Minha Mãe É uma Peça 3 (2019) - 7.0
Dois Papas (2019) - 5.0
História de um Casamento (2019) - 7.0
Entre Facas e Segredos (2019) - 6.0
Meu Nome é Dolemite (2019) - 5.5
As Golpistas (2019) - 7.5
Downtown Abbey (2019) - 4.0
sexta-feira, 27 de dezembro de 2019
quinta-feira, 26 de dezembro de 2019
Cats

ANOTAÇÕES:
- A produção é boa em termos de direção de arte, fotografia. Os efeitos nem são tão ruins - os gatos são bizarros, mas isso é mais um problema de design do que da qualidade do CGI.
- O começo já não funciona muito bem. Teria sido melhor mostrar como era a vida da Victoria antes dela ser abandonada, apresentar a personagem, o universo dela, os desejos dela, pra daí acontecer a reviravolta e ela ir parar no mundo dos gatos "Jellicle". Do jeito que acontece, não há nenhum contraste entre o que ela era antes e o que ela será agora. É apenas mais uma gata se juntando a um grupo de gatos... Não há uma diferença fundamental entre ela e os "Jellicle". Não é como uma pessoa normal descobrindo um mundo fantástico, tipo Dorothy em O Mágico de Oz. Se Dorothy já fosse uma criatura igual às do mundo de Oz, tipo uma "mulher de lata", não haveria surpresa descobrir esse novo mundo.
- Toda a sequência da gata gordinha (Rebel Wilson) merece um lugar na lista dos piores momentos da história do cinema. Não só o CGI dela ficou ainda mais bizarro que o dos outros gatos, como a parte dos ratos e das baratas dançando é de um mau gosto indescritível.
- As músicas são fracas, e são usadas de maneira ruim - não avançam a história, não surgem em contextos adequados dramaticamente. Até porque não há história nem narrativa (literalmente!). O filme é apenas uma sequência de gatos se apresentando.

- Os vocais do filme são ruins. Provavelmente o diretor Tom Hooper usou a técnica de fazer os atores cantarem ao vivo no set, assim como ele fez em Os Miseráveis, o que acaba estragando as músicas (principalmente as mais românticas). É um compromisso desnecessário com realismo, ainda mais quando se trata de um filme sobre gatos com rostos humanos, braços e pernas. A "protagonista" Francesca Hayward foi contratada por ser bailarina, mas ela não é cantora profissional, o que dá pra perceber.
- Não há nenhum suspense ou interesse em descobrir qual será a "escolha Jellicle". O filme não tem protagonista de fato, ninguém pra gente torcer, não apresenta nenhum conflito interessante.
- O musical da Broadway pra mim nunca teve muita graça. Talvez a única coisa que explique a popularidade e longevidade da peça, é o fato dela parecer ter sido escrita em função dos atores, pra agradar profissionais do meio teatral, afinal a peça dá oportunidade pra 20 atores diferentes (magros, gordos, brancos, negros, jovens, velhos, bailarinos clássicos, sapateadores) terem sua canção solo, seu momento pra bilhar no palco. É perfeito pra audições, ou como plataforma pra atores mostrarem suas habilidades, mas pra plateia não faz o menor sentido.
- Embora o filme seja fantasioso, no fim ele é profundamente Naturalista, não só pela ausência de trama e pelo foco em caracterizações, mas também pela maneira como ele caracteriza os gatos: em vez dos gatos representarem arquétipos universais, valores morais com os quais o espectador possa se identificar, eles são apenas gatos específicos, com nomes exóticos, hábitos particulares. Quando você assiste um filme tipo A Bela e a Fera, por exemplo, você se interessa pelos personagens pois, através de suas ações, eles vão se tornando símbolos de bondade, ou maldade, ou ganância, ou independência, e com base nisso você vai passando a torcer por um, por outro, vai desejando ou temendo que algo aconteça na história. Aqui o filme fica apenas descrevendo vários personagens e suas particularidades irrelevantes que nada interessam à plateia: gato X gosta de fazer tais coisas, se veste de tal jeito, fala com tais maneirismos... gato Y tem outras peculiaridades... Isso é mais próximo do cinema Naturalista, que espera que a gente se interesse pelos personagens não com base em valores, mas porque é importante conhecer outros povos, pessoas com hábitos diferentes, dar visibilidade a outras culturas, etc.
- Quando a Judi Dench chega pra avaliar os gatos e decidir qual será o escolhido, em vez de mudar a estrutura do filme, ele apenas continua a apresentar gatos inéditos. Nem faz sentido. A gente passou 1 hora e meia vendo gatos se apresentando, mas eles não estavam se apresentando diante da Judi Dench ainda, apenas para a plateia e para os outros gatos Jellicle. A Judi Dench só chegou depois e não viu esses primeiros gatos. Então no final, não deveria acontecer uma apresentação / resumo de todos eles pra ela poder avaliar? Ela vai basear a escolha dela só nesses últimos gatos que ela pôde assistir? E todos os outros?
- É estranho o momento da Taylor Swift... Pra que toda essa entrada triunfal, sendo que no fim a música é sobre o Macavity, e ela seria apenas uma assistente introduzindo ele? Não faz sentido ela roubar a cena dessa forma, sendo uma personagem tão secundária (claro, pra uma atriz de musical principiante que quer ter seu momento no palco deve fazer muito sentido ter essa cena).
- Péssimo esse final com teletransporte, o mágico amador tendo que se provar pra resgatar a Judi Dench daquele bote... Deve ser um dos artifícios de trama mais aleatórios já escritos.
- Péssima a performance final de "Memory", que supostamente seria o momento mais bonito do filme. Os vocais são cheios de defeitinhos e toques realistas (deixados de propósito), sem falar na expressão feia da Jennifer Hudson, no ranho escorrendo do nariz o filme inteiro. É a noção de que o que é visceral e imperfeito é mais "belo". E por que ela é a escolhida no final? Não há nada de especial nela em comparação com os outros gatos... A única "virtude" dela é ela se parecer com uma mendiga, aparentar ser a mais sofrida... E segundo as regras do altruísmo, quem sofre mais merece todas as honras, mesmo que não tenha qualidades positivas.
- Judi Dench é uma grande atriz, mas está sofrendo aqui pra cantar. Toda essa sequência após a escolha do gato parece arrastada e anticlimática.
Cats (Reino Unido, EUA / 2019 / Tom Hooper)
NOTA: 1.0
quinta-feira, 19 de dezembro de 2019
Star Wars: A Ascensão Skywalker

