Assim como Amizade Desfeita (2014), a história aqui é inteira contada através de telas de computadores, celulares, TVs, o que impõe ao cineasta uma limitação criativa interessante, mais ou menos como ocorre no gênero found-footage. No começo a ideia estava me entediando um pouco, pois além de ser meio monótono e esteticamente frustrante ir ao cinema pra olhar uma tela de computador, essa regra me pareceu um pouco aleatória - não parecia algo pra tornar a narrativa mais interessante pro espectador, mas apenas um gimmick pra exibir a engenhosidade do cineasta e justificar o baixo-orçamento. Apesar disso, após o incidente inicial que dá partida à história, o roteiro é forte o bastante pra que a gente esqueça um pouco desse artifício e se envolva de fato no suspense e nos conflitos dos personagens. Há uma série de observações sociais e psicológicas interessantes que dão uma dimensão maior pra história, além do mistério central que prende bastante a atenção.
O maior problema do filme pra mim é a improbabilidade de muitos dos acontecimentos (principalmente mais pro final). Algumas coisas são tão forçadas que fica óbvio que o roteirista se empolgou demais no seu desejo de surpreender o público. SPOILERS: As 2 coisas que mais me incomodaram foram (1) a ideia da garota desaparecida ter um stalker, um garoto obcecado por ela, sendo que a personagem deveria ser uma completa loser socialmente, mas principalmente (2) a ideia de que uma policial tão esperta quanto aquela faria isso tudo pra acobertar um crime sem antes confirmar que a garota havia de fato morrido.
Aneesh Chaganty me lembra um pouco o Shyamalan - um diretor com um talento visível pra contar histórias, ter sacadas interessantes pra filmes, criar suspense, finais de impacto, mas que talvez como roteirista ainda precise de um pouco mais de senso crítico. Mas pra uma estreia na direção é certamente um trabalho notável.
Searching / EUA / 2018 / Aneesh Chaganty
NOTA: 7.0
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