outras sequências dessas que tiveram um longo intervalo no meio). O fato de Winona Ryder estar com uma ótima aparência, e de idade não ser uma questão também para o personagem do Michael Keaton, aumenta ainda mais essa ilusão de que 1988 não foi há tanto tempo assim — que a magia do cinema talvez nunca tenha morrido de fato, é só uma questão de alguém querer ressuscitá-la. Os efeitos práticos também estão excelentes e servem como argumento a favor dessa nova onda anti-CGI.

Podia ter sido melhor se tivesse uma trama mais focada, um conflito central mais sólido, mas ainda assim, é um retorno à forma para o Tim Burton (nunca fui um grande entusiasta dos filmes dele ou do próprio Beetlejuice original, então “7” não é uma decepção), e é mais uma prova que 2024 é o ano em que a diversão está tentando fazer um comeback no cinema. 

Beetlejuice Beetlejuice / 2024 / Tim Burton

Satisfação: 7

Categoria: I

Filmes Parecidos: Wandinha (2022–) / Abracadabra 2 (2022)

quinta-feira, 5 de setembro de 2024

Han Solo e Leia: Quase Corrompidos

É uma pena que eu ainda não tivesse visto o documentário Império dos Sonhos: A História da Trilogia Star Wars (2004) quando fiz o vídeo sobre The Acolyte, pois ele contém uma ilustração excelente da questão dos relacionamentos conflituosos e das expressões faciais que discuto no vídeo. O documentário mostra que O Império Contra-Ataca quase teve uma cena entre Han Solo e Leia que teria um clima mais cínico e pessimista como o das produções atuais. A cena chegou a ser filmada, mas na edição os produtores sentiram que havia algo de errado, e resolveram refilmá-la.

Os comentários do Gary Kurtz (produtor) no vídeo abaixo sugerem que os cineastas não tinham uma compreensão muito clara de qual era o problema da cena. Ele diz que a atitude dos atores parecia “óbvia demais”, e que depois eles refilmaram a cena de forma “mais sutil”, o que não tem nada a ver com o real problema. O que eles estavam fazendo, sem saber, era “descorromper” a cena e alinhá-la de volta com o Idealismo, dando aos personagens uma aura de benevolência e pureza de caráter. Ainda assim, intuitivamente, eles perceberam que a cena destoava do resto do filme, e fizeram os ajustes certos.

Na cena deletada, Han Solo começa fazendo um comentário meio hostil e cínico sobre o jeito de Leia se vestir, ofendendo a feminilidade dela. Depois vemos ela olhando pra ele em silêncio, desconfiada. No diálogo sobre Lando, há uma clara desarmonia entre os dois. Enquanto conversam, Han Solo avança pra cima de Leia, tentando beijá-la, e ela vira a cara. Mas no fim, ela acaba o beijando mesmo assim, apesar deles não terem resolvido o conflito de fato, o que torna o beijo meio sujo e melancólico.


Contraste isso com a cena regravada. A discussão quando Han Solo entra na sala já é muito mais leve — a voz exaltada, mais veloz e teatral, cria a impressão de um atrito não-sério desses de comédias românticas clássicas, onde a dupla obviamente se gosta e o desentendimento é superficial. O beijo na testa apenas confirma isso, quebrando qualquer senso de hostilidade. O diálogo depois também é mais amigável, o que se reflete nas expressões faciais. Ainda existe um conflito, mas não há mais o toque malevolente. Han Solo parecer triste e abaixar a cabeça no final, quando Leia fala sobre ele querer partir, revela um anseio por união, por harmonia, que faz a gente torcer para que eles fiquem juntos — algo bem diferente da aceitação do conflito e da incompatibilidade que o beijo da outra cena comunicava.

(No vídeo acima eles editaram a parte do beijo na testa, no clipe abaixo dá pra ver a cena final completa.)

terça-feira, 3 de setembro de 2024

Problemas do Objetivismo #11 - O Homem Comum Como Racional

Já abordei este tópico da "natureza humana vs. a implementação do Objetivismo" na postagem #8, mas enquanto lá eu estava focando mais no lado da implementação das ideias, aqui eu queria elaborar melhor a questão da natureza humana.

No Objetivismo, acredita-se piamente no livre arbítrio e na capacidade do ser humano de pensar e agir racionalmente (e, consequentemente, no potencial de todo homem de se tornar um indivíduo independente, produtivo, que vive em sociedade sem violar os direitos de outras pessoas). Ainda que objetivistas reconheçam que a maioria dos homens não faz um bom uso dessa capacidade, eles ainda acreditam que todo ser humano poderia atingir este potencial se ele realmente quisesse (exceto no caso de pessoas com graves deficiências, que são uma pequena minoria).

