
quinta-feira, 27 de fevereiro de 2025
Fevereiro 2025 - outros filmes vistos

terça-feira, 25 de fevereiro de 2025
Cultura - Fevereiro 2025
25/2 - No meu texto recente Como Salvar o Cinema, apontei dois problemas centrais na indústria: os valores Anti-Idealistas na cultura (DEI, woke, etc.) e a mercantilização do cinema. À medida que a cultura woke entra em declínio, algumas franquias vêm se "descorrompendo" e tentando adotar um tom mais positivo e nostálgico pra agradar os fãs (e evitar prejuízos). Eu deveria estar aliviado com isso, mas ainda não estou — e o motivo é que o segundo problema ainda não deu qualquer sinal de declínio.
A venda dos direitos criativos da franquia 007 para a Amazon foi o lembrete mais recente de que o cinema popular de Hollywood é raramente resultado de impulsos criativos autênticos. E sem autenticidade, inteligência e qualidade, o "Idealismo" de um filme não tem grande efeito. Em comparação com The Acolyte, Skeleton Crew foi um grande avanço em termos de tom, mas continua sendo uma série enlatada, que não tive interesse em continuar vendo após o segundo episódio. Filmes como Twisters e Alien: Romulus também tentaram se reaproximar do tom dos originais, mas, criativamente e dramaticamente, não trouxeram nada realmente especial. Pelo trailer, prevejo que Jurassic World: Rebirth seguirá a mesma tendência do fan service sem personalidade.
No texto Mentalidade Clichê, escrevi:
"Em certas situações, acho preferível ver um filme com valores diferentes dos meus [outro 'Senso de Vida'], mas que seja autêntico, do que um filme totalmente clichê que supostamente reflete os meus valores ('supostamente', pois fica sempre uma desconfiança). Autenticidade parece ser uma qualidade básica, sem a qual todas as outras perdem força."
Ou seja, a cultura woke certamente está em declínio, mas enquanto produtores com intenções melhores não assumirem a liderança de Hollywood, não acho que veremos uma revitalização do cinema.
Dei algumas diretrizes para o ChatGPT corrigir meus textos, focando em ortografia, gramática e pontuação, mas se atendo ao texto original, sem acrescentar ou remover ideias, implicações ou alterar o estilo. Ainda assim, algumas coisas acabam sofrendo alterações, até porque existem erros que se tornaram parte do meu estilo e que o corretor acaba removendo — compreensivelmente. Queria saber se isso incomoda vocês como leitores.
Minha postura no momento é ser contra a IA generativa para fins artísticos e criativos, mas não vejo um grande problema em usá-la para funções mais práticas e técnicas — coisas que pessoas criativas já tendem a delegar a revisores, assistentes, softwares, etc. O problema é que, como a ferramenta é capaz de tudo, até de escrever um texto inteiro por você, quem lê pode sempre ficar com a dúvida: até que ponto estou lendo algo autêntico, me conectando com o autor do texto, e até que ponto estou me conectando primeiramente com uma IA? Pra mim, a IA é o Auto-Tune do cérebro — e, assim como hoje não sabemos mais o quanto um cantor é realmente afinado no mercado musical, em breve não saberemos o quanto uma pessoa é inteligente, capaz de pensar sozinha, etc. Talvez a norma no futuro seja as pessoas fazerem declarações como esta, estabelecendo o papel que a IA tem no trabalho delas. Mas muito vai depender da confiança e do que a pessoa construiu antes da chegada da IA, no caso da geração que teve uma vida anterior.
quarta-feira, 12 de fevereiro de 2025
Missas e Benevolência

Já nessa última missa, ficou claro para mim que o valor principal que o evento queria oferecer era Benevolência. Numa cultura onde Benevolência é o mais negligenciado dos quatro valores positivos, foi até surpreendente ver um ambiente onde se falava em esperança, paz, harmonia, inocência, e isso era desejado e levado a sério pelo "espectador". Onde músicas com "acordes doces" e mensagens otimistas eram cantadas por homens barbados — algo bastante improvável fora daquele espaço. Embora eu continue não sendo religioso, consegui me identificar melhor com a motivação das pessoas ali.
Tive até uma percepção diferente da imagem de Jesus crucificado. Em vez de uma romantização do autossacrifício, a imagem me pareceu apenas um pano de fundo para as palavras positivas e reconfortantes do padre — o Contraste malevolente estratégico pra dar peso e respeitabilidade à mensagem benevolente (a "invasão nazista" de A Noviça Rebelde, os "1500 mortos" de Titanic, etc.).
