Satisfação: 0 (Idealismo Corrompido)
terça-feira, 28 de maio de 2024
Maio 2024 - outros filmes vistos
Satisfação: 0 (Idealismo Corrompido)
sexta-feira, 24 de maio de 2024
Furiosa: Uma Saga Mad Max
Mad Max: Estrada da Fúria me impressionou na primeira vez que vi, mas com o tempo fui percebendo que quase todo o impacto era devido ao visual do filme — uma ilusão à la Duna: Parte 2. Tirando isso, sobrava pouca coisa. Furiosa agora é essa pouca coisa.
Estrada da Fúria tinha um roteiro simplório que servia só como pretexto para as perseguições, mas sua simplicidade era honesta e deixava pouca margem pra problemas estruturais graves. Furiosa já tenta fazer muito mais, e o resultado é uma história confusa, truncada, que é longa demais onde devia ser curta, curta demais onde devia ter mais desenvolvimento, e sempre superficial, episódica — um roteiro sem gancho, que não te faz torcer por ninguém, e depende da curiosidade jornalística do fã que eventualmente se importe por saber como Furiosa perdeu o braço, quem foi sua mãe etc. Parece que Miller filmou literalmente a backstory da personagem que ele escreveu como base pro roteiro de Estrada da Fúria, e ainda deu um jeito de transformar isso num filme 30 minutos mais longo que o original.quarta-feira, 22 de maio de 2024
Cultura: The Critical Drinker - Um Dia de Fúria
Sabe quando a polícia vai vasculhar o computador de um atirador de escola depois do massacre e encontra manifestos ideológicos que fazem você pensar "agora tá explicado"? É em um contexto desses que eu esperaria ouvir uma análise como essa que o The Critical Drinker fez de Um Dia de Fúria (1993). Mas pelo visto, a cultura já desceu a tal ponto que a leitura dele do filme se tornou mainstream.
Apesar de Um Dia de Fúria humanizar de forma questionável o protagonista, o filme não relativiza o fato que Bill é um homem perigoso, doente, que está cometendo uma série de crimes injustificáveis. Não se trata de uma história tipo Thelma & Louise, em que pessoas inocentes se tornam criminosas sob circunstâncias até compreensíveis. E nem de um Coringa, em que o protagonista é claramente um monstro, mas o filme tenta amenizar sua culpa dizendo que ele é uma "vítima do sistema".
Um Dia de Fúria não mostra Bill sendo uma vítima do sistema. A América que vemos ao redor dele está funcionando tão bem quanto nunca. Ele se enxerga como vítima, mas ele é um lunático. O filme em si nunca indica que o "sistema" é mau. Mas é isso que o Drinker quer questionar... Pra ele, o tempo só mostrou que o personagem do Michael Douglas estava certo o tempo todo! Que, assim como o Coringa, Bill era apenas mais uma vítima, "como todos nós".
As racionalizações do vídeo são chocantes (até dei uma checada no calendário pra ver se não era 1º de Abril):
- Drinker diz que o filme é sobre um homem "tentando chegar em casa para o aniversário de sua filha" — ele só não comenta que Bill não está indo para a sua casa, e sim para a casa da ex-mulher, que não quer sua presença e tem tanto medo dele que colocou até uma medida protetiva o impedindo de se aproximar de sua casa.
- Drinker diz que a loja de conveniência "sobe seus preços para espremer dinheiro dos clientes", mas o filme nunca mostra isso. Não sabemos se o preço da Coca-Cola naquela loja está de fato mais alto do que em outras lojas da região. O funcionário coreano não está cobrando mais caro de Bill do que de outros clientes. Bill simplesmente entra na loja, vê que uma lata de Coca custa 85 centavos, fica indignado, e se acha no direito de destruir o estabelecimento, agredir fisicamente o funcionário, que aliás ele ofendeu gratuitamente antes com falas racistas/xenofóbicas. Mas Drinker abafa esses "detalhes".