Star Wars: A Ascensão Skywalker / EUA / 2019 / J.J. Abrams
NOTA: 7.0
quinta-feira, 21 de novembro de 2019
Outros filmes vistos - Novembro 2019
A Vida Invisível (2019) - 1.0
Um Dia de Chuva em Nova York (2019) - 6.0
Ford vs Ferrari (2019) - 8.0
Campo do Medo (2019) - 4.0
Brinquedo Assassino (2019) - 4.5
Um Dia de Chuva em Nova York (2019) - 6.0
Ford vs Ferrari (2019) - 8.0
Campo do Medo (2019) - 4.0
Brinquedo Assassino (2019) - 4.5
domingo, 17 de novembro de 2019
O Irlandês

The Irishman / EUA / 2019 / Martin Scorsese
NOTA: 7.0
Doutor Sono

NOTA: 6.0
sexta-feira, 1 de novembro de 2019
O Exterminador do Futuro: Destino Sombrio

Terminator: Dark Fate (EUA, Espanha, Hungria / 2019 / Tim Miller)
NOTA: 4.0
quarta-feira, 9 de outubro de 2019
Outros filmes vistos - Outubro 2019
Projeto Gemini (2019) - 6.0
Malévola: Dona do Mal (2019) - 4.0
El Camino: A Breaking Bad Film (2019) - 5.0
Morto Não Fala (2019) - 4.0
Predadores Assassinos (2019) - 1.0
Malévola: Dona do Mal (2019) - 4.0
El Camino: A Breaking Bad Film (2019) - 5.0
Morto Não Fala (2019) - 4.0
Predadores Assassinos (2019) - 1.0
sexta-feira, 4 de outubro de 2019
Coringa

ANOTAÇÕES:
- A performance do Joaquin Phoenix é forte porém um pouco forçada já desde o início. O filme mal começa e ele já está rindo loucamente, chorando, fazendo caretas bizarras, sendo que ainda não temos nenhuma informação sobre o personagem, não sabemos quem ele é, por que ele é assim. A atuação deveria servir à história em primeiro lugar, se não corre o risco de virar exibicionismo (o fato dele já parecer insano e ameaçador desde a primeira imagem também enfraquece o arco do personagem, pois não há uma diferença tão grande entre o que ele é no começo e o que ele se torna no final).
- O personagem não parece ter nada a ver com o Coringa do Batman. É como se fosse um remake de Taxi Driver (sem muita autenticidade) onde simplesmente trocaram algumas páginas do roteiro, mudaram a profissão do protagonista pra palhaço e chamaram a cidade de Gotham.
- Pseudo-sofisticação: o filme acha que é mais artístico e profundo (que um filme tradicional do gênero) por ser Anti-Idealista. Em vez de um verdadeiro entretenimento, agora a franquia está flertando com o cinema Naturalista, transformou o Coringa num americano comum, pobre, que cuida da mãe idosa (não é mais um super-vilão - no Naturalismo nada pode ser "super"), quer discutir questões sociais, problemas psicológicos, fazer um estudo de personagem intimista em vez de criar um grande espetáculo (mais ou menos como Logan fez pra conseguir respeito da crítica). Sem falar na ênfase na feiúra do Joaquin Phoenix (quando um ator abre mão do ego e se mostra horrível em cena, é garantia de prêmios).
- Alerta Vermelho: o filme é anti-americano, anti-ricos... É como se a "América malvada" fosse a culpada pelos problemas do Coringa (e de todos os americanos "excluídos pela sociedade") por não ter lhe dado o sonho prometido. O Coringa se tornou a vítima, e os Wayne (ou seja, o Batman) é o grande vilão por representar os ricos. Há uma completa inversão de valores.

- O Coringa não tem o menor talento, a menor vocação pra ser comediante, e o culpado no fim não é ele, mas o capitalismo, o “sistema” - como se a América tivesse o dever de realizar os sonhos irracionais de todos os cidadãos (talvez o filme seja tão popular pois é muito mais agradável culpar o sistema por suas frustrações do que assumir responsabilidade).
- A capa do jornal diz "MATEM OS RICOS - Um novo movimento?" - parece até um comentário sobre o cinema de 2019, considerando que vários dos filmes mais aclamados do ano como Parasita, Bacurau, são justamente sobre matar os ricos.
- Não há uma boa trama, um bom enredo de fato. Em termos de narrativa o filme é apenas uma série de coisas ruins acontecendo ao Coringa pra mostrar como a vida é cruel com ele. O máximo de interesse narrativo que isso gera é o senso de que no final ele irá explodir e sair matando todo mundo. Mas isso só será um clímax satisfatório pro espectador que estiver torcendo pelo Coringa, simpatizando pelas queixas do personagem. Para os outros, não há algo de muito positivo a ser aguardado.
- A direção tenta glamourizar o Coringa, torná-lo cool... Não há problemas em tornar um vilão cool no contexto de um filme que claramente o condena moralmente (tipo Darth Vader, Alien, etc), onde o foco é o herói, os personagens "do bem", e o vilão é apenas algo ameaçador a ser derrotado. Mas aqui todo o foco é no mal. Não temos um herói pra nos apoiarmos, pra servir de contraponto. SPOILER: No final o Coringa termina em cima do carro sendo aplaudido, aclamado pela população, vitorioso, rindo ao som de uma música alegre. O filme acaba cultuando a violência, é feito pra "empoderar" o espectador revoltado, que também se sente um dos excluídos e deseja vingança.
Joker (Canadá, EUA / 2019 / Todd Phillips)
NOTA: 4.0
sábado, 28 de setembro de 2019
Outros filmes vistos - Setembro 2019
Ad Astra - Rumo às Estrelas (2019) - 5.0
Rambo: Até o Fim (2019) - 6.0
Os Jovens Baumann (2019) - 1.0
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (2019) - 6.5
O Menino que Descobriu o Vento (2019) - 7.0
Yesterday (2019) - 6.0
Rambo: Até o Fim (2019) - 6.0
Os Jovens Baumann (2019) - 1.0
Midsommar: O Mal Não Espera a Noite (2019) - 6.5
O Menino que Descobriu o Vento (2019) - 7.0
Yesterday (2019) - 6.0
domingo, 8 de setembro de 2019
It: Capítulo Dois

ANOTAÇÕES:
- O filme começa muito bem: a produção é ótima, a primeira aparição do palhaço após o ataque homofóbico é bem sinistra, a apresentação dos personagens adultos é interessante (os atores são bons e há umas transições visuais bem legais entre as cenas), o filme vai construindo tensão conforme os personagens vão recebendo as ligações de Derry, etc.
- Logo em que todos se reunem (a cena estranha dos biscoitos da sorte) o filme já começa a apresentar alguns problemas de tom. O humor na cena em que o garotinho reconhece o comediante no restaurante é bem inadequado (todos ainda deveriam estar choque após o que viram).
- Meio nada a ver essa história de usar alucinógenos e rituais tribais pra derrotar o palhaço. Não fica clara qual a conexão entre uma coisa e outra.

