segunda-feira, 9 de janeiro de 2017

A Criada


(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão - um método que adotei para passar minhas impressões de forma mais objetiva.)

ANOTAÇÕES:

- Começo promissor. Diálogos criativos, boa fotografia, premissa envolvente, a locação da casa é interessante...

- É uma típica trama de "impostor".. As 2 mulheres formam uma amizade aparentemente genuína, porém sabemos que 1 delas está mentindo e está traindo a outra, o que cria um interesse automático na história (queremos saber quando a outra irá descobrir e o que irá acontecer - se o crime compensa ou não).

- O filme é divertido e é cheio de momentos inesperados, o que torna a narrativa estimulante: a cobra na entrada da sala do velho com a língua preta, o professor de pintura fazendo elogios forçados à aluna, a cena lésbica da banheira onde uma lixa o dente da outra, etc.

- Boa a primeira cena de sexo das duas (a ideia delas ficarem supondo o que o conde faria na cama).

- SPOILER: A reviravolta no final da parte 1 me pareceu um pouco forçada (Sook-Hee sendo internada), e a parte 2 começa um pouco confusa - mas pelo menos isso revitaliza a trama e faz a gente questionar o que está acontecendo (são interessantes os reprises das cenas vistos por outro ângulo).

- SPOILER: Muito sem sentido a cena em que a Hideko tenta se enforcar na árvore - e a revelação forçada de que ela já sabia do plano da Sook-Hee. O filme deixou de ser uma história envolvente e passou a ser apenas um desses filmes onde o diretor tem 25 reviravoltas na manga e fica tentando se provar mais esperto que o espectador.

- SPOILER: Me desconectei totalmente da história. Até porque agora, o filme passou a ser sobre um grupo de pessoas imorais, mentirosas, tentando passar a perna uma na outra. No começo, sabíamos que a Sook-Hee era mentirosa, mas achávamos que a Hideko era uma vítima inocente. Agora que todos são vilões, por quem eu vou me importar? O que eu posso esperar de satisfatório dessa história?

- Ainda assim o filme não se torna monótono - a cena do vinho envenenado por exemplo é um bom momento.

- Culto à dor: estava demorando pro Park Chan-Wook fazer o que ele mais gosta - cenas desagradáveis e apelativas de violência e tortura.

- SPOILER: A ideia do Fujiwara matar o Kouzuki com a fumaça dos cigarros também é bem forçada. O filme virou uma coisa desagradável, forçada, apelativa e meio feminista: as lésbicas androfóbicas versus os homens opressores. No fim ela saem vitoriosas e o filme pede que a gente simpatize por 2 personagens desprezíveis.

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CONCLUSÃO: Realizado com talento, mas o conteúdo é podre demais pra maiores considerações.

Ah-ga-ssi / Coréia do Sul / 2016 / Park Chan-Wook

FILMES PARECIDOS: Os Oito Odiados (2015) / Bastardos Inglórios (2009) / Oldboy (2003)

NOTA: 5.0

5 comentários:

Anônimo disse...

Acho Bastardos Inglórios terrível, uma celebração do sadismo em nome da virtude.
Aqui uma boa análise do filme:
http://criticos.com.br/?p=1855&cat=4

Marcus Aurelius disse...

Olá Caio, por acaso tu já viu o "Assassin's Creed"? Abraços.

Caio Amaral disse...

Ainda não vi Marcus..! Eu achei o trailer bem ruim, tanto que me deixou sem entender pq estavam aguardando tanto esse filme.. abs.

Marcus Aurelius disse...

Este filme era bastante aguardado por se tratar de uma adaptação de uma franquia de games famosa que iniciou 10 anos atrás, na época eu era muito fã. O game é praticamente um filme pronto, isso deixou as pessoas que conheciam o game empolgadas pois o "alvo é maior" e a probabilidade de erro é menor. Além do "Michael Fassbender" estar na produção e a desenvolvedora "Ubisoft" estar envolvida

Mas de fato, o filme é uma "dor de barriga véia braba" que passa longe do material do jogo. Mas eu queria mesmo é saber o que tu achou do filme. Abraços.

Unknown disse...

A fumaça devia conter alguma substância... No carro ele fuma todos os cigarros brancos de uma vez. Durante a tortura insiste pelos cigarros e estes são azuis. Por isso deve ter matado-os.