terça-feira, 14 de junho de 2022

Arremessando Alto | Crítica

Arremessando Alto Netflix cartaz
Filme da Netflix sobre um olheiro do basquete (Adam Sandler) que descobre um jogador amador na Espanha com grande potencial, mas ainda uma "joia bruta", e decide treiná-lo por conta própria após não conseguir o apoio de seu time.

O diferencial do filme enquanto drama de esporte é uma busca por realismo na direção, que é notada não só na fotografia, mas principalmente no elenco, que é composto em grande parte por jogadores de verdade e figuras famosas do meio do basquete — quando o filme termina e vemos uma longa sequência de créditos explicando quem era quem, quem fez uma ponta como "Himself", fica claro que se trata de um filme feito por fãs de basquete, para fãs de basquete.

Só que infelizmente essa proposta vem à custa de qualidade artística. Se o roteiro tivesse sido escrito já levando em conta a abordagem realista, poderia ter funcionado melhor. Mas ele é cheio de artifícios dramáticos, clichês e piadinhas típicas de filmes sessão-da-tarde, que não-atores como Juancho Hernangomez não conseguem executar de forma convincente (há várias "piadas de gordo", por exemplo, que tentam transformar Juancho em um personagem engraçadinho que come muito, tipo um Joey de Friends, que é o tipo de coisa que não funciona e vai fazendo o filme parecer amador). Diálogos ruins e personagens caricatos — como a "esposa solidária" feita pela Queen Latifah, ou o vilão extremamente forçado de Ben Foster — reforçam essa ideia de uma produção mediana em talento. E o que se ganha em realismo nas cenas de jogo (pelo fato dos jogadores serem reais) não chega a compensar, pois as jogadas não são tão espetaculares assim, não são sempre filmadas sem cortes, e sem o benefício de atores profissionais, as cenas se esvaziam do principal que é o efeito dramático (Margot Robbie me convenceu mais como atleta em Eu, Tonya do que os atletas de verdade daqui).

Como Sandler está bem e o roteiro segue a estrutura padrão de dramas de esporte, o filme acaba sendo razoavelmente satisfatório. Ainda assim, fica parecendo um primo pobre de King Richard (2021) no aspecto ficção, e um primo paupérrimo de Arremesso Final (2020) no aspecto não-ficção.

Hustle / 2022 / Jeremiah Zagar

Satisfação: 6

Categoria: B

Filmes Parecidos: O Caminho de Volta (2020) / King Richard: Criando Campeãs (2021) / Momentos Decisivos (1986)

2 comentários:

Korvoloco Aspicientis disse...

Eu vi esse filme semana passada com baixíssima expectativa e talvez por isso me diverti mais do que a produção merecia. Eu não curto assistir esportes, nem corrida, nem basquete e tão pouco futebol, mas gosto de filmes de esporte porque geralmente tem um clima de otimismo, algo que me inspira. Mas Arremessando Alto dificilmente me fará lembrar dele daqui há 2 anos.
Por outro lado, até prefiro ver Adam Sandler embarcando nesse tipo de projeto que naquelas comédias pra lá de sem graça que ele costumava fazer com a participação de Rob Schneider e cia.

Caio Amaral disse...

Sim.. essa fórmula costuma garantir filmes razoavelmente satisfatórios.. até por isso não dou muitos créditos pro filme pela satisfação que advém da fórmula.. tento olhar pro que ele faz além disso, como ele vai além do básico e "engrossa o caldo" com coisas originais, bons personagens e diálogos, capricho na execução, etc. Em Hustle, a principal novidade que vi foi o elenco não-profissional, que pra mim acaba sendo mais uma desvantagem do que uma vantagem.. mas ainda assim acaba sendo um filme assistível. Sim, o Sandler costuma se sair bem em filmes mais sérios.. embora o último (Joias Brutas) eu tenha detestado, mas por motivos que não têm nada a ver com ele.