quarta-feira, 17 de agosto de 2022

Agosto 2022 - outros filmes vistos

Trem-Bala (Bullet Train / 2022 / David Leitch)

Satisfação: 4

Categoria: IC

Filmes Parecidos: Agente Oculto (2022) / Magnatas do Crime (2019) / Kingsman: Serviço Secreto (2014) / Dois Caras Legais (2016)



O Predador: A Caçada (Prey / 2022 / Dan Trachtenberg)

Satisfação: 1 *observações na seção de comentários

Categoria: IC

Filmes Parecidos: Rua do Medo: 1994 - Parte 1 (2021) / Cowboys & Aliens (2011) / O Último Mestre do Ar (2010) / Rua Cloverfield, 10 (2016)

19 comentários:

Anônimo disse...

Poxa, esse merecia mais detalhes e eu queria muito ver as suas impressões. Pq não é uma simples nota 4,5,6 qualquer de um drama europeu. É um novo blockbuster do predador com nota 1 em comparação ao maravilhoso Ultimo Mestre do Ar.

Anônimo disse...

Ahh eu não vi o filme mas tenho impressão de algumas coisas que gostaria que respondesse pela curiosidade mesmo. Por acaso o predador é uma metáfora ao colonizador europeu branco? e boa parte do filme é falada em um idioma estranho igual o Apocalypto só que para ser mais socialmente relevante? a protagnista é uma jovem oprimida em uma sociedade patriarcal que impdede que ela seja uma guerreira e o filme mostra que ela como mulher é melhor que todos os homens da tribo? o amor e a união tribal são o que vencem as barreiras tecnologicas e os indios conseguem derrotar o predador com o "poder da amizade"?

Caio Amaral disse...

Olha você já adivinhou boa parte! Até teria achado melhor um idioma estranho tipo Apocalypto, pois traria certa veracidade pro universo.. porque aqui, os personagens falam com o sotaque e as expressões faciais de um jovem de 2020, dando a impressão que a qualquer momento a índia vai tirar o iPhone do bolso e postar um tweet revoltado. Quanto à união tribal vencer.. bem, lembre-se que a tribo é repleta de homens.. então mostrar a tribo derrotando o Predador unida seria meio problemático. No fim até rola um "esforço coletivo", mas você vai ver de onde vem a ajuda.

Dos vários problemas, mencionaria antes de mais nada a protagonista fraca, sem carisma... e não tem nada a ver com ser mulher, e sim com o fato de ser uma atriz fraca nesse tipo de papel, e uma personagem completamente chata... Os primeiros segundos de um personagem são sempre muito reveladores; repare como ela já acorda na primeira cena como "vítima" (leva um chutão enquanto dorme), daí sai da tenda com a cara fechada, emburrada, um ar vingativo.. e passa o resto do filme todo nesse mood.

Outro ponto fraco é a ação burra, sem noção de realidade física.. não só a força da menina faz ela parecer um personagem de videogame, como o filme consegue tornar artificiais até momentos corriqueiros.. tipo uma cena que ela está correndo num riacho com a água pela canela.. e de repente mergulha mais de 1m de profundidade pra se esconder de um urso.. ou o cachorro que prende o rabo numa armadilha enquanto corre pela floresta (não a pata!). Você pode assistir a qualquer minuto isolado do filme que ele vai dar alguma impressão dessas de baixa inteligência.

Sem falar no conceito geral, que achei mal elaborado.. a mistura de western com sci-fi pra mim já não funciona muito.. gera aquele problema da "fantasia dentro da fantasia", ou seja, de não haver contraste o suficiente entre "vida comum" vs. "situação extraordinária" pra tornar a aparição do Predador realmente impactante pro público (índios já são meio místicos, acreditam em "pássaros de fogo", então um alien e um eclipse devem ser igualmente assombrosos pra eles).. e também parece uma dessas tentativas de trazer mais Naturalismo pro cinema escapista... tipo o último Jurassic World colocando dinossauros ao lado de vacas, cavalos, etc.

O filme nem se esforça pra explicar o que é o Predador, por que ele está na Terra nesse momento, qual a relação dos eventos deste filme com os do resto da franquia.. Parece que pegaram um roteiro pronto sobre uma índia tentando caçar um animal feroz, tipo um leão.. e daí só fizeram algumas adaptações pra substituir o leão pelo Predador.. não parece um roteiro escrito originalmente pra ser um Predador, acrescentar alguma coisa relevante à franquia (o diretor é o mesmo de Rua Cloverfield 10, então vai ver ele curte isso de ficar apenas nas tangentes de universos cinematográficos). Abs!

Caio Amaral disse...

(Eu não ia postar comentários primeiro porque achei o filme tão "B" que questionei esse status de blockbuster.. mas também pq foi uma sessão atípica, irritante.. estava com outras pessoas, e o filme arruinou o fim de noite de todos.. pode ser que eu vendo sozinho tivesse dado uma nota 2 ou 3.. fiquei na dúvida quanto ao nível da minha insatisfação, hehe.. mas meus pontos sobre a história seriam os mesmos).