- Desnecessária a cena da estátua do lenhador. Essas sequências de terror em flashbacks parecem gratuitas, não acrescentam muito em conteúdo e nem ajudam a avançar a história (e não criam tensão afinal são apenas lembranças, os personagens não estão de fato em perigo).
- Mais problemas de tom: em vez de assustadora, a velhinha acaba parecendo cômica na cena em que a Beverly vai até a antiga casa dela. As cenas de terror do filme em geral parecem forçadas, apelam demais pra artificialidades, pra efeitos, caretas, como se a cada cena o filme precisasse mostrar uma técnica nova e esquisita pra assustar, esquecendo que em geral a simplicidade e a sugestão impactam mais.
- Idealismo Corrompido: Assim como no primeiro, o uso de humor é destrutivo e compromete muitas das cenas (por exemplo, tocar "Angel of the Morning" enquanto o monstro vomita na cara do Eddie, ou depois quando um deles leva uma facada na bochecha e depois ainda fica fazendo piadinhas sobre o cabelo do outro).
- Não dá pra entender direito como eles pretendem derrotar o palhaço (começa com a noção de "lutar com luz", depois muda tudo e a estratégia passa a ser diminuir o palhaço de tamanho passando pelo túnel - e depois tudo muda de novo). O filme não está de fato tentando entreter, fazer o espectador se envolver no confronto, suspender a descrença, acreditar no vilão - tudo é pra ser visto de maneira simbólica - o foco todo está na mensagem de autoajuda, na metáfora dos "losers" lidando com seus traumas e inseguranças (representados pelo palhaço), então pouco importa pro cineasta se a situação na tela convence. Em vez de um confronto empolgante entre bem e mal, o filme acaba sendo mais sobre confortar os losers, celebrar os losers, discutir dramas pessoais, etc.
- SPOILER: Totalmente subjetivista a maneira como eles derrotam o vilão. Não é uma mensagem de fato inspiradora ou útil. Em vez de ensinar que pra superar inseguranças você tem que desenvolver sua autoestima, se tornar mais forte, que pra atingir um objetivo é necessário usar a razão, ser competente, o filme sugere que basta atacar o bully na mesma moeda - insultá-lo de volta e fazê-lo se sentir pequeno através de joguinhos emocionais.
- SPOILER: A frase final é bem emblemática: "Não se esqueçam, nós somos losers e sempre seremos" (dita em tom de orgulho). O filme reflete bem as tendências anti-virtude, anti-individualismo da cultura atual - a ênfase é toda no grupo, no trabalho em equipe, nas fragilidades do ser humano, etc.
It Chapter Two (Canadá, EUA / 2019 / Andy Muschietti)
NOTA: 5.0
domingo, 1 de setembro de 2019
Parasita

ANOTAÇÕES:
- Como o filme foi o grande vencedor de Cannes, já imagino que a história será em grande parte Naturalista e motivada por uma ideologia de esquerda, mas pelo menos no começo, o filme tem elementos narrativos o bastante pra prender o espectador "normal": o ritmo é estimulante, a direção guia a atenção da plateia a todo momento, se comunica objetivamente, os personagens apesar de não serem admiráveis são divertidos pois são mostrados sob uma lente de humor (é pra rirmos deles e não sentirmos pena), a situação é envolvente pois o protagonista está mentindo no trabalho, o que gera certo suspense (a história é sobre uma situação incomum, tem um gancho narrativo, não é um retrato social monótono como de costume, etc).
- Em geral nesse tipo de filme os ricos são os vilões e os empregados são retratados como vítimas. Aqui o filme surpreende, pois deixa claro que o que os empregados estão fazendo é imoral. Ele também não vilaniza os patrões só por serem ricos. O grande problema é que o filme trata as atitudes dos empregados de maneira leve, como se fosse algo cômico, uma desonestidade perdoável, quando na verdade é algo odioso.

- O roteiro é criativo, bem escrito. A maneira como eles vão conseguindo se livrar dos antigos empregados é muito imaginativa (e revoltante). Ou pequenos toques como o filho estranhar que todos têm o mesmo cheiro (e colocar a mentira em risco).
- Vai ficando cada vez mais incômodo o fato do filme não condenar as atitudes dos empregados (a maldade que eles fazem com os outros funcionários, eles usufruindo da casa enquanto os patrões viajam, etc). O filme não responsabiliza totalmente os personagens pois parece acreditar que isso tudo é culpa do "sistema", da "desigualdade", e portanto eles não são pessoas tão condenáveis assim - a noção de que o pobre não tem opção a não ser agir imoralmente numa sociedade capitalista (a mãe sugere isso quando diz que, se fosse rica, ela seria uma boa pessoa também, assim como a patroa).
- SPOILER: Divertida a reviravolta envolvendo a antiga empregada e o marido dela no subsolo. E também os patrões resolverem voltar mais cedo de viagem. A situação vai ficando cada vez mais tensa e absurda.
- É genial a maneira como o filme cria a metáfora dos pobres como "parasitas". Claro que o filme não acredita que eles sejam parasitas de fato (é mais provável o diretor acreditar que os ricos é que são os parasitas), mas a narrativa sugere que os pobres se tornam parasitas ou acabam tendo que agir como parasitas na sociedade atual - se escondendo debaixo de móveis e se arrastando (literalmente) pelo chão feito baratas, ou mais tarde na cena da tempestade onde eles parecem ratos nadando em esgotos. Discordo totalmente da análise social que o filme faz, mas a maneira como ele apresenta o tema é inteligente.
- O senso de humilhação do pobre (por causa da desigualdade) também é muito bem retratado (as observações casuais do patrão sobre o cheiro do motorista, etc). Leva a discussão da desigualdade além da questão financeira, mais pra um lado pessoal.
- O filme deveria ser sobre o mal da desonestidade - nada disso teria acontecido se os protagonistas fossem honestos, minimamente decentes. Mas o filme quer fazer parecer que isso não é culpa deles totalmente, que o problema no fundo é a desigualdade. Começa a querer que a gente sinta pena deles, os veja como vítimas.
- A cena da tempestade parece não ter muita função na trama - só serve pra enfatizar como é difícil a vida do pobre, que tem que lidar com tragédias pessoais todo dia e ainda manter uma aparência civilizada no trabalho pra cuidar das futilidades dos ricos (o motorista tendo que se fantasiar de índio na festinha infantil, etc).
- SPOILER: Outra metáfora bem feita é a da pedra que simboliza a riqueza, a boa sorte, o desejo de se tornar rico - e como no final ela se torna uma arma, um instrumento para o mal. Também discordo da crítica (da ideia de que o capitalismo é um sistema perverso), mas acho válida a maneira como o filme faz uso do simbolismo.
- SPOILER: Claro que no fim isso tudo resultaria nos pobres se revoltando e assassinando os ricos (curioso que o que dispara o gatilho do pai no fim antes dele matar o patrão é o detalhe do cheiro - a desigualdade de autoestima, de valor próprio, e nem tanto econômica).
- SPOILER: Sintomático dos tempos atuais que, assim como Bacurau, este é mais um filme aclamado em Cannes que mostra uma vingança brutal dos "excluídos da sociedade" contra os ricos.
- Meio forçada essa ideia da mensagem via código morse (mas é interessante e simbólica a ideia do pai decidir viver escondido no subsolo da mansão).
CONCLUSÃO: Acho a discussão equivocada, as ideias do filme totalmente falsas, imorais - mas a maneira como ele desenvolve o tema é inteligente e rica cinematograficamente.
(Parasite / Coreia do Sul / 2019 / Bong Joon Ho)
NOTA: 7.5
quinta-feira, 29 de agosto de 2019
Outros filmes vistos - Agosto 2019
Brightburn - Filho das Trevas (2019) - 7.0
Era Uma Vez em... Hollywood (2019) - 4.5
Amanda (2018) - 4.0
Megarrromântico (2019) - 6.0
Histórias Assustadoras para Contar no Escuro (2019) - 5.5
Casal Improvável (2019) - 5.0
Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw (2019) - 4.0
Era Uma Vez em... Hollywood (2019) - 4.5
Amanda (2018) - 4.0
Megarrromântico (2019) - 6.0
Histórias Assustadoras para Contar no Escuro (2019) - 5.5
Casal Improvável (2019) - 5.0
Velozes & Furiosos: Hobbs & Shaw (2019) - 4.0
domingo, 25 de agosto de 2019
Bacurau

