terça-feira, 24 de maio de 2022

Tico e Teco: Defensores da Lei | Crítica

Tico e Teco: Defensores da Lei  - poster
Adaptação live-action da série animada que estreou na TV em 1989. O filme começa mostrando um pouco da história de origem de Tico e Teco — mas não dentro do universo do desenho, e sim nos bastidores, como se eles fossem 2 atores reais em Hollywood que fizeram sucesso nos anos 80/90 estrelando o desenho Tico e Teco e os Defensores da Lei, e depois seguiram caminhos separados. Nos dias de hoje, a dupla acaba se reencontrando (Tico ainda em 2D, mas Teco otimizado para CGI) e tendo que unir forças pra resgatar o amigo Monterey Jack das mãos de traficantes de queijo.

O filme se passa num mundo meio Roger Rabbit onde personagens animados e seres humanos coexistem, e também num universo-compartilhado da animação, que reúne personagens famosos de diversos desenhos numa mesma realidade (não apenas personagens da Disney). Embora não seja uma ideia original (Space Jam: Um Novo Legado fez algo parecido recentemente, assim como Shrek, Detona Ralph etc.) esse é certamente um dos filmes que melhor explorou esse conceito e extraiu da situação as melhores piadas (o diretor Akiva Schaffer é comediante e foi roteirista/diretor no Saturday Night Live por vários anos — experiência que é notada). No medidor de "ideias por minuto" o roteiro tem uma pontuação altíssima, e eu me peguei pausando e voltando o filme várias vezes pra pegar detalhes que passavam muito rápido, como um outdoor ou cartaz cômico aparecendo ao fundo.

É uma comédia pra cinéfilos, pois muitas das piadas envolvem filmes e tiram sarro da indústria do cinema — Hollywood é praticamente a vilã da história, mostrada como uma fábrica de remakes e reboots absurdos (Bebês Velozes e Furiosos está prestes a ser lançado, e Meryl Streep será o Sr. Doubtfire no remake gender-swap de Uma Babá Quase Perfeita) e que agora começou a sequestrar personagens animados do passado e desfigura-los ligeiramente pra driblar leis de direitos autorais e usá-los em produções fajutas, que lucram em cima da similaridade com produções antigas de sucesso. É uma crítica esperta e uma alfinetada muito bem dada na indústria, que poderia ter saído pela culatra, caso Tico e Teco (em si uma adaptação) não fosse tão criativo e engraçado quanto é.

Chip 'n Dale: Rescue Rangers / 2022 / Akiva Schaffer

Satisfação: 8

Categoria: A

Filmes Parecidos: WiFi Ralph: Quebrando a Internet (2018) / Space Jam 2: Um Novo Legado (2021) / Pokémon - Detetive Pikachu (2019) / Uma Cilada para Roger Rabbit (1988)

4 comentários:

Dood disse...

Eu também gostei bastante, até rolou uma polêmica pelo Peter Pan ser o vilão do desenho pelo background do personagem se assemelhar ao ator que fazia personagem:

https://gauchazh.clicrbs.com.br/cultura-e-lazer/tv/noticia/2022/05/disney-e-criticada-por-semelhanca-entre-vilao-de-tico-e-teco-defensores-da-lei-e-ator-que-teve-fim-tragico-cl3kavhze004h019itxanfkay.html

Caio Amaral disse...

Rss esse povo do twitter não tem o q fazer mesmo.. tinham mais é que aplaudir o fato de ainda existir alguma brecha na Disney pra filmes com esse tipo de ousadia e liberdade criativa. A história do Bobby Driscoll nem é tão famosa assim, não acho que os cineastas tenham contado com essa associação do público.. Peter Pan velho e barrigudo serve como uma ironia muito mais abrangente, por ser o "garoto que nunca cresce".. e a ideia de astros mirim que não conseguem trabalho depois de grandes é um fenômeno atemporal no show-business.

Korvoloco Aspicientis disse...

Olha, por mais magoado que eu esteja com a Disney de uns anos pra cá, como a forma que está tratando suas franquias que tanto amamos, como a última trilogia de Star Wars, ou praticamente arruinando o cinema mundial com filmes medíocres da Marvel sendo lançados quase todo mês, tenho que admitir, esse filme do Tico e Teco foi uma grata surpresa! Me senti voltando no tempo, numa época que Hollywood fazia filmes para a família apenas pra entreter, não impor uma agenda progressista, subvertendo gêneros, ou uma crítica escancarada de democratas contra republicanos (mensagens anti-Trump), protagonistas que você chamar de ''herói envergonhado'' e coisas do tipo.
E as referências sem dúvida foram a cereja do. Batman vs. E.T, Sonic feio ou o anão viking com olhar de animação de "O Expresso Polar" foram sacadas geniais.
Não assisti Maverick ainda, mas lendo sua crítica dele assim como a de outros, acabei tendo boas expectativas também. E talvez seja cedo pra comemorar, mas será que Hollywood está começando a pisar no freio em relação às mensagens progressistas forçadas que empurraram em cima de nós em suas superproduções nesses últimos anos?

Caio Amaral disse...

Hehe, a dos Cats no beco também achei muito boa.. eu ficava gravando stories das cenas, o que geralmente é bom sinal quando estou vendo filme em casa, rs.

Com certeza já ficou claro pra muita gente no show-business que a agenda progressista nunca vai colar com grande parte do público.. ainda mais agora que as pessoas estão mais conscientes, que o assunto já é criticado abertamente por figuras do mainstream como Bill Maher, etc. Então já existe um movimento contrário, e alguns filmes recentes refletem o início de uma readaptação (Senior Year, Tico e Teco, Northman). Dependendo da bilheteria, Top Gun: Maverick pode ser o sucesso que escancare isso pra todos.. daí no mínimo veremos produções mais divididas.. mais coisas voltadas pro público que não quer ir ao cinema pra ouvir sobre política, ver 'heróis envergonhados' etc.