Não sei até que ponto essa leitura se aplicaria a uma missa católica ou até a outras missas desta mesma tradição, mas a reflexão que tirei da experiência é que, apesar do Idealismo ter sido minimizado no entretenimento, outras instituições acabam sempre acabam dando um jeito de suprir as necessidades emocionais da população ligadas aos valores positivos. Assim como o esporte pode servir como uma fonte de Autoestima e Excitação pra muita gente — algo que a arte vem deixando de oferecer — a Igreja pode ter se tornado uma das únicas fontes de Benevolência.
terça-feira, 11 de fevereiro de 2025
Como Salvar o Cinema: Minhas Sugestões
Brincando de ser prefeito de Hollywood, vou listar abaixo minhas recomendações para revitalizar o cinema.
De certa forma, meu livro e este blog inteiro são minhas sugestões de como melhorar o cinema. Mas neste post, vou apresentar uma estrutura resumida pra que fique um pouco mais claro como implementar essas ideias.
Na minha visão, pra que uma indústria saudável e próspera exista, algumas condições são fundamentais:
- Ambiente político favorável: uma sociedade livre politicamente, onde as pessoas possam produzir sem grandes impedimentos do governo.
- Talentos: uma indústria que priorize excelência e esteja sempre cultivando e colhendo os melhores talentos da população.
- Valores culturais/estéticos positivos: um clima cultural (público, intelectuais, instituições) que aprecie e incentive habilidade, prazer, benevolência, racionalidade, beleza — valores que promovam a felicidade.
Com liberdade, talentos e uma cultura positiva, acho que o cinema naturalmente prosperaria. Quando o cinema está em crise, é porque essas condições estão sendo minadas de alguma forma.
Considerando a crise atual do cinema americano, vou listar algumas mudanças que, na minha visão, são necessárias para que ele volte a ter a força que já teve no passado.
É importante ressaltar que, assim como o surgimento da televisão impactou o tamanho do público de cinema, novas formas de conteúdo e entretenimento, como YouTube e redes sociais, também são competidores legítimos de longas-metragens (que, para muitos, são só um passatempo). Com mais opções de entretenimento, é natural que filmes sejam vistos por menos pessoas e com menos frequência do que no passado. Mas isso não significa que a qualidade do que é produzido precise diminuir. O número de filmes produzidos e de espectadores em salas de cinema caiu bastante nos anos 50, mas a qualidade dos filmes não foi piorando progressivamente. Se a qualidade decaiu tanto na última década, não acho que seja por uma redução do público.
A crise atual do cinema é consequência de vários fatores culturais e econômicos interligados. Vou listar abaixo os principais problemas que vejo destruindo as condições listadas acima, e também uma breve indicação de como solucioná-los:
FALTA DE LIBERDADE E LIVRE COMPETIÇÃO
Solução: contratar e reconhecer profissionais com base em excelência, resultados e compatibilidade com o projeto (vale para o Oscar e outras premiações).
Solução: escalar atores com base em uma combinação ideal de talento, carisma e "star quality" — e preservar um mistério sobre a vida pessoal das celebridades.
Solução: realinhamento com a estética Idealista e com a Primazia do Espectador (vale também para o Oscar).
Solução: realinhamento do entretenimento com princípios Idealistas.
Solução: liberar as grandes produções para que elas voltem a lidar com temas que realmente provoquem e surpreendam o público.
Falta de talentos e de liberdade criativa: grandes produções hoje são frequentemente comandadas por estúdios, empresários, comitês, não por artistas autênticos, o que reduz os talentos na indústria e a qualidade dos filmes.
Solução: resgatar o equilíbrio do passado que criava o "Gênio do Sistema" — a tensão produtiva entre escritores/diretores de talento excepcional, que protegiam a integridade artística do trabalho, e o produtor (alguém também educado artisticamente — não apenas um investidor), que protegia a viabilidade comercial do projeto.
Solução: tirar filmes novos de pacotes de assinatura, para que o sucesso comercial de cada filme volte a depender de transações individuais (ingressos de cinema, aluguéis e vendas digitais ou de mídias físicas).
Solução: priorizar qualidade, originalidade, obras autocontidas, e reduzir o número de filmes que dependem de IPs.
Esta não é uma lista definitiva, e há outros problemas que poderia acrescentar no futuro, mas a maioria deles é consequência desses dois problemas mais fundamentais: o Anti-Idealismo na cultura e a mercantilização do cinema.
Não acho que seja possível algum poderoso revolucionar a indústria cinematográfica mexendo nesses fatores um a um, de forma calculada, pois há dinâmicas mais complexas por trás dos rumos que a cultura e a economia tomam. Não é possível, por exemplo, replicar em 2025 as mesmas condições que tornaram a geração Boomer ambiciosa e otimista há 50 anos. E as novas tecnologias que mudaram a relação do público com a produção audiovisual e com as celebridades também não devem desaparecer. Ainda assim, acho que algumas dessas dicas podem ser adotadas por produtores individuais que queiram fugir das práticas que vêm prejudicando o cinema atual.