Eu não concordo 100% com essa posição, e pra desenvolver essa ideia eu provavelmente teria que escrever um livro, o que não é minha intenção. Mas vou tentar fazer um resumo simplificado da ideia, já que ela está na base de algumas das principais divergências que eu tenho com o movimento objetivista "ortodoxo".

Assim como Rand, eu acredito no livre-arbítrio. A diferença é que eu não acredito que ele existe plenamente, no mesmo grau, em toda a espécie humana. Pra mim, o livre-arbítrio, assim como a inteligência e a racionalidade, parece existir em um espectro entre os homens — como se sua origem fosse um "órgão" relativamente novo no processo evolutivo da humanidade, que não tivesse sido 100% consolidado na espécie, como os pulmões e os olhos. Cada pessoa, portanto, nasce com um certo potencial intelectual, e ela até tem algum controle sobre este potencial, mas não um controle irrestrito. A elasticidade deste potencial parece existir também em um espectro: quanto maior o potencial intelectual com o qual a pessoa nasce, maior a elasticidade e a capacidade dela se auto programar na vida adulta para ampliar sua inteligência e o escopo do seu livre-arbítrio. Quanto menor o potencial inicial, menor a elasticidade e menor essa capacidade de "auto programação". Alguns homens, portanto, seriam menos limitados por seus instintos primitivos (que governam todos os outros animais) e mais capazes de viver conforme a razão e o livre-arbítrio, e outros seriam mais ligados aos seus instintos primitivos, e menos capazes de viver racionalmente. E, pra mim, os mais capazes de viver racionalmente (ou seja, não dominados por seus instintos primitivos, como aqueles descritos na teoria do Dabrowksi) estão em minoria, não em maioria como alguns objetivistas sugerem.

Ou seja, o homem não seria tanto o "animal racional", mas o animal "potencialmente racional" ou "parcialmente racional". E o Objetivismo não seria "uma filosofia para viver na Terra", mas "uma filosofia para as minorias mais racionais viverem na Terra".

O Objetivismo baseia toda sua teoria política no fato do homem ser racional e ter livre-arbítrio. Por isso há um certo receio em questionar este ponto, afinal, se o homem não for racional, isso poderia colocar a filosofia em xeque e abrir a porta para todo tipo de autoritarismo, para ideias nietzschianas / platônicas sobre como as massas ignorantes devem ser comandadas por uma elite iluminada, etc.

Mas eu não acho que esta visão espectral da racionalidade coloca em xeque os princípios básicos do Objetivismo, nem mesmo na política. Continuo achando válidos os conceitos de direitos individuais, de igualdade perante à lei, de governo limitado, etc. Se, em vez de uma minoria, a maioria dos homens tiver tendências irracionais, a função do governo de proteger direitos individuais não muda em essência — a diferença está mais no tamanho do governo, na quantidade de "policiais" necessários para impedir os trapaceiros, os criminosos, que seriam mais numerosos do que gostaríamos nesse caso.

O Objetivismo diz que o conceito de direitos individuais só é aplicável a seres racionais — por isso Rand não defendia a autonomia absoluta de menores de idade, de fetos, de animais, etc. Portanto, mesmo que a maioria dos homens se prove irracional por natureza, isso não quer dizer que temos que alterar esta visão política e abraçar o autoritarismo. Liberdade continuará sendo defendida para quem respeitar os direitos dos outros. Limitar a liberdade de criminosos nunca foi "autoritarismo".

O que teria que ser mudado no objetivismo é apenas essa visão positiva que se tem às vezes da índole do homem comum (que inclui o trabalhador comum, o homem de negócios comum, o leitor de A Revolta de Atlas comum), pois isso interfere nos caminhos escolhidos para implementar ideias, para tentar melhorar a sociedade, etc. A estratégia atual de educar intelectuais e expor o maior número possível de jovens às ideias de Ayn Rand, até que elas se tornem mainstream, faz sentido apenas se a maioria dos homens for racional e tiver um grande potencial intelectual. Mas se a maioria não for tão racional assim, o Objetivismo nunca será mainstream e a estratégia provavelmente terá que ser outra.

Na minha visão, uma sociedade baseada em liberdade/direitos individuais só existe quando é formulada por homens mais conscientes e "imposta" de cima para baixo, sem a total compreensão e a total sanção do cidadão médio (que, por ser amplamente dominado por instintos, vai sempre preferir economias mistas e governos semi-autoritários que permitem uma boa dose de parasitismo nas relações humanas).