- Na cena em que Bill aterroriza uma lanchonete inteira após ouvir que ele não pode pedir lanches do café da manhã na hora do almoço, Drinker sugere que Bill é a pessoa mais lúcida da cena! Que a rede de fast-food não é inocente pois está "explorando" os clientes e oferecendo comida de má qualidade, e que os clientes são um "gado estúpido e acéfalo" já engolido pelo sistema. Drinker acha que a expressão "estúpida" no rosto dos clientes tem a ver com o fato deles não conseguirem absorver os argumentos sofisticados de Bill. Não lhe ocorre que talvez seja pelo fato de Bill ser um estranho com uma metralhadora na mão!
Parece incrível, mas o Drinker vê o filme assumindo que as distorções de Bill a cada cena sejam a realidade objetiva. Mas Um Dia de Fúria deixa tão claro que a ótica (e a ética) de Bill é distorcida quanto Psicose faz em relação a Norman Bates.
Drinker quer tanto que Bill seja a vítima que chega até a descrever coisas que não estão no filme: ele diz que a ex-mulher afirma pro policial que ela acha "injusta" a medida protetiva contra Bill. Mas a ex-mulher não diz que acha a medida injusta. Pra ela, está claro que Bill é perigoso. Quando ela diz que a medida protetiva poderia fazer "mais mal do que bem", é no sentido de Bill ser tão desequilibrado que envolver a justiça poderia contrariá-lo e torná-lo ainda mais perigoso!
Drinker diz que Bill segue um código moral próprio e "não prejudica pessoas inocentes". Mas exceto por um ou outro caso em que Bill age em autodefesa, o filme inteiro é sobre Bill prejudicando pessoas inocentes! Quando ele soca um motorista na cara só por ele estar gritando pela janela, o motorista estava fazendo algo pior que Bill fez o filme todo? Quando ele dá um tiro de bazuca em direção a operários na rua, ele tem alguma prova de que a obra é desnecessária? E ainda que fosse, isso tornaria os operários culpados?
O código moral de Bill (e o do Drinker) parece ser o seguinte: qualquer um que irrite ele ou não atenda suas vontades e caprichos imediatamente, se torna culpado. Ele não tem concepção alguma de responsabilidade própria, de direitos individuais, direito à propriedade, ou de liberdade. A América dos sonhos do Drinker não é a "Terra da Liberdade". É uma América que elimine o fator competição, o fator risco, que garanta emprego, estabilidade e qualidade de vida para qualquer um que "faça o que lhe foi dito", que cumpra seu dever como cidadão (quem é mesmo o "gado estúpido e acéfalo"?). Os vilões, pra ele, são o capitalismo, os ricos, os "gananciosos", aqueles que pensam em si mesmos e se recusam a se sacrificar pelo "bem comum" (a direita hoje às vezes consegue ser mais esquerdista do que a própria esquerda!). Ele é incapaz de conceber que em qualquer Era de Ouro da história dos EUA (e a época em que Um Dia de Fúria se passa pra mim seria uma delas!), ainda havia contratempos, filas, pessoas ignorantes, restaurantes oferecendo comida de baixa qualidade, produtos que alguns poderiam julgar caros demais — que nem toda dificuldade da vida é culpa de um crime ou de um sistema corrupto. Mas pra esse tipo de mentalidade, o sistema ideal deveria fazer desaparecer todas as dificuldades existenciais… Portanto, qualquer obstáculo que surja no seu caminho se torna uma prova da corrupção do sistema — não apenas o trânsito, os preços altos, mas também o calor, a mosca dentro do carro etc. Por isso, é "compreensível" que Bill pegue uma arma e saia dando tiros para todos os lados.
