De fato ele é mal dirigido e meio tosco visualmente, o que me fez refletir sobre o papel crucial do diretor no cinema, pois mesmo essa sendo uma história clássica e infalível, tendo música de 2 dos maiores gênios do teatro musical, sendo uma produção de uma companhia como a Disney (ainda numa fase saudável ideologicamente) e com um elenco sólido, se tudo isso é colocado nas mãos de um diretor medíocre, o que tinha potencial pra ser um grande clássico se torna apenas uma Sessão da Tarde esquecida no tempo. Mas o lado meu que foi capaz de ignorar esses problemas, no fim ficou bastante encantado pelo filme. Quando existe talento escondido numa obra, isso sempre se revela mesmo com uma má execução. A primeira coisa que me fisgou foi a canção "In My Own Little Corner" que eu nunca tinha escutado... Poucos compositores além de R&H conseguem me tocar dessa forma apenas com uma combinação perfeita de acordes, melodia e letra.
Mas além do lado musical, o filme pra mim já se tornou uma referência no debate entre Idealismo vs. Anti-Idealismo, pois ainda nos anos 90 ele foi capaz de trazer uma diversidade surpreendente pra produção, apresentar uma princesa Disney negra, um elenco "racialmente cego" — algo visto como inovador até hoje em séries como Bridgerton — só que Cinderela fez isso de maneira que não comprometeu a essência da história e nem feriu princípios Idealistas. Cinderela é tão bela e pura de espírito quanto a do desenho de 1950, a história é igualmente otimista e romântica... Os atores apenas têm características físicas diversas, o que nesse caso não afeta em nada a magia da história. Se fizessem uma adaptação assim na cultura de hoje, além da diversidade racial, teríamos também uma Cinderela menos bonita, menos positiva, veríamos relacionamentos mais conflituosos, o visual seria menos colorido, a música seria cheia de Rap e palavrões tipo Hamilton, etc.
Cinderella / EUA / 1997 / Robert Iscove
NOTA: 7.5
4 comentários:
Hamilton é MT bom, n é cheio de palavrões;-;
Não sei se é CHEIO... é que depois do primeiro F*** e do primeiro SH** que vc ouve um Founding Father cantando num rap... pra mim já não faz tanta diferença a frequência, rs.
tem um ou dois palavrões e mesmo assim é tipo "merda", ou é censurado...
É possível.. Eu cheguei a postar uma breve crítica do Hamilton aqui no blog.. e lá eu nem cito esse detalhe dos palavrões. Minhas queixas foram outras, mais profundas.. recentemente vi outro musical do Lin-Manuel Miranda (Em um Bairro de Nova York) que só confirmou que as obras dele não conversam muito bem com os valores que defendo aqui. Talvez vc não esteja familiarizado com meus textos mais teóricos, etc.. Abs.
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