ANOTAÇÕES:
- Há vários elementos surreais ou incompreensíveis (por exemplo o filme começar com imagens do espaço, a água saindo do caixão, a droga que as pessoas colocam na língua, etc). São aqueles toques de Subjetivismo usados pra dar um ar de "autoral" pro filme (o espectador comum costuma dar mais mérito artístico pra uma obra quando ele sente que não está entendendo direito) mas que no fim não significam nada.
- Não há protagonistas, personagens atraentes. O filme parte do princípio do Naturalismo de que a função da arte é dar visibilidade aos mais fracos, ao comum, ao não-excepcional: celebra a idosa negra e pobre da comunidade, a cidadezinha do interior que mal existe no mapa, o Nordeste "esquecido", etc. O protagonista no fim é a cidade de Bacurau como um todo (refletindo os valores coletivistas da obra).

- Depois de 1 hora sem muito rumo, o filme começa a apresentar os vilões (os americanos e os "brasileiros do Sul") e a deixar mais claro seu objetivo, que no fim é demonizar os ricos, os capitalistas, os poderosos estupradores e assassinos que querem acabar com Bacurau sem razão alguma (Alerta Vermelho). O filme nem se esforça pra dar uma motivação plausível para os vilões. São caricaturas exageradas e artificiais que agem por pura loucura e maldade, e que estão na história apenas como um boneco de Judas pra estimular a ira do espectador e provocar um desejo de vingança.
- SPOILER: Desse ponto em diante, é apenas aguardar Bacurau mostrar seus dentes e os moradores se vingarem dos assassinos, provando que eles são ainda mais selvagens e violentos que os próprios "opressores" (o filme acaba soando como um alerta da esquerda para o mundo: "não mexam com a gente pois vocês não sabem do que somos capazes!").
- O filme faz referências a certos gêneros cinematográficos (horror, ficção-científica, western) mas no fim ele não é nada disso (não está de fato interessado em narrativa, escapismo), é apenas uma manifestação política disfarçada de filme - feita pela esquerda, para a esquerda, bem realizada em alguns aspectos, mas que não diz nada de construtivo, não busca explicar nada, ensinar nada, convencer ninguém de nada, serve apenas como um descarrego de ódio para a plateia.
Bacurau (Brasil / 2019 / Juliano Dornelles, Kleber Mendonça Filho)
NOTA: 3.0
segunda-feira, 19 de agosto de 2019
Ayn Rand vs. a infiltração Comunista em Hollywood

O panfleto abaixo foi escrito pela Ayn Rand, e era basicamente um guia para produtores e cineastas de como evitar propaganda comunista em seus filmes. A preocupação de Rand não era filmes políticos que defendessem comunismo abertamente, mas algo que ela considerava mais perigoso - propaganda comunista inserida de maneira disfarçada em filmes populares:
"O propósito dos Comunistas em Hollywood não é a produção de filmes políticos defendendo Comunismo abertamente. O propósito deles é corromper nossos princípios morais corrompendo filmes não-políticos - introduzindo toques pequenos e casuais de propaganda em histórias inocentes - fazendo as pessoas absorverem os princípios básicos do Coletivismo por implicação e por vias indiretas."
Leia o guia completo:
terça-feira, 30 de julho de 2019
Outros filmes vistos - Julho 2019
Ted Bundy: A Irresistível Face do Mal (2019) - 7.0
Velvet Buzzsaw (2019) - 4.0
Escape Room (2019) - 3.0
Em Trânsito (2018) - 4.0
Fora de Série (2019) - 7.0
Estrada Sem Lei (2019) - 5.0
Divino Amor (2019) - 2.0
Vox Lux: O Preço da Fama (2018) - 4.0
sexta-feira, 26 de julho de 2019
O que é Idealismo
(Capítulo 2 do livro Idealismo: Os Princípios Esquecidos do Cinema Americano)
Alfred Hitchcock, sem saber, fez um ótimo resumo do que é o Idealismo quando disse: “Para mim, o cinema não é uma fatia da vida, mas uma fatia de bolo”.