Este é o personagem que o The Critical Drinker, um dos críticos mais populares na direita hoje, diz representar todos nós.
terça-feira, 21 de maio de 2024
Roteiro: o Relojoeiro e o Planejador de Viagem
Entre os escritores ou teóricos que defendem o cinema narrativo, filmes com tramas etc., há dois tipos de abordagens que nunca vi serem diferenciadas, mas que causam confusão quando não são:
A segunda é a do roteirista que vou chamar de "Planejador de Viagem". Este também pode buscar harmonia e coesão interna, mas está mais preocupado com a experiência que proporcionará ao "viajante", em levá-lo aos lugares mais interessantes possíveis dentro daquela rota, mantendo a jornada memorável e prazerosa do início até o destino final.Este modelo (que incorpora vários princípios importantes do Idealismo como o Princípio da Ascensão e o dos Set Pieces) é baseado na teoria de felicidade representada pela frase: "A felicidade é a realização progressiva de um ideal ou objetivo digno". Ou seja, para estarmos felizes (tanto na vida real quanto na vida simulada pela arte), precisamos ter um objetivo atraente no futuro para o qual sentimos que estamos caminhando, e precisamos também ter recompensas ao longo do caminho; realizações intermediárias que confirmem que estamos indo na direção certa e renovem nossa motivação.
Há um perigo em confundir histórias bem construídas, que respeitam o pilar da Objetividade, com o tipo de quebra-cabeça conceitual praticado pelo Relojoeiro. O dom do Relojoeiro pode até ser admirável e tornar um roteiro mais impressionante tecnicamente, mas ele não é apropriado pra todo tipo de história, e não reflete uma virtude humana tão fundamental para a apreciação estética. O tipo de inteligência que o Relojoeiro projeta é análoga à do campeão de xadrez; um talento que pode ser fascinante, como o de um malabarista, mas que não tem uma relação tão direta com produtividade e com a felicidade humana. Já a disciplina do Planejador de Viagem de saber estabelecer o destino certo, de saber caminhar em direção a ele, sempre recompensando o interesse e a motivação do "viajante", este sim está diretamente ligado o processo da felicidade.Quando roteiristas do tipo "Relojoeiro" ficam encantados demais com a engenhosidade de seus quebra-cabeças e não formam uma parceria saudável com o "Planejador de Viagem", eles muitas vezes perdem de vista o prazer do espectador, e terminam escrevendo histórias que parecem inteligentes, bem elaboradas, mas que deixam o público frio emocionalmente.
Billy Wilder era um ótimo roteirista que tombava às vezes pro lado do Relojoeiro. Seus melhores filmes, como Crepúsculo dos Deuses ou Testemunha de Acusação, integravam bem as duas abordagens. Mas muitos de seus filmes pareciam mais preocupados com os jogos e simetrias conceituais do que com o apelo real do enredo — como Cupido Não Tem Bandeira ou até mesmo Se Meu Apartamento Falasse.
Os melhores Planejadores de Viagem seriam cineastas como Spielberg ou Hitchcock, que além de priorizarem os destinos, têm também um dom especial para descobrir lugares incríveis que ninguém visitou antes. Em um making-of de Jurassic Park, lembro de um colaborador de Spielberg dizendo que, uma vez definida a premissa do filme, o primeiro passo deles era sempre pensar "o que absolutamente não poderia faltar nessa história" — se o filme é sobre ressuscitar dinossauros, por exemplo, eles não poderiam desperdiçar a chance de ter um T-Rex eventualmente escapando e caçando os protagonistas. Isto é pensar em termos de "destinos". Hitchcock também costumava pensar primeiro nos Set-Pieces e nas cenas interessantes que a premissa permitia, pra depois construir a trama ao redor delas.
Planejadores de Viagem também podem levar esta abordagem de Hitchcock a um extremo ruim, e terminarem com um filme cheio de momentos memoráveis, mas cuja história pareça aleatória e mal costurada (um exemplo negativo seria Barbie, que além de pular de um destino para o outro sem a menor preocupação com coerência, mostra um gosto bem duvidoso em suas escolhas de destinos). Mas eu não diria que, pra manter o equilíbrio, os Planejadores de Viagem precisam formar uma parceria com o Relojoeiro necessariamente. Às vezes pode ser o caso. Mas pra introduzir um terceiro arquétipo a esta história, seria um bom "Alfaiate" que todo roteirista precisa ter ao seu lado. A preocupação do Alfaiate com a qualidade do material, com as emendas, com a harmonia e funcionalidade das partes, garantirá que a história não perca sua integridade — mas ele não exigirá que toda história seja um quebra-cabeça extremamente complexo.segunda-feira, 20 de maio de 2024
Planeta dos Macacos: O Reinado
Amigos Imaginários
A premissa é um exemplo típico da História Idealista #1 — uma garota passando por dificuldades emocionais após a morte de sua mãe tem sua vida transformada com a chegada do personagem do Ryan Reynolds e sua trupe de "IFs" (Imaginary Friends).
