segunda-feira, 30 de maio de 2022

A Médium | Crítica

A Médium - cartaz oficial
Terror Tailandês/Sul-Coreano sobre uma equipe de documentaristas que viaja para o interior da Tailândia pra registrar o dia a dia de uma médium local, que estaria possuída por um espírito benigno adorado na comunidade, que passa de mulher pra mulher de uma mesma família ao longo de gerações.

A Médium segue à risca diversos clichês que o terror do século 21 definiu como padrão: o formato found-footage, a trama sobre maldições familiares, o exorcismo obrigatório da garota jovem, a menina-monstro com o cabelo preto cobrindo o rosto que anda feito aranha, etc. O que faz o filme parecer diferente, além da ambientação, é o fato dele ter uma direção mais efetiva que a maioria. A história começa com uma boa apresentação da mitologia particular da história, definindo o contexto para o espectador, e prende a atenção logo de cara por conseguir criar um senso de realismo e veracidade, não só através da fotografia de estilo documental, mas também através da credibilidade das performances — em particular da protagonista Nim, que por ter uma personalidade marcante e não ter cara de atriz, realmente convence como médium. Daí pra frente, é só aguardar as coisas desandarem e virem os sustos.

A trama sofre de alguns problemas comuns do gênero, como uma certa falta de dinamismo (o interesse se concentra mais no grand finale, e até lá nada de muito substancial pode ocorrer) e o fato da protagonista ser guiada por regras místicas meio misteriosas, que deixam o espectador mais como observador da história do que como participante. Mas terror muitas vezes nós medimos pelos "thrills" e emoções que as cenas de suspense conseguem provocar, e nesse sentido A Médium não se sai mal.

The Medium / 2021 /  Banjong Pisanthanakun

Satisfação: 6

Categoria: B

Filmes Parecidos: O Último Exorcismo (2010) / Espíritos 2: Você Nunca Está Sozinho (2007) / Espíritos: A Morte Está ao seu Lado (2004) / A Bruxa de Blair (1999)

7 comentários:

Korvoloco Aspicientis disse...

Não vi o filme e meu comentário não tem nada a ver com a sua crítica. Mas por ser parte de uma produção sul coreana, me fez lembrar uns tempos atrás quando me questionei em meus pensamentos o motivo dos filmes e séries desse país não terem uma identidade própria.
Todo mundo, com um mínimo de conhecimento sobre culturas orientais podem identificar com facilidade um filme japonês, chinês e até mesmo tailandês, através de seus costumes, gestos, nomes dos personagens, arquitetura de algumas casas e assim por diante, e fica muito mais evidente em produções épicas, mas as produções sul coreanas parecem algo entre Japão e China sem ser um nem outro ao mesmo tempo aos olhos de um público mais desatento. E não tem como esquecer das boy bands de K-Pop, que pegaram carona das boy bands japonesas (tudo bem que os japoneses copiaram dos ocidentais, mas pelo menos os japoneses ainda incluíram uma identidade cultural própria mesmo que de forma sutil). Aliás, é engraçado a Coreia do Sul pegar muito da cultura japonesa ao mesmo tempo que possui uma mágoa imensa depois de tudo que o Japão fez com esse país até a Segunda Grande Guerra.
Também tem o fato dos filmes e séries sul coreanos de maior sucesso nos últimos anos serem carregados de mensagens políticas com pautas esquerdistas.

Caio Amaral disse...

Sinceramente, não sou de bater o olho e identificar imediatamente se um filme é japonês, chinês, sul coreano, a não ser tenha alguma peculiaridade óbvia. Então também nunca percebi essa falta de identidade das produções coreanas. Só sinto que elas parecem buscar numa linguagem mais "internacional", compatível com o mercado americano etc... o que eu acho bom. Tem países cuja cultura é mais insular, e os filmes parecem excêntricos pra quem vê de fora, tipo a India, que tem um mercado gigante, mas que não atinge muito o ocidente (estava vendo aquele "RRR", que é um super blockbuster, mas ainda assim é cheio daquelas excentricidades de Bollywood).

Dood disse...

Sim, a indústria Coreana vive de copiar o modelo Japonês. Até mesmo a China copia alguns produtos da mídia Nipônica como os animes e mangás.

Dood disse...

Só mais uma coisa: a diferença (no caso dos produtos Coreanos) é que digamos eles são mais abertos a levar esses produtos para o mundo que os Japoneses.

Caio Amaral disse...

*uma linguagem

É.. historicamente acho que o cinema japonês é o mais influente da Ásia.. por causa da "era de ouro" dos anos 50/60 etc.

Korvoloco Aspicientis disse...

Pois é. Se analisar mais ao fundo, veremos que a cultura japonesa inspirou fortemente a cultura ocidental também há muitas décadas, como os clássicos de Akira Kurosawa, que sem ele não teríamos Sete Homens e um Destino, Star Wars, entre tantos outros, assim como Osamu Tezuka, autor de Kimba, que muito provavelmente inspirou O Rei Leão, da Disney.
O que acabei deixando passar no que eu disse aí em cima, é que a Coreia do Sul não possui grandes artistas ou cineastas clássicos importantes, como Akira Kurosawa ou Osamu Tezuka foram para o Japão.
E concordo com você, Dood. Eu discordo de algumas coisas que o Regis Tadeu fala em relação a músicas, mas ele está corretíssimo ao se referir o cenário musical sul coreano a fábricas de salsichas.

Caio Amaral disse...

Vale notar que o Kurosawa é um dos mais ocidentais dos cineastas asiáticos.. não é um cinema tipicamente japonês.. ele provavelmente foi bastante influenciado por Hollywood, John Ford, etc.. mas mais tarde, acabou se tornando uma referência pro próprio ocidente.