Primeiramente, Idealismo é o tipo de arte que parte do princípio de que o propósito da vida é a felicidade e o seu próprio aproveitamento. É uma arte focada em proporcionar uma experiência prazerosa e inspiradora ao espectador, baseada na visão original de um artista que, fazendo o melhor uso de suas virtudes e talentos, cria essa experiência de acordo com seus próprios valores e interesses (com base naquilo que ele gostaria de vivenciar enquanto espectador).
Por se tratar de arte, a obra deve ser a expressão autêntica da visão criativa de um artista (ou às vezes de uma colaboração entre artistas), mas, para ser Idealista, ela deve ser criada com o intuito de proporcionar essa experiência inspiradora e prazerosa ao espectador — levá-lo às emoções e aos estados de consciência mais elevados e interessantes possíveis dentro do contexto de cada obra (como ela fará isso é algo que discutirei em capítulos futuros, o importante aqui é apenas entender a intenção inicial do artista, qual é sua visão sobre o propósito da arte e seu valor para o ser humano).
O Idealismo defende que há muito que podemos experimentar na vida enquanto seres conscientes além daquilo que encontramos naturalmente no nosso dia a dia — e o artista Idealista é aquele que, através de sua imaginação, enxerga essas possibilidades e as materializa numa obra para o deleite do espectador. O Idealismo busca inspiração, motivação, prazer, mostrando o quão extraordinária e interessante a vida pode ser.
Quanto mais a obra for um produto enlatado e inautêntico visando apenas lucrar e agradar ao público, menos artística ela será, e com isso sua capacidade de inspirar será limitada. Em muitos casos, obras que não são autorais ainda podem divertir e ter boas qualidades artísticas. Mas as melhores delas geralmente estão seguindo a visão de um produtor talentoso, alguém num cargo mais alto na hierarquia de produção, que acaba sendo o principal visionário por trás da obra — como no caso de filmes da era do sistema de estúdios de Hollywood. Sim, Casablanca (1942) será sempre fantástico e está alinhado com princípios Idealistas, mesmo não sendo considerado um filme autoral. Meu argumento é que, caso ele estivesse associado à expressão autêntica de um artista particular, ele poderia ter um poder ainda maior de impactar o espectador, pois realizações individuais sempre nos inspiram mais do que realizações coletivas sem um rosto específico por trás delas.
OS 2 TIPOS DE ESPECTADORES
Na plateia, existem duas espécies distintas de espectadores que precisam ser diferenciadas para os propósitos deste livro: aqueles que enxergam a arte como uma fonte de inspiração (que se sentem estimulados diante da projeção de valores positivos; diante de beleza, virtude, felicidade — diante da visão do ideal) e aqueles que buscam na arte primeiramente um conforto, um remédio contra as frustrações da vida, e que se sentem desmotivados pela visão do ideal. O Idealismo tem o primeiro grupo como seu público-alvo.
O espectador Idealista não é necessariamente bom caráter, nem necessariamente mais feliz e virtuoso em sua vida real. O Idealismo reflete os ideais de uma pessoa, sua visão de mundo, daquilo que ela acha ser a verdadeira essência da vida e do ser humano. Uma pessoa pode ter uma série de defeitos e problemas pessoais, mas se ela ainda preservar essa visão positiva do que a vida poderia ser, ela continuará tendo gosto pelo Idealismo. Então, embora eu possa insinuar que os Idealistas têm uma visão de mundo superior, não estou dizendo que os considero automaticamente pessoas melhores, ou que preferências artísticas são uma prova definitiva de caráter.
IDEALISMO EM RELAÇÃO A QUÊ?
Reparem que existem duas formas pelas quais uma obra pode ser Idealista. Ela pode ser Idealista apenas no conteúdo (uma positividade geral transmitida pela história, pelo tema, pelos personagens), mas o mais importante não é esse tipo de Idealismo, afinal uma obra pode ter uma visão positiva de mundo, passar uma mensagem otimista, mas ainda assim ser uma experiência tediosa para o espectador.
Embora o conteúdo seja relevante, o mais importante é o Idealismo em relação à experiência que a obra pretende proporcionar ao espectador — quanto ao nível de prazer/satisfação/exaltação que o artista consegue estimular com suas técnicas. É por isso que uma obra pode ser Idealista mesmo tendo um conteúdo sombrio. O que mais importa no fim não é tanto a mensagem explícita, e sim como isso é apresentado, que estados de consciência a obra consegue gerar no espectador. É claro que obras com temas deprimentes e seres humanos decadentes dificilmente conseguem inspirar tanto quanto obras focadas em valores positivos, em heróis, conquistas — essas são as mais puramente Idealistas —, mas, dentro de certos limites, obras menos otimistas também podem ser consideradas Idealistas.
Por isso costumo separar os Idealistas em dois grupos: os Idealistas puros, aqueles que focam os positivos da vida, e os Idealistas críticos, aqueles que mostram situações negativas, personagens corruptos, mas num tom de crítica e condenação. O primeiro tipo está num degrau acima e é o mais perfeitamente Idealista, tendo como um de seus melhores representantes no cinema Steven Spielberg (especialmente em suas duas primeiras décadas de carreira). O segundo tipo ainda é Idealista, e é bem representado no cinema por Stanley Kubrick. Embora esse tipo de artista mostre personagens moralmente decadentes, situações indesejáveis, ainda existe um senso de que seus valores de referência são os mesmos dos Idealistas “puros” — é deste ângulo que a crítica aos personagens está sendo feita. Eles ainda passam uma mensagem de que o homem deveria ser virtuoso, que a vida poderia ser positiva, só que em vez de mostrarem a felicidade sendo conquistada, eles preferem alertar o espectador mostrando o que ocorre quando o ser humano não age racionalmente, quando ele não é virtuoso. O primeiro tipo celebra o positivo, e o segundo condena o negativo, mas ambos podem ter resultados positivos, assim como na matemática temos resultados positivos quando multiplicamos dois números com os mesmos sinais, mesmo quando se trata de dois sinais negativos.
Por valorizar tanto expressão individual, talento, autenticidade, quanto a experiência e o prazer do espectador, o Idealismo representa a união ideal entre arte e entretenimento, e é o caminho natural tanto para artistas com uma inclinação mais autoral, mas que desejam também agradar ao público, quanto para artistas mais inclinados ao entretenimento, mas que desejam também trazer autenticidade e qualidade artística a suas produções (quando as duas intenções não estão naturalmente equilibradas).
O Idealismo é baseado em princípios amplos que podem ser aplicados a todas as formas de arte. Algumas artes, no entanto, são mais expressivas e mais poderosas que outras quando se trata de Idealismo. A escultura, por exemplo, embora possa exigir grandes habilidades do artista e possa projetar valores positivos, não tem tanta capacidade de proporcionar uma “experiência ideal” ao espectador quanto o cinema. Nesse sentido, as artes que envolvem uma experiência temporal definida (música, teatro, filmes etc.) têm uma grande vantagem sobre as artes estáticas, pois permitem um controle muito maior do artista sobre a experiência do público. Além disso, as artes que unem elementos narrativos (que comunicam conteúdo verbal, explícito, estimulam o intelecto) a elementos sensoriais (que estimulam nossos sentidos, principalmente a visão e a audição) apresentam mais possibilidades e podem criar experiências mais intensas do que as artes que são apenas verbais/intelectuais (como a literatura) ou apenas sensoriais (como a música instrumental), pois recriam a realidade de uma maneira mais completa e fazem um uso mais pleno e integrado de nossas capacidades mentais (por isso o cinema é uma das artes mais expressivas e equipadas para os fins do Idealismo, especialmente quando aliado ao poder da música).
O Idealismo pode ser visto antes de mais nada como uma atitude, um desejo básico de inspirar, dar prazer e encantar que orienta as decisões de um artista, e que pode ser observado não só nas artes mas também em outras criações que incluem elementos artísticos. Alguém como Walt Disney, por exemplo, ao construir suas atrações e parques temáticos, estava representando muito melhor o Idealismo (e na minha opinião criando uma arte altamente sofisticada) do que um cineasta ou um escritor comprometido com o Naturalismo.
OBJEÇÕES
Uma das objeções mais comuns ao Idealismo é que esse tipo de arte pode criar expectativas muito altas com relação à vida, e com isso causar frustrações e danos psicológicos no espectador. Esse tipo de crítica costuma vir de pessoas que têm uma visão equivocada da função da arte em nossas vidas. A função da arte não é primeiramente a de nos mostrar como devemos viver no dia a dia. Ela não deve ser encarada como um guia prático. A mente humana tem potencial para atingir níveis incrivelmente elevados de prazer e satisfação, e um dos grandes atrativos da arte é sua capacidade de nos levar a esses estados, raramente disponíveis sem o seu auxílio. Traçando um paralelo, o sexo pode proporcionar prazeres físicos que são inatingíveis no resto de nossas rotinas, e ainda assim é algo visto como importante e saudável pela maioria das pessoas. Ninguém faz sexo (acho eu) limitando suas possibilidades de prazer, por achar que uma experiência prazerosa demais prejudicaria o resto de sua vida, tornaria o resto dos dias frustrantes e insatisfatórios. Arte é o sexo da mente, um momento de celebração, uma experiência que tem um fim em si mesmo (o encontro do prazer do artista, de se expressar e criar uma determinada experiência, com o prazer do espectador de receber e vivenciar essa experiência). Arte não deve ser uma simulação equilibrada dos estados de consciência que são apropriados à vida cotidiana, da mesma forma que Hitchcock não diria que você deveria comer bolo no café da manhã, no almoço e no jantar.
Mesmo que a arte possa servir de referência e possa criar certas expectativas em relação à vida real, o espectador não precisa que ela seja realista e didática para se sentir inspirado e extrair alguma mensagem útil dela. Com a exceção talvez de crianças muito pequenas, todo mundo sabe que arte não é vida real e não deve ser interpretada dessa forma; que na arte as coisas são mostradas de maneira exagerada, estilizada, e que o que tiramos dela é apenas uma mensagem abstrata — não devemos levá-la ao pé da letra. Se você se sente inspirado ao ver o Superman no cinema, o que você deve tirar da história é no máximo um exemplo de força, confiança, charme, integridade, que talvez possa te inspirar a melhorar seu caráter na sua vida pessoal. Mas se alguém se lamentar de não poder pegar uma capa vermelha e saltar pela janela, o problema é muito mais da pessoa do que da arte. Arte não é como religião, que afirma que o sobrenatural é real e possível. Arte é assumidamente um “faz de conta”, uma atividade cujo propósito até uma criança de quatro anos entende sem precisar de maiores explicações. Pessoas que nutrem expectativas irracionais a respeito da vida e delas próprias terão problemas psicológicos mesmo sem a “ajuda” da arte Idealista. Uma pessoa que não lida bem com suas limitações irá sofrer até pela existência de pessoas mais virtuosas que ela em seu grupo de amigos, em seu trabalho, nas redes sociais. Ela se sentirá miserável mesmo sem a referência do Superman. Já uma pessoa bem-resolvida, mesmo que não tenha grandes virtudes, poderá se divertir com heróis e até se sentir inspirada por eles sem que a experiência lhe cause qualquer dano. Não é o Idealismo que torna algumas pessoas inseguras e frustradas, e sim problemas emocionais que elas já carregam dentro de si.
Esse é apenas o começo de uma definição do que é o Idealismo. Mas ser uma criação artística focada em inspirar e dar prazer ao espectador ainda é algo muito vago, que pode ser interpretado de diversas formas. Para entender quais são os elementos essenciais do Idealismo, e de que maneiras específicas ele irá proporcionar essa experiência, teremos que entrar em mais detalhes.
Lista de filmes alinhados com princípios Idealistas:
https://boxd.it/teB3G
https://boxd.it/teB3G
sábado, 20 de julho de 2019
O Rei Leão