Isso quer dizer que Amigos Imaginários faz jus às suas referências? Não — ele expressa um certo saudosismo, mas destrói todo o suposto otimismo da história ao deixar explícito que os IFs (que simbolizam felicidade, amor, inocência) não passam de uma fantasia infantil; são apenas uma maneira "poética" do filme representar o escape da menina Bea de sua realidade triste para um mundo mais cor-de-rosa (o mundo real do filme é definido por hospitais, doenças terminais, morte etc.). A "alegria" do filme é tão convincente quanto a projetada por esses palhaços deprimentes de hospital, cujo otimismo forçado, água-com-açúcar e desconectado da realidade só aumenta a certeza do paciente de que algo horrível deve estar acontecendo (Krasinski disse que concebeu a história durante a pandemia pra tentar conter o amadurecimento repentino de suas filhas, o que faz bastante sentido — ele parece enxergar "felicidade" e "ilusões da infância" quase como sinônimos, por isso pra ele deve parecer trágico alguém crescer e perder a capacidade de viver em um mundo de fantasia).quinta-feira, 16 de maio de 2024
Comentários - Filmes Favoritos de Ayn Rand
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| Ninotchka brincando de ser executada por comunistas |
Essa é uma tendência que eu acho um pouco intrigante em Rand: a de exaltar histórias um tanto pesadas e sofridas como exemplos máximos do Romantismo. Nunca li Os Miseráveis (a maior obra da literatura Romântica pra ela) mas quando penso nas adaptações que vi para o cinema e teatro, lembro principalmente de pessoas passando por experiências horríveis, andando pelos esgotos etc. Cyrano de Bergerac é outra história que acho indigesta — um homem que é impedido de viver um grande amor por conta da feiura de seu nariz. Não só a história me parece desnecessariamente pessimista, como o protagonista pra mim é detestável desde sua introdução, quando ele estraga uma apresentação teatral e humilha artistas honestos em público sem razão alguma.
Talvez Rand desse uma importância tão grande pra engenhosidade da trama que todo o resto se tornasse secundário (isso às vezes, pois no caso de Siegfried este critério não se aplica, como discutirei mais tarde). Só isso explica Como Possuir Lissu estar entre seus filmes favoritos (segundo Mary Ann Sures), pois o filme é bem mediano e convencional se comparado a clássicos do mesmo gênero e do mesmo período. Seu maior diferencial é o fato da trama ser cheia de surpresas e reviravoltas, que eu particularmente não acho tão brilhantes e bem escritas assim (me lembra filmes tipo Um Contratempo ou Truque de Mestre que querem se provar mais espertos que o público e ficam fazendo uma série de manobras artificiais).Que Espere o Céu também se destaca pela criatividade da história (vida após a morte ainda era um tema original na época, e a premissa serviria de inspiração para A Felicidade Não Se Compra, Neste Mundo e no Outro e outras histórias sobre o "além" que viriam depois — quem sabe até para Ghost), mas a direção e o elenco não são dos melhores, o roteiro em si é mediano, cheio de buracos, e não acho que o filme seja um exemplo tão bom assim de fantasia com mensagens racionais.
Para o contexto da época, Os Nibelungos: A Morte de Siegfried era realmente uma produção grandiosa, sofisticada, mas o filme se destacava mais pela fotografia estilizada e pela direção de arte do que por qualquer outra coisa. Nos anos 20, os críticos americanos já reclamavam da falta de requinte do cinema Hollywoodiano, e o cinema alemão se tornou então o grande exemplo de sofisticação estética que Hollywood deveria almejar (filmes de F. W. Murnau, Ernst Lubitsch, Erich von Stroheim, Fritz Lang etc.).
