terça-feira, 7 de fevereiro de 2017

Toni Erdmann

Tenho sempre um pouco de receio de indicar comédias pois desde pequeno noto que meu senso de humor não combina em nada com o das pessoas em geral. E embora eu tenha achado Toni Erdmann um filme extremamente sensível, original, bem atuado (as 2 performances centrais pra mim são dignas de Oscars), tenho que admitir que parte do motivo dele estar entre meus favoritos dos últimos anos é o fato de eu ter dado risada do começo ao fim (algo que talvez não aconteça com vocês que estão lendo isso). Então levem esse aspecto subjetivo do humor em consideração.

O filme está indicado ao Oscar de Melhor Filme Estrangeiro e conta a história de um senhor que resolve viajar pra visitar sua filha - com quem ele tem uma relação um pouco distante - e que está passando por um período de bastante stress profissional. Há muitos filmes que eu gosto que se encaixam nesse formato de narrativa: uma figura externa (o pai / Toni Erdmann) chega pra resgatar o personagem central (a filha) de uma vida de stress e repressão. Mas poucos são tão originais no processo de atingir esse resultado. É meio que um filme de 1 piada só, mas o roteiro consegue criar situações tão diferentes o tempo todo que a fórmula não se esgota (mesmo ele tendo mais de 2 horas e meia de duração).

E claro, não é só o humor que torna o filme especial. Por trás de tudo há uma história tocante de relacionamento familiar e uma mensagem incrível sobre nunca perder o senso de diversão na vida.

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Toni Erdmann / Alemanha, Áustria / 2016 / Maren Ade

FILMES PARECIDOS: Elle (2016)

NOTA: 8.5

2 comentários:

Anônimo disse...

O q vc acha do humor de Andy Kaufmann? li que Toni Erdmann foi baseado no estilo anti-humor do Kaufmann e da aplicação de piadas práticas que ele fazia.

Caio Amaral disse...

Não conheço o Andy Kaufman direito pra dizer.. eu só vi uns trechos de coisas dele, e ainda não "captei" o humor (mesmo tendo visto o filme com o Jim Carrey). Mas imagino que "anti-humor" não tenha muito a ver com meu estilo, se é o que imagino.. Toni Erdmann não representa exatamente meu tipo favorito de humor — o que eu achei engraçado aqui é que, num contexto mais naturalista, ele conseguiu criar um tipo de situação que eu costumo achar cômica.. que é o contraste entre um ambiente meio esnobe com pessoas presas a formalidades e convenções sociais, e um personagem com uma inocência meio "disruptiva" que surge pra quebrar com a chatice.. algo meio Irmãos Marx.. só que aqui seria uma versão menos óbvia desse tipo de comédia, passada pelos filtros do cinema europeu.. mas a versão mais pura me representaria melhor. abs!