Animação espanhola que não sei o que está fazendo entre as indicadas ao Oscar (até porque a "cota" de animações estrangeiras/indie já tinha sido preenchida). SPOILERS!!! A ideia do filme é contar uma história de amor/amizade por uma ótica Malevolente estilo La La Land, mostrando como eventos arbitrários da vida levam duas pessoas que se gostam a se distanciarem, até se tornarem estranhas completas e serem forçadas a olhar pro passado com aquele saudosismo melancólico de quem diz "nada é para sempre". Só que o filme constrói essa ideia em cima de uma história tediosa, sem pé nem cabeça — a separação entre o robô e o cachorro ocorre porque o robô sofre um acidente numa praia, e no pequeno espaço de tempo que o cachorro sai da praia pra buscar ajuda, a praia "fecha", o robô acidentado fica lá sozinho por diversos meses, forçando o cachorro a tocar sua vida até que a praia reabra no ano seguinte (!). É aquele caso do artista que quer que o universo seja malevolente, mas não é criativo o bastante pra bolar uma situação plausível pra sustentar seu pessimismo.
O próprio conceito da amizade entre um animal e um robô é mal elaborado. Não há discussões interessantes como em Ela (2013), que envolvam a natureza artificial do robô. Ele no fim acaba representando inocência, amor puro — o robô traz alegria pra vida do cachorro por saber olhar pra tudo com um olhar ingênuo, colorido, como uma criança (a música September do Earth, Wind & Fire é usada pra simbolizar essa alegria), mas o que essas coisas todas têm a ver com um robô? Se o cachorro criasse uma amizade com outro animal ou com um humano, o conflito básico da história permaneceria o mesmo.
Me pareceu algo que enganaria melhor se fosse um curta-metragem. Mas como longa, a pobreza do roteiro tem oportunidades demais pra se revelar (mesmo o filme não contendo diálogos!).
Robot Dreams / 2023 / Pablo Berger
Satisfação: 2
Categoria: Idealismo Corrompido / Anti-Idealismo
Filmes Parecidos: A Tartaruga Vermelha (2016) / Perdi Meu Corpo (2019)
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