Anônimo disse...

Eu estava curioso demais e não aguentei, tive que ver o filme. É tudo isso que vc falou, mas não é tão ruim quanto O Último Mestre do Ar, que é um ruim divertido (como uma personagem ter um cabelo com formato de pênis). É um ruim chato, tipo sonífero. Tive que pausar umas 3x, dar uma volta, pegar um café, olhar meu feed.

Eu vi com uma outra pessoa que comentou que a índia tinha "white girl problems". O objetivo dela era ser popular "na escola". O que é bizarro em uma tribo de subsistência, em que o objetivo da tribo é simplesmente não morrer de fome ou de uma forma horrível pela natureza. Eu mesmo notei que a personagem meio que personificava um sentimento que a maioria dos jovens de hoje em dia tem, de que é injustiçado, discriminado, de que o "sistema" é contra eles, mas no fundo tudo o que eles querem e fazem é para participar mais e serem mais populares nesse sistema.

Uma impressão que eu tive com o filme seria a mesma que eu teria se visse um filme sobre tróia, 300, grécia antiga, em que os personagens são cristãos e ficam citando passagens da bíblia.

Caio Amaral disse...

É verdade, o Último Mestre do Ar tem uma certa insanidade que acaba criando seu próprio magnetismo! Nesse Prey eu tb lutei contra o sono em alguns momentos.. só despertei mesmo mais pro final, quando comecei a ficar com raiva daí acho que tive alguma descarga de cortisol. Mas a menina é estranha mesmo.. Se ela fosse apenas desses personagens tipo Moana / Brave, que querem se provar justamente porque querem fazer parte do sistema, e respeitam algo naquela sociedade.. daí tudo bem.. mas aqui ela não tem um objetivo positivo.. quer se provar mas ao mesmo tempo odeia tudo ao seu redor.. não tem nada que ela admire, queira honrar na comunidade.. era melhor lutar pra ir embora então né? hehe.

Leonardo disse...

Aliás, há uma questão adicional que gostaria de consultar-lhe, Caio, pois é uma área que me considero bastante limitado. E por isto vou usar outro post para o comentário.

A respeito das mudanças recentes na Warner
, o cancelamento dos filmes de herói, a queda na bilheteria
em filmes de quadrinhos neste ano, a rejeição do público à próxima fase da Marvel, a rejeição à diversidade de elenco nas séries do Senhor dos Anéis e o derivado do Game of Thrones e, por fim, o sucesso absurdo de Top Gun
. Estas questões parecem-lhe relacionadas? Podem indicar uma mudança dos ventos na cultura? Caso positivo como aproveitar a oportunidade?

Caio Amaral disse...

Discuti essa mudança dos ventos e o sucesso de Top Gun no "Diário" de Junho.. Acho que sim, depois desses anos de pandemia, as vozes contra as ideias woke se fortaleceram. Você vê pessoas criticando mais abertamente a indústria, o teor político dos filmes.. essa semana o Bill Maher fez um vídeo criticando a "polícia do casting" que já tem mais de 1 milhão de views.. há uns 3 anos, isso ainda seria uma opinião delicada até pra ele.

Nem todas as notícias que você mencionou eu li sobre.. mas algumas refletem essa mudança sim! Agora, onde estaremos daqui a 1 ou 2 anos.. não sei dizer.. 2020 foi um fundo do poço tão grande que acho que forçou um reajuste no pensamento das pessoas.. mas não é garantia que ocorrerá agora o mesmo que ocorreu na segunda metade dos anos 70. Mais coisas estavam em jogo ali, além da ressaca da década anterior.. havia toda a geração "boomer" entrando no mercado de trabalho, cheia de ambição e otimismo. Então vai saber. Se eu fosse um diretor/produtor em Hollywood, iria aproveitar o momento pra produzir coisas diferentes.. fortalecer os "ventos" nessa direção.. Como espectador apenas, não tenho muito o que fazer hehe.. mas em várias indústrias essa percepção poderia virar uma oportunidade para mudança, renovação.

Caio Amaral disse...

Só um adendo.. Eu não tinha visto nada ainda sobre a reação negativa do público à série do Senhor dos Anéis.. mas hoje estava assistindo a alguns trailers novos (Rings of Power, o Pinóquio do Robert Zemeckis) e pelos comentários, já deu pra entender que essas rejeições estão vindo mais da direita nacionalista/conservadora.. Então se isso significar uma mudança nos ventos da cultura, não é exatamente na direção do Idealismo.. é o mesmo que está ocorrendo na política: quem está lutando pra derrotar a esquerda não é porque quer trazer de volta liberdade, etc.

Dood disse...

A grande questão da Warner é que com a fusão com a Discovery é mais algo em cima de prejuízo, porque chegou ao ponto para o estúdio que não dá mais pra sustentar essas produções atuais mais, a Disney por ser mais mercadologicamente preparada ela consegue sentir menos no bolso, mas ainda assim tá tento repercussões negativas de seus produtos.