The Lion King / EUA / 2019 / Jon Favreau
NOTA: 6.5
terça-feira, 9 de julho de 2019
Homem-Aranha: Longe de Casa

Spider-Man: Far From Home / EUA / 2019 / Jon Watts
NOTA: 5.0
segunda-feira, 1 de julho de 2019
Turma da Mônica: Laços

Tinha boas expectativas por se tratar de um filme do Daniel Rezende (editor de Cidade de Deus indicado ao Oscar e diretor de Bingo - O Rei das Manhãs, pra mim uma das melhores produções nacionais), e talvez por isso tenha me decepcionado um pouco. A história é tão genérica e despretensiosa (tudo gira em torno do sumiço do cachorro Floquinho) que me pareceu mais adequada pra um episódio do gibi do que pra um longa-metragem de fato (sempre preferi filmes infantis que tratam crianças de igual pra igual, com inteligência, seriedade artística, sem medo emocionar, lidar com temas importantes - em vez de tratá-las como casuais e bobinhas). Acho sempre problemático também quando o Brasil se propõe a fazer filmes mais escapistas, recriar um universo fantasioso na tela. Talvez por falta de verba (e de expertise no gênero), a produção acabe parecendo meio pobre em termos de direção de arte, design de produção, efeitos especiais, quando comparada às produções americanas com as quais estamos acostumados. Giulia Benitte está ótima como a Mônica, mas nem todo o elenco funciona tão bem (Rodrigo Santoro como o Louco me pareceu uma escolha bem equivocada). O filme é bem intencionado e mais bem feito do que se poderia esperar pra um live action da Turma da Mônica, mas infelizmente não chega a cumprir o potencial que tinha de se tornar a nova referência nacional do gênero.
Turma da Mônica: Laços (Brasil / 2019 / Daniel Rezende)
NOTA: 5.5
segunda-feira, 24 de junho de 2019
Outros filmes vistos - Junho 2019
sábado, 22 de junho de 2019
Toy Story 4

