No começo o filme parece um pouco sem rumo, como se fosse tudo uma desculpa pro cineasta se divertir mostrando comportamentos excêntricos e antissociais. Mas na segunda metade, começa a ficar claro que o filme quer passar uma mensagem sobre liberdade sexual, sobre o papel da mulher na sociedade etc. Não acho que ele tenha algo de muito relevante a dizer sobre isso — como a personagem da Emma Stone é uma criatura fantasiosa, sem nenhum senso de moralidade, não dá pra dizer que o choque dos outros em relação a ela ocorre por ela ser mulher. O choque aqui não é uma mulher agindo como homem numa sociedade patriarcal (o que poderia levantar uma discussão interessante sobre papéis de gênero) e sim o fato de uma pessoa estar agindo como bicho numa sociedade civilizada (cheguei até a pensar que o filme queria mostrar o que aconteceria num mundo sem Deus — sob o ponto de vista conservador, que diria que o ateísmo levaria à amoralidade — mas a discussão não foi por este caminho).
Então não comprei muito essa mensagem, mas ainda assim achei a história divertida; vi quase como uma versão cult dessas comédias estilo O Homem da Califórnia (1992) onde um personagem selvagem tenta se adaptar à vida na cidade, criando uma série de confusões. Há diálogos e situações hilárias envolvendo a falta de tato social da protagonista (Emma Stone faz um trabalho incrível mesmo), e todo o lado artístico/técnico (design de produção, fotografia, cenários, figurinos, trilha sonora) é um show à parte.
Poor Things / 2023 / Yorgos Lanthimos
Satisfação: 7
Categoria: Não Idealismo (Filme de Autor) / Idealismo Imperfeito
Filmes Parecidos: A Favorita (2018) / Quero Ser John Malkovich (1999) / Ninfomaníaca (2013) / O Grande Hotel Budapeste (2014)
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