O que acontece também é que a Warner não conseguiu emplacar um universo de Super Heróis da DC como a Marvel Fez, porque muito disso se deve ao marketing da Disney. Aliás a Marvel tá com essa bola levantada justamente por conta da casa do rato. Porque a DC tinha se estabelecido na mídia audiovisual antes da Warner com seus personagens mais emblemáticos: Superman e Batman. Isso numa época em que filmes de herói eram pontuais, não tinham um cronograma para acontecer apressado.

O mesmo se deve as Hqs: hoje elas estão impraticáveis de se ler devido ao conteúdo panfletário que ajudou essa polarização do público. Alguns esperam que com o Zaslav mexendo na Warner e na editora DC isso mude.

Caio Amaral disse...

Às vezes acompanho as lives do Dalenogare no YouTube, daí me atualizo com esses bastidores da indústria.. mas não é algo que realmente gosto de acompanhar, pois não tenho grande admiração por nenhum estúdio ou executivo de Hollywood desses de hoje.. Acho curioso como os estúdios viraram o foco.. Até uns anos atrás, os espectadores só queriam saber de filmes específicos, e também de diretores, artistas. O estúdio era só um rótulo.. Mas hoje, só se fala nos estúdios.. cada um tem seu streaming separado.. alguns críticos como o Dalenogare, quando falam de Oscar, falam em termos de uma competição entre empresas: o "candidato da Apple" vs. o "candidato da Netflix" - até no casos de filmes como CODA, que não foram desenvolvidos pela Apple, foram apenas adquiridos depois de prontos. Esse foco só reflete aquilo que comentei no post Cultura: Arte vs. Mercado.. abs.

Anônimo disse...

Vi o trailer do novo Pinóquio. Só continuo achando que esses remakes não se justificam do ponto de vista artístico. Exceto, na minha opinião (a maioria parece não ter gostado) de A Bela e A Fera, que consertou alguns furos de roteiro do original e aprimorou a protagonista. Acho a personagem da Emma Watson melhor que a do desenho, embora os saudosistas reclamem. Todo mundo elogia a animação de 1991, mas acho ela bem inferior a Aladin e A Pequena Sereia, foi visivelmente feita a toque de caixa, para aproveitar o sucesso da Ariel.

Pedro.

Caio Amaral disse...

Sim.. acho que o único que gostei mesmo foi A Bela e a Fera.. e tb o Mogli de 2016. Pinóquio tem o Zemeckis na direção, mas ele tem tido bem mais erros do que acertos né. Tenho a impressão que o Pinóquio do Del Toro será mais bem recebido.. Será um experimento interessante: um conto clássico (associado à Disney) sendo recontado por 2 cineastas consagrados, um com um background Idealista (porém inconsistente), e outro com um background Anti-Idealista.

Dood disse...

Caio, esse pessoal executivo só vai ver a parte financeira da coisa mesmo. Naquele artigo você explica bem como está hoje a coisa, mas o interessante é ver o excesso de panfletagem tendo que lidar com questões financeiras e custo. Toda vez que o bolso de uma empresa dói e tem que se estancar a ferida esse pessoal do entretenimento acha uma brecha para atacar.

Caio Amaral disse...

É.. acho que como os filmes, os artistas, as histórias em si não têm conseguido capturar a imaginação do público.. os dramas dos bastidores acabam virando o maior foco de interesse (um pouco do que falei naquele post "Filmes Autorreferenciais e a Descrença na Ficção").

Dood disse...

Bom Caio, isso começou do lance das revistas informativas da época, tanto as voltadas para o cinema (Revista Set) quando para o entretenimento Nerd e Geek (Revista Herói, Wizard etc..).

As pessoas gostam dessa coisa se saber o que está por vir, os futuros projetos. Hoje consome-se notícias da indústria mais do que nunca. Coisa que era vista por nerds ou especialistas antigamente...

Caio Amaral disse...

Eu gostava da Set, acho que aquele tipo de abordagem criava uma expectativa positiva em relação aos filmes, lançamentos futuros.. assim como os making-ofs de DVDs, etc... revelavam os "segredos" mas preservando a magia do cinema.. não lembro do foco nessa época ser os podres da indústria, as falhas e incompetências dos estúdios.. hoje é quase como se o público se visse acima das produções, dos artistas.. não há o mesmo senso de admiração (o que é compreensível).

Dood disse...

Justamente isso, como eram publicações voltadas a um público específico era feito com mais esmero, até mesmo certos colunistas quando migraram para sites no inicio da popularização da internet ainda se mantinha um pouco isso. Como tudo hoje em dia gira em clickbait e o próprio público consumidor atual é uma zona cinza misturada entre Geek e Nerd materiais assim não teriam tanta expressividade atualmente.

Caio Amaral disse...

É.. acho que em grande parte isso tem a ver com as redes sociais.. a maneira de produzir conteúdo, divulgar notícias, gerar engajamento etc., mudou totalmente de lá pra cá.