ANOTAÇÕES:
- O flashback inicial serve pra estabelecer que Bo foi doada e se separou da turma, mas toda a sequência de ação pra salvar o carrinho da enxurrada parece desnecessária, jogada ali só pro filme começar num ritmo acelerado.
- Muitas vezes os alívios cômicos acabam sendo as melhores coisas nos filmes da Pixar (sacadas divertidas como Forky ser complexado por ser feito de lixo, etc).
- A animação é excelente como de costume, mas o filme acaba parecendo uma continuação desnecessária, redundante, pois volta a falar de abandono, temas já explorados em episódios anteriores. Sem falar que a trama é não é das mais envolventes: a garotinha Bonnie apenas corre o risco de perder um garfo descartável que ela gosta de brincar, e Woody cria toda uma mobilização pra evitar que o garfo se perca - mas não é algo que pareça sério o suficiente pra prender a plateia. Falta um conflito mais dramático.
- Woody é um protagonista meio desinteressante pois é daqueles heróis altruístas cuja missão na história é apenas servir, ajudar os outros a conseguirem o que querem, mas que nunca busca um objetivo pessoal, atraente, com o qual a gente possa se identificar (no começo do filme, fica claro que o desejo real dele é ser importante pra Bonnie, ser amado por ela como ele era amado pelo Andy - com isso a gente até poderia se identificar, o problema é que daí ele percebe que Bonnie gosta mais do garfinho descartável, e então ele passa a fazer de tudo pra que Bonnie e o garfinho fiquem juntos, ignorando suas necessidades pessoais).

- SPOILER: O filme romantiza tanto o auto-sacrifício que faz Woody praticamente doar um rim (sua caixinha de voz) pra resgatar Forky. E como se isso não bastasse, depois que eles já estão livres, Woody resolve voltar e arriscar tudo de novo só pra ajudar Gabby Gabby, a vilã do filme!
- A sequência de ação final é meio fraca (inventam que é necessário dar um salto épico da roda-gigante pra chegar a tempo no carrossel, o que não parece ter lógica). Isso é como a ação inicial pra salvar o carrinho da enxurrada - o roteirista deve ter lido em algum lugar que é necessário começar um filme com uma cena de ação, terminar com uma ainda mais intensa, e daí inventa qualquer desculpa pra enfiar essas cenas, mesmo que a trama não justifique.
- SPOILER: O final é um festival de abnegação, auto-sacrifício (e oportunidades pra mensagens progressistas sutis). Gabby Gabby, que era a vilã, agora parece ser boazinha pois abandonou seu "sonho americano" (que o filme caracteriza como algo retrógrado, artificial, nocivo - a boneca perfeitinha que serve chá, etc) e ao mesmo tempo passou a ser "socialmente consciente", se doando pra uma garotinha necessitada de família inter-racial. Woody também abre mão de sua estrela de xerife e a entrega para Jessie (assim como o Capitão América e o Thor se aposentaram e entregaram suas armas para representantes de "minorias" no final de Vingadores: Ultimato). Pior de tudo é a ideia de Woody abandonar tudo aquilo que sempre valorizou, seus amigos, sua "criança", pra ficar com uma personagem como a Bo, com quem ele não tem real afinidade (os dois têm valores incompatíveis, tiveram atrito ao longo do filme todo). Em nenhum momento ele pareceu ter romance como seu grande objetivo, ou valorizar Bo mais do que ele valoriza sua vida com uma criança. Toda a proposta de Toy Story costumava ser romantizar a relação entre criança e brinquedo, tornar essa relação algo mágico, parte essencial da infância. É muito claro que felicidade, no universo do filme, é ser querido por uma criança. E que ser abandonado, perdido, é o equivalente à morte para um brinquedo (todos os brinquedos perdidos ou sem dono no filme invejam aqueles que têm uma criança). Mas a esse ponto já está claro que, pra Pixar atual, há algo de maduro e profundo em abrir mão da felicidade, de seus sonhos - em aceitar a infelicidade, a morte (como na pavorosa cena da parte 3, onde os brinquedos dão as mãos em direção à fornalha). É o que discuto na postagem Pseudo-sofisticação. A personagem da Bo representa bem essa vertente "Anti-Idealista" do entretenimento atual. Ela é aquela que não acredita mais na felicidade; fala como se o sonho de Woody de viver com uma criança fosse uma espécie de romantismo ultrapassado, inadequado pros tempos atuais. Ela vive agora numa realidade "pós-idealista", num mundo meio Mad Max, cheia de cicatrizes, endurecida pela vida, vivendo por conta própria, excluída da sociedade - uma realidade onde a magia acabou. E é isso que o filme faz Woody escolher no fim - os amigos, a vida feliz com uma criança, essas são fantasias tolas que ele deve abandonar.
Toy Story 4 / EUA / 2019 / Josh Cooley
NOTA: 5.0
sexta-feira, 14 de junho de 2019
Godzilla II: Rei dos Monstros

Godzilla II: Rei dos Monstros / EUA, Japão / 2019 / Michael Dougherty
NOTA: 4.0
terça-feira, 11 de junho de 2019
X-Men: Fênix Negra

Em termos de narrativa, a história é pouco empolgante e cheia de ideias estranhas, como a presença de E.T.'s que podem mudar para a forma humana, embora essa característica deles não tenha a menor necessidade para a trama - e ainda estou tentando entender como é que aquela mini-nebulosa flutuando no espaço pode ter sido confundida com uma "explosão solar" por qualquer pessoa. O filme tem bons atores e uma produção decente, porém nada disso compensa o roteiro fraco. Fênix Negra não é o pior filme da franquia X-Men como aponta o Rotten Tomatoes, mas é um capítulo genérico e não muito inspirado da série, que parece ter sido feito apenas pra aproveitar a onda atual de filmes protagonizados por super-heroínas.
Dark Phoenix / EUA / 2019 / Simon Kinberg
NOTA: 5.0
quarta-feira, 5 de junho de 2019
Chernobyl

