domingo, 21 de novembro de 2010

A Rede Social


Este é o filme sobre Mark Zuckerberg, criador do Facebook, que aos 24 anos foi listado pela Forbes o mais jovem bilionário do mundo. O filme foi dirigido por David Fincher (Seven, Clube da Luta, O Curioso Caso de Bejamin Button) e por enquanto é o mais aclamado do ano, devendo dominar as indicações ao Oscar no começo de 2011.

Quem interpreta Zuckerberg é Jesse Eisenberg, que esteve em A Lula e a Baleia, estrelou Zumbilândia, Férias Frustradas de Verão e apareceu recentemente em O Solteirão ao lado de Michael Douglas. Também no elenco está Justin Timberlake como o criador do Napster (muito bem aliás) e Andrew Garfield (o próximo Homem-Aranha) como Eduardo Saverin, o brasileiro co-fundador do Facebook que era colega de quarto de Zuckerberg. Saverin nasceu no Brasil mas mudou para os EUA aos 6 anos de idade - conheceu Zuckerberg em Harvard onde estudou economia. Boa parte do roteiro é sobre a amizade deles, que se transforma em guerra judicial depois que o Facebook vira um fenômeno.

A melhor coisa do filme no fundo é o fato dele ser sobre o Facebook - uma história de sucesso tão absoluta, tão "agora", sobre algo que faz parte das nossas vidas - e principalmente pelo fato do site ter sido criado por um garoto jovem, "comum" (não fosse por sua inteligência extraordinária). Se o Facebook tivesse sido criado por um grupo de empresários, ou por uma grande corporação, o filme não teria o apelo que tem, não inspiraria o mesmo senso de conquista.

Mas A Rede Social não é essa perfeição toda que estão falando. O roteiro é fraco - basicamente feito de diálogos, sem nenhum esforço pra tornar o material mais cinematográfico. A direção de Fincher serve mais para ilustrar esses diálogos com imagens bonitas (ele é ótimo diretor e tem o estilo mais contemporâneo e elegante de todos os diretores - mas apesar da bela roupagem, o filme continua sendo "fotografias de pessoas conversando").

Alguns diálogos são brilhantes, como o da cena inicial onde Mark leva um fora da namorada. Mas não há grandes aprofundamentos psicológicos, reflexões sobre a sociedade, tecnologia (como sugeria o trailer). A sacada é a de que no fundo Zuckerberg inventou o maior site de relacionamentos do mundo pra impressionar uma garota - e no fim continua solitário, sem compreender os próprios sentimentos, sem saber o que fazer pra "ser gostado" (o filme vem sendo comparado a Cidadão Kane nesse aspecto).

Ele funciona mais por sua intenção, por seu espírito de descoberta, por captar o zeitgeist, não tanto por seus méritos artísticos. Não porque é sobre a maior invenção de todos os tempos (o Orkut mesmo surgiu alguns meses antes do Facebook, em Janeiro de 2004), mas por retratar uma história verdadeira de persistência e sucesso - de alguém que não simplesmente ganhou um monte de dinheiro, ou ficou famoso, mas que criou algo valioso, importante, e que fez por capacidade própria, sendo visionário, tendo as ferramentas necessárias pra colocar seu plano em prática. Sim, Zuckerberg agiu de maneira suspeita em alguns momentos e ganhou alguns inimigos - mas vejo ele como uma mãe protetora; não medindo esforços pra proteger seu único bebê de possíveis predadores.

A Rede Social
The Social Network (EUA, 2010, David Fincher)

Orçamento: US$ 50 milhões
Bilheteria atual: US$ 174 milhões
Nota do público (IMDb): 8.3
Nota da crítica (Metacritic): 9.5
Assista o trailer

INDICAÇÃO: Quem gostou de Wall Street: O Dinheiro Nunca Dorme, Zodíaco, O Aviador, Prenda-Me Se for Capaz.

NOTA: 7.5

5 comentários:

Thiago P. disse...

Tô louco pra ver, foi um dos melhores trailers que eu ja vi. O trailer é emocionante, não via um trailer tão bom desde "Espanglês".

Caio Amaral disse...

Fantástico o trailer.. Pena que o tom do filme é outro (pra mim é a música que define a emoção do trailer, e ela não está no filme).

Nossa, não lembro do trailer de Espanglês, depois me manda! O filme foi um dos melhores do ano.

Thiago P. disse...

Eu gostei muito, é tão bom quanto o trailer. Pra mim o maior mérito do Fincher foi produzir o filme e se dar a oportunidade pra se reinventar. Eu concordei com a maioria das coisas que você disse. A principio eu tinha achado o roteiro bastante inventivo mas depois comecei a pensar e percebi que o roteiro é bem clássico, e tem todos os elementos da jornada do herói. Mas enfim, o que mais encanta é a atualidade da história e como o próprio Joseph Campbell diz, o que torna o herói um mito é que ele faz o que precisa ser feito e o que as pessoas precisam no tempo certo e no momento que as pessoas precisam.

Laura Catta Preta disse...

ah vá!
(a gente tá discutindo a meia hora, o thiago defendendo o mark e eu o eduardo, e agora ele vem aqui evocar a clausula campbell)

Caio Amaral disse...

Laura o que é a cláusula Campbell?! Rsrs. O filme é feito pra deixar a questão ética no ar... Pra gerar discussão... E funcionou... Sempre que alguém vê o filme tem vontade de palpitar. Ontem tava discutindo com um amigo... Ele acha que os gêmeos que tiveram a idéia... Que o lance da comunidade ser restrita é o que foi a grande sacada e motivo do sucesso do Facebook.. Eu já achei que o mérito foi todo do Mark, por ter tido a sacada de fisgar as pessoas pela vaidade, pondo status de relacionamento, etc.