Após um começo interessante e uma sequência divertida num navio, que te dá a impressão de estar vendo um filme de desastre / invasão alienígena, o filme cai pro mesmo nível de mediocridade e enrolação dos roteiros padrão da Marvel (vai nos transportando dos EUA pra Wakanda, pro Haiti, pro México, onde vemos uma série de reuniões que não servem pra nada). Como se Wakanda já não oferecesse fantasia o bastante pra uma franquia só, o filme agora inventa um reino subaquático com homens-peixe que usam baleias como transporte, encantam marinheiros com hipnose sônica, têm um líder com mini-asinhas nos pés que são fortes o bastante pra fazê-lo voar na velocidade de aeronaves... Acho que nem vendo um desenho da
She-Ra você se sente tão infantilizado quanto com as coisas que esse filme quer que você compre (a erva criada em impressora 3D que te transforma em Pantera Negra é outra dessas ideias estranhas). Tudo isso com muita propaganda woke, claro — há toda a exaltação da África, de culturas místicas primitivas (os EUA e o capitalismo são sempre o problema, embora o filme tome cuidado pra não rotular nenhuma nação como "boa" ou "má", mesmo aquelas que iniciam ataques militares — são apenas culturas diferentes, cada uma com suas verdades, seus erros e acertos). O filme, agora sem Chadwick Boseman, tem apenas mulheres negras empoderadas como protagonistas, incluindo uma garota de 19 anos chamada Riri que tem a personalidade de uma TikToker, mas temos que acreditar que é uma das cientistas mais brilhantes do mundo, a única pessoa capaz de construir a máquina que detecta Vibranium, e que de quebra usa um traje voador estilo Homem de Ferro que ela mesma construiu (SPOILER: a personagem da Angela Bassett, que é a alma do filme, sacrifica sua vida pra salvar esta personagem insuportável). Há até algumas sugestões de lesbianismo — as mulheres são tão masculinizadas que no fim, quando as heroínas se despedem, Shuri presenteia Riri com um carro estilo
Velozes e Furiosos, num gesto máximo de amizade, e Riri convida Shuri pra ir a Chicago com ela assistir a um jogo dos Bulls. O filme tenta extrair algumas lágrimas com homenagens a Chadwick, que são aceitáveis e esperadas, porém não passam dessas táticas da Marvel (tipo cenas pós-créditos) pra satisfazer os fãs no final não com base em méritos narrativos/dramáticos do próprio filme, mas em fatores externos à produção.
Black Panther: Wakanda Forever / 2022 / Ryan Coogler
Satisfação: 4
Categoria: IC
Filmes Parecidos: Aquaman (2018) / Thor: Amor e Trovão (2022) / Doutor Estranho no Multiverso da Loucura (2022)
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