Além disso, Rand exagera quando diz que cada frame de Siegfried é como uma pintura. Há momentos em que Siegfried de fato parece um quadro, especialmente em cenas dramáticas que pedem um visual mais emblemático. Mas na maior parte, a fotografia do filme não faz mais do que obedecer a regras básicas de composição. E pra mim, este é o certo mesmo. Filmes que se parecem com um quadro o tempo todo (como os do Wes Anderson) não são exemplos de boa direção. Em meus textos Objetividade na Direção e Idealismo e Naturalismo na Direção de Fotografia eu falo da importância da imagem para o cinema, mas discuto como sua função principal é servir à narrativa e à epistemologia do espectador. Imagens belas e estilizadas não são necessariamente "cinematográficas".No Rotten Tomatoes é possível achar críticas de Siegfried da época do lançamento que nos ajudam a entender melhor o contexto dos anos 20. E é curioso ver que o ritmo do filme já era considerado um pouco arrastado na época, e que os personagens já pareciam caricaturas sem sutileza e profundidade até para os padrões do cinema mudo. Não acho Siegfried ruim. Pelo contrário, acho uma produção admirável e concordo que Fritz Lang seja um ótimo diretor. Só estou enfatizando esses pontos pelo fato de Rand ter colocado o filme em um patamar tão acima de tudo feito no cinema entre 1895 e 1971.
Quem não tem familiaridade com a história do cinema provavelmente achará difícil julgar os méritos de Os Nibelungos: A Morte de Siegfried vendo o filme hoje. Mas sugiro que você assista no YouTube aos dez primeiros minutos de Em Busca do Ouro (1925) do Chaplin, ou de O Ladrão de Bagdá (1924) (que, aliás, também são cheios de imagens incríveis) e julgue por si mesmo se o requinte visual de Siegfried realmente o torna uma obra de arte tão superior, ou se outros elementos como a premissa, a clareza da narrativa, o magnetismo dos heróis, a quantidade/qualidade das ideias do roteiro, também não seriam elementos cruciais para a arte do cinema.sábado, 11 de maio de 2024
Cultura - Maio 2024
Conteúdo interessante no Substack do Ted Gioia também, como este artigo sobre o impacto da "cultura da dopamina" no entretenimento: https://www.honest-broker.com/p/the-state-of-the-culture-2024
11/5 - Madonna e Rio Grande do Sul — maus valores na prática
O desastre no Rio Grande do Sul e o show da Madonna em Copacabana abriram as portas do inferno na internet e uniram os conservadores e os altruístas de todos os cantos em uma grande confusão. Minhas observações:![]() |
| Quando a aparência reflete o espírito. |
sexta-feira, 10 de maio de 2024
O Dublê
Cai na categoria de filmes como Cidade Perdida (2022) que nunca se decidem se são uma comédia ou um filme de ação sério, assim não precisam ser muito bons nem em uma coisa nem em outra. Só que O Dublê vai além e consegue ser péssimo em ambas. Há uma coleção de piadas que vão te deixando de mal humor de tão sem graça (e sem sentido) que são: a da viagem de ácido, a do megafone, a do alienígena, a da Taylor Swift, a do karaokê, o clichê insuportável da cena de ação ao som de uma canção pop "irônica"... E o enredo consegue ter menos sentido que os dos filmes "straight face" que discuti recentemente — só que aqui é pior, pois o filme acha que está sendo inteligente. (Essa falta de lógica nos filmes é o fenômeno que mais tem me espantado nos últimos meses.)quarta-feira, 8 de maio de 2024
Filmes Favoritos de Ayn Rand
"Potencialmente, o cinema é uma grande arte, mas este potencial ainda não foi realizado, exceto em casos singulares e momentos aleatórios. Uma arte que requer a sincronização de tantos elementos estéticos e tantos talentos diferentes não pode se desenvolver em uma época de desintegração filosófica/cultural como a atual. Seu desenvolvimento requer a cooperação criativa de homens que estejam unidos, não necessariamente por convicções filosóficas formais, mas por uma visão fundamental do homem; por um Senso de Vida." — "Art and Cognition", 1971
