2023 não foi o ano ideal pra Disney celebrar seu centenário, que tomou forma neste projeto medíocre que parece uma amálgama de todos os problemas que levaram o estúdio a perder seu prestígio na última década. É tudo um enorme clichê cheio de ideias de má qualidade, canções terríveis (mas que não são genéricas e esquecíveis; elas até têm mais personalidade do que o esperado, o que neste caso não sei se é uma vantagem). A trama não se manifesta através de ações físicas lógicas, envolventes, mas em uma luta direta entre abstrações: as emoções de um grupo versus as emoções do outro, representadas por raios mágicos e bolhas flutuantes. A "princesa" é uma típica Heroína Envergonhada, com a mesma personalidade da Rapunzel e de tantas outras protagonistas do gênero — a linguagem corporal desajeitada que transmite insegurança, humildade, neuroticismo (o constante "sorriso invertido" que ilustro no vídeo Idealismo Corrompido). O filme inclui frases do tipo "nunca confie em um rosto bonito" e uma cena em que a mocinha é perseguida por um "príncipe do cavalo branco" que agora deseja matá-la. Ao mesmo tempo em que Asha é modesta, desajeitada, ela é uma revolucionária corajosa, que luta contra um sistema opressor pra fazer o povo voltar a sonhar. Até tentei ler a história como uma possível crítica ao estatismo, mas no fim fica claro que não é liberdade e individualismo que ele defende, apenas uma forma mais "feminina" e "gentil" de opressão. E a noção de "sonho" do filme é representada por aquele ideal altruísta tedioso que vemos em filmes como Coco, que envolve um velhinho humilde, um vilarejo e um violão.
Wish não chega a estilhaçar a estrela dos desejos do Walt Disney como fez Gato de Botas 2, apenas a reduz a um sidekick frágil, genérico e sem graça.
Wish / 2023 / Chris Buck, Fawn Veerasunthorn
Satisfação: 3
Categoria: IC
Filmes Parecidos: Encanto (2023) / Enrolados (2010)
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