Na minha visão, o normal da espécie humana não é a independência, a honestidade, a produtividade, a racionalidade. O normal é a inconsistência, a mistura de algumas dessas virtudes com uma série de vícios — ações motivadas por racionalizações, por impulsos emotivos, por "egoísmo irracional", pelo pensamento a curto prazo, etc. O enorme progresso da civilização ocidental nos últimos séculos não é necessariamente uma prova da racionalidade humana, e sim uma prova da racionalidade daqueles que elaboram o sistema capitalista. Quando um rio passa por uma hidrelétrica e gera eletricidade, isso não prova que o rio é inteligente e produtivo, e sim que os cientistas que criaram a hidrelétrica são. A humanidade em seu estado natural tende à estagnação, à pobreza, à violência, ao parasitismo. Além disso, toda a riqueza e a prosperidade gerada pelos homens mais produtivos tende a ser corroída ao longo do tempo pelo parasitismo do homem comum. Apenas dentro de um sistema político meticulosamente planejado para conter seus impulsos destrutivos e liberar seu potencial produtivo é que o homem comum prospera e esse processo de "oxidação" pode ser retardado, revertido. Mas esse sistema nunca é espontaneamente criado pelas massas, nem é espontaneamente preservado pelas massas. Na ausência de proteções firmes e monitoramento constante por parte dos homens mais conscientes, o curso natural se segue, que é a corrupção do sistema. 

Rand escreveu em "Conservatism: An Obituary":

"Qual é a racionalidade daqueles que esperam enganar as pessoas rumo à liberdade, enganá-las rumo à justiça, iludi-las rumo ao progresso, trapaceá-las para que elas preservem os seus direitos e, ao mesmo tempo que as doutrinam com o estatismo, dar-lhes uma rasteira para que um dia acordem numa sociedade capitalista perfeita?"

Por passagens como esta, fica claro que Rand era contra qualquer tipo de jogo ou manipulação na implementação da liberdade, pois na visão dela, isso levaria a uma corrupção dos ideais e a um sistema impuro. De fato, seria incoerente apelar para o estatismo para chegar à liberdade. Mas o tipo de "jogo e manipulação" que eu tenho em mente não envolve autoritarismo nem a corrupção do sistema. Envolve apenas a constatação de que é inútil tentar lidar racionalmente com o lado irracional do público; que você deve lidar com ele da mesma forma que se lida com crianças que precisam ir ao dentista, ou com animais ferozes que precisam de uma focinheira: você não espera aprovação, compreensão intelectual plena, mas você também não age sem tato, sendo violento, sendo explícito quanto às suas intenções, pois você sabe que se despertar uma reação de revolta, você não atingirá seu objetivo tão facilmente.

Quando você está lidando com um ser que é parte racional, parte irracional, você deve ao mesmo tempo respeitar os direitos de seu lado racional e negar "direitos" (como honestidade plena) ao seu lado irracional. Não deve nem ser autoritário e atropelá-lo, nem confiar totalmente em sua autonomia. Você deve conduzi-lo inteligentemente e cautelosamente na direção certa, mas sem feri-lo.

De certa forma, os Founding Fathers talvez tenham sido mais sagazes que Rand nesse ponto. Claro, é provável que a Declaração de Independência seja intelectualmente vaga e superficial por limitação filosófica da parte deles, não por uma estratégia brilhante. Mas suspeito que se Rand tivesse escrito o documento e deixado ele "perfeito" em suas definições, os EUA nunca teriam sido fundados, pois as maiorias se rebelariam.

Muitos dos dilemas e das frustrações no movimento objetivista não estão ligados aos princípios filosóficos em si, mas à maneira de implementá-los na sociedade e de comunicá-los aos outros. E esses conflitos me parecem ser causados em grande parte por esse otimismo duvidoso quanto à racionalidade do homem comum. Quando você olha para o mundo de maneira mais fria, considerando que 50%, 60% ou uma fatia até maior da população pode ser amplamente irracional, muitos dos dilemas da filosofia desaparecem.

Soa como uma visão deprimente e determinista da humanidade, mas não estou dizendo que é inútil tentar melhorar a sociedade, educar as pessoas, e que uma sociedade livre é impossível de ser implementada nesse cenário. Acredito que as transições entre "vermelhos", "laranjas" e "verdes" no gráfico sejam móveis; que a parte verde possa aumentar um pouco, que a parte vermelha possa encolher um pouco em determinada sociedade. Só não acho que seja possível tornar o gráfico inteiro verde — e nem acho necessário tornar a humanidade inteira verde para que o sistema possa ser verde. Uma sociedade baseada em liberdade e em direitos individuais pode existir mesmo à luz dessas tendências das maiorias. Mas as pessoas que irão promover e assegurar esta sociedade precisam ter uma visão realista da natureza humana para serem eficazes. 

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