"No que diz respeito aos seus aspectos ficcionais, cinema e televisão, por sua natureza, são mídias adequadas exclusivamente ao Romantismo (às abstrações, ao essencial e ao drama). Infelizmente, ambas as mídias chegaram tarde demais: o grande dia do Romantismo havia passado, e apenas seus últimos ecos alcançaram alguns filmes excepcionais. (Siegfried de Fritz Lang é o melhor entre eles.)" — "What Is Romanticism", 1969
"A música e/ou a literatura são a base das artes performáticas e das combinações em grande escala de todas as artes, como a ópera ou o cinema. No cinema ou na televisão, a literatura é a regente e a definidora de termos. Roteiros para cinema e televisão são subcategorias do drama e, nas artes dramáticas, "a peça é o que importa". A peça é aquilo que a torna arte; a peça fornece o objetivo, para o qual todo o resto é o meio." — "Art and Cognition", 1971
O Milagre de Anne Sullivan (The Miracle Worker / 1962 / Arthur Penn)Rand era uma grande admiradora da peça de William Gibson que, até onde ela sabia, era a única "peça epistemológica" já escrita: "Ela prende o espectador com um suspense tenso e crescente, não sobre uma perseguição ou um assalto a banco, mas sobre a questão de saber se uma mente humana irá ganhar vida". A avaliação que Rand faz é da peça, não do filme, mas como ela comenta no texto que Patty Duke teve um "desempenho superlativo" tanto no teatro quanto na versão para o cinema, sabemos que ela viu o filme, e podemos supor que gostava de ambas as versões. — "Kant Versus Sullivan", 1970
Dança: Musicais com Fred Astaire / Bill Robinson — Rand não citou filmes específicos, mas podemos supor que ela gostava de alguns musicais do Fred Astaire ou do Bill Robinson, pois escreveu em "Art and Cognition" que sapateado era sua forma de dança favorita, e que Astaire e Robinson eram seus maiores expoentes.
"Acredito que A Ilha dos Navios Perdidos, que pertence à Warner Bros., seja uma das melhores histórias para o cinema de todos os tempos, e quero encorajá-lo entusiasticamente a fazer uma versão moderna dela. Esta história tem um conflito central extremamente dramático — o tipo de ideia que contém todos os elementos de uma verdadeira trama." — Letters of Ayn Rand, 1949
Gênero: Terror e filmes do Boris Karloff — Embora em 1958, no curso The Art of Fiction, Rand tenha falado positivamente de livros como Frankenstein e O Médico e o Monstro, por serem histórias de fantasia com mensagens racionais, em 1969, no artigo "What Is Romanticism", ela caracterizou a literatura de horror como o "fim da linha" no processo de desintegração do Romantismo:
Gênero: Musicais com Jeanette MacDonald e Nelson Eddy — Rand expressou certo desprezo pela dupla no artigo "Art and Cognition" quando disse: "Gosto de música de opereta de um certo tipo, mas eu preferiria ouvir uma marcha fúnebre ao 'Danúbio Azul' ou ao tipo de música de Nelson Eddy e Jeanette MacDonald."Segundo Mary Ann Sures, Ayn Rand (que gostava muito da Katharine Hepburn), reprovou os toques Naturalistas do filme, que pareciam desglamourizar os protagonistas desnecessariamente — durante a sessão, ela reagiu negativamente à cena do chá em que o estômago de Humphrey Bogart começa a roncar e gorgolejar, ao visual sujo e despenteado Bogart e à aparência simples de "solteirona" que deram para Hepburn.
As Panteras (Charlie's Angels / 1976—1981) — "É a única série de TV Romântica hoje. Ela não é realista. Não é sobre a sarjeta ou sobre crianças retardadas como as outras séries de hoje. É sobre três garotas atraentes fazendo coisas impossíveis. E o fato de serem impossíveis é o que a torna interessante. A série mostra três garotas que são melhores que a chamada 'vida real'". — entrevista com Phil Donahue, 1980




































