quinta-feira, 16 de abril de 2020

A Dama e o Vagabundo

O filme sofre do mesmo problema que o "live action" do Rei Leão (a estética super realista que deixa os animais pouco expressivos e destrói o aspecto lúdico da história), mas com a desvantagem de não ter as canções e nem as paisagens deslumbrantes que tornavam O Rei Leão (2019) uma sessão ainda divertida.

Não lembro se isso já era um problema no desenho de 1955, mas a história simplesmente não é das mais empolgantes. Toda a narrativa conta com o espectador querer que a Dama e o Vagabundo se envolvam, se tornem ótimos amigos ou namorados, mas não há nada de atraente na figura do Vagabundo (no que ele pode acrescentar à vida da Dama) pra fazer o espectador torcer por isso. Também não há um grande conflito inicial pra Dama no roteiro. O grande problema dela é o fato do bebê da família nascer e agora ela não ter a atenção plena dos donos. Mas isso não tem como ser resolvido, e não chega a ser uma grande tragédia que crie altas expectativas em relação ao que irá acontecer (até porque os donos são personagens bastante sem graça também - não cria na plateia um desejo forte de vê-los unidos de novo). Ou seja, se os personagens são desinteressantes, se os conflitos são fracos e se as relações não empolgam, não há muito como salvar a história (pelo menos dentro da minha visão do que um filme da Disney deveria proporcionar - os espectadores com um gosto mais pro Naturalismo talvez vejam certa graça na ideia de uma cadela de classe alta abandonar seu lar e passar a se conscientizar dos problemas sociais dos cães menos "privilegiados", etc).

Assim como O Rei Leão (2019), Dumbo (2019), é mais uma dessas produções da Disney que parecem motivadas mais por questões comerciais do que criativas infelizmente, como digo na postagem A Importância de Ideias e Inspiração.

Lady and the Tramp / EUA / 2019 / Charlie Bean

NOTA: 4.0

4 comentários:

Anônimo disse...

Só de olhar o cartaz com esses bichos parecendo de pelúcia, já não dá vontade nenhuma de ver. O desenho original não era mesmo grande coisa, não lembro bem dele, mas acho que ainda era menos chato que Aristogatas, que me deu sono - espero que não façam uma versão hiper-realista dele.
A Disney está se tornando insuportável, ainda mais que está se tornando onipresente. Agora nos canais por assinatura tem filmes da Disney até no canal da Warner Bros. A Disney está virando a Buy N'Large do filme Wall-e - que cada vez mais parece uma antecipação do mundo para o qual estamos caminhando.
Pedro.

Caio Amaral disse...

Vamos ver se com a mudança de C.E.O. alguma coisa diferente acontece..!

Dood disse...

O mais irônico é que nesse caso o charme do desenho era ser uma animação antropomorfa num mundo mais realista. Não sei se ela foi a percursora, acho que por isso ela e Aristogatas são tão lembrados.

É um tiro no pé uma releitura Live Action que retira a graça do universo dos personagens. Ainda mais esses que não tem o que os personagens de Rei Leão tem.

Caio Amaral disse...

Verdade Dood.. o estilo de animação da Disney conseguia transformar até uma casa comum em um universo encantador visualmente.. lembro da cena simples em que a Dama ia pegar o jornal lá fora... depois mostrava o dono lendo, e ela comendo uns biscoitos com café... uma ceninha simples, mas que por causa da animação se tornava um momento interessante de assistir.