Lembro de uma entrevista em que o James Cameron falava da importância (em
Titanic) de fazer a plateia superar rapidamente a impressão de estar vendo um filme de época chato, onde as pessoas falam diferente, se vestem diferente, pra que ela pudesse realmente se envolver na história subjetivamente. Ele entendia que, para o espectador, é difícil se identificar com uma "pessoa de época", com esses arquétipos artificiais que só existem na ficção, com os rótulos que projetamos sobre pessoas que não conhecemos bem... Pois no fundo, sabemos que todo ser humano tem uma mesma essência, é motivado por coisas familiares, e até que você exponha isso, um personagem não parecerá real para o público. Durante a maior parte do tempo,
My Policeman falha justamente neste ponto. Ele parece querer mostrar "pessoas de época" agindo de maneira formal, de acordo com os costumes de um período, e contar uma história de um ponto de vista externo, mantendo certa distância entre o público e os personagens. Ninguém é especialmente carismático; é difícil de entender a atração de Tom tanto por Marion quanto por Patrick, e Patrick parece se atrair por Tom mais com base em fetiche do que em sentimentos mais profundos. É difícil também entender a lógica de Marion trazer Patrick pra viver com eles na casa (depois que eles estão mais velhos) sem o consentimento de Tom, considerando o passado delicado dos três. Não é um filme vazio, desinteressante, mas ele funciona melhor como retrato de uma cultura, dos preconceitos vividos por homossexuais em décadas passadas, do que como uma história de amor arrebatadora pra você se emocionar.
My Policeman / 2022 / Michael Grandage
Satisfação: 6
Categoria: NI / I-
Filmes Parecidos: Carol (2015) / 45 Anos (2015) / Me Chame pelo Seu Nome (2017)
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