Chernobyl é a nova mini-série da HBO que mostra as consequências do acidente nuclear de Chernobyl de 1986, considerado um dos maiores desastres causados pelo homem. Atualmente está em primeiro lugar no ranking de séries mais bem avaliadas do IMDb, acima de Breaking Bad e Game of Thrones, e realmente merece a aclamação que vem recebendo - a série basicamente faz para Chernobyl o que A Lista de Schindler fez para o holocausto em 1993. É um excelente suspense que funciona bem já no nível “filme-catástrofe”, mas quando é hora de focar em substância, a série mantém o mesmo nível de excelência e apresenta cenas, personagens e diálogos tão bem escritos que faz você duvidar de que se trata de um material inédito, escrito originalmente pra TV, e não uma adaptação de um best-seller consagrado. Sem nunca se tornar partidária ou perder o foco do drama humano, Chernobyl também consegue levantar discussões políticas relevantes e, ao explorar 1 único incidente, serve como alerta tanto para os perigos do capitalismo (possíveis problemas ambientais decorrentes da produção de energia) quanto para os perigos do socialismo (a ineficiência e os males de um governo autoritário e centralizado). Muito do mérito vai também pra direção de Johan Renck (famoso diretor de comerciais e videoclipes - como Hung Up da Madonna e Blackstar de David Bowie) que soube transpor o material para a tela da melhor forma, nos fazendo sentir os assombros da contaminação radioativa sem cair pro horror explorativo.
Chernobyl (EUA, Reino Unido / mini-série HBO / 2019)
NOTA: 10
quarta-feira, 29 de maio de 2019
Rocketman

Bohemian Rhapsody não tinha um grande roteiro, mas acabou sendo um bom espetáculo por conta da performance de Rami Malek e da direção habilidosa de Bryan Singer. Rocketman infelizmente é como se fosse Bohemian Rhapsody mas sem um Malek e nem um Singer pra salvar o roteiro. É tudo tão superficial, clichê e inautêntico, que na minha memória o filme provavelmente ficará armazenado não na “pasta” de memórias ligadas a Elton John (de quem eu gosto bastante), e sim na pasta de coisas como Ayrton Senna - O Musical, ou Hebe - O Musical, produções claramente oportunistas que sabem que biografias de celebridades vendem, ainda mais quando embaladas por canções conhecidas do público. Esse tipo de “musical jukebox” se tornou apenas mais um tipo de arte enlatada - uma fórmula pra atrair público fácil sem ter que usar a imaginação e nem ter que criar algo de real valor artístico.
Talvez por Elton ainda estar vivo e bem, o filme não consiga achar uma narrativa satisfatória e conclusiva pra sua vida (o foco acaba sendo a superação do vício em drogas, o que não poderia ser mais batido). As sequências musicais em geral não empolgam (as que envolvem Elton criança são ligeiramente constrangedoras, assim como o uso pobre de simbolismo - por exemplo fazer Elton John literalmente decolar como um foguete enquanto canta Rocket Man), e o filme não nos dá nem a satisfação jornalística de sentir que estamos conhecendo o verdadeiro Elton John por trás da caricatura, pois a caracterização é tão genérica que faz com que ele se pareça com 20 outros artistas da época que já vimos em outras cinebiografias. Não é um filme chato ou mal feito, mas fica um senso de que ele não faz jus a uma carreira tão impressionante quanto a de Elton John.
Rocketman (Reino Unido, EUA / 2019 / Dexter Fletcher)
NOTA: 5.0
sábado, 25 de maio de 2019
Aladdin

Acho que um remake deve sempre buscar uma execução tão boa ou melhor que a do original, e acrescentar elementos que deem novos valores à experiência, provando que existe talento fresco na produção. O que ocorre aqui é o contrário - o que há de bom é basicamente o que foi preservado do desenho de 92, e o que há de novo é ruim: a direção é ruim, a fotografia é ruim, as mudanças na história em geral são pra pior, e com a exceção de Will Smith (que está bem divertido como o Gênio) os atores parecem mal escalados, principalmente Aladdin e Jafar (é isso o que ocorre quando a sociedade não permite mais que se escale livremente os atores ideais pro papel, pois a prioridade agora é achar o ator da etnia certa, da descendência certa pra não gerar polêmica, etc). O filme acaba funcionando pois a essência da história ainda está lá, e o carisma de Smith ajuda, mas já era de se suspeitar que Guy Ritchie (ex da Madonna, que ficou conhecido por suas comédias de crime moderninhas como Snatch - Porcos e Diamantes, que não podiam estar mais distantes do espírito da Disney) não era a pessoa mais adequada pra dar vida ao “mundo ideal”.
Aladdin (EUA / 2019 / Guy Ritchie)
NOTA: 6.5
quinta-feira, 23 de maio de 2019
Uma Nova Chance

Uma Nova Chance (Second Act / EUA / 2018 / Peter Segal)
FILMES PARECIDOS: Não Sei Como Ela Consegue (2011) / Uma Manhã Gloriosa (2010) / De Pernas pro Ar (2010) / A Verdade Nua e Crua (2009) / O Diabo Veste Prada (2006)
NOTA: 5.5
segunda-feira, 20 de maio de 2019
John Wick 3: Parabellum


John Wick 3 é lindamente fotografado e algumas cenas de ação são muito bem coreografadas e dirigidas (há algo de genial na cena em que John Wick usa um livro grosso e pesado pra assassinar o adversário, simbolizando o desprezo por conteúdo desse tipo cinema - livros aqui são apenas objetos ocos que servem pra dar porrada). A produção é de primeira, mas se você é do tipo que precisa de uma variedade mais rica de estímulos pra se ver preso a uma história, a experiência provavelmente será monótona e tediosa, apesar da agitação física ocorrendo na tela.
John Wick: Chapter 3 - Parabellum (EUA / 2019 / Chad Stahelski)
NOTA: 4.0
terça-feira, 14 de maio de 2019
Outros filmes vistos - Maio 2019
sábado, 27 de abril de 2019
Vingadores: Ultimato

(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão - um método que adotei para passar minhas impressões de forma mais objetiva.)
ANOTAÇÕES:
- Incrível como a Brie Larson está ótima aqui como a Capitã Marvel (foi uma das minhas coisas favoritas do filme todo), enquanto no filme solo ela me pareceu mal dirigida, como se fosse a atriz errada pro papel. Deram uma outra atitude pra ela que combinou muito mais com seu perfil natural, e isso tornou a personagem mais carismática.
- SPOILER: Surpreendente eles matarem o Thanos logo no comecinho do filme. Cria uma imprevisibilidade interessante.
- Tenho certos problemas com o elemento de viagem no tempo no filme. Primeiro porque dá um senso de que nada que acontece na história é definitivo e deve ser levado a sério, afinal tanto o vilão quanto os heróis poderão usar esse recurso pra desfazer qualquer evento do filme (tira o peso dramático das mortes). Depois porque o filme tem uma atitude extremamente não-científica com o assunto: parece muito vaga e fácil a maneira como