Se tudo claramente simbolizasse uma tentativa do menino de se reconectar com a mãe que morreu, de lidar com a dor da perda, ainda daria pra integrar tudo ao redor deste tema. Mas no meio do filme você já não sabe mais se a história é sobre a mãe, sobre a madrasta, sobre a garça, se o menino ficou louco quando machucou a cabeça, e se existe um universo estável ainda pro qual a gente possa voltar. O resultado é uma experiência tediosa, uma obra auto-indulgente que só estava ganhando parte da minha simpatia na medida em que eu atribuía alguns desses problemas à idade avançada de Hayao Miyazaki (e ao misticismo oriental, quem sabe), não a uma má intenção. Mas essa boa vontade foi se esvaindo ao longo da projeção, e a maneira propositalmente anticlimática com que o filme acaba me fez anular qualquer desconto que eu ainda estava dando. Ninguém bem intencionado ou com um mínimo de respeito pelo espectador encerraria um filme desta forma.
The Boy and the Heron / 2023 / Hayao Miyazaki
Satisfação: 2
Categoria: Não Idealismo (Subjetivismo)
Filmes Parecidos: Vidas ao Vento (2013) / O Castelo Animado (2004) / Onde Vivem os Monstros (2003) / Kubo e as Cordas Mágicas (2016) / Alice Através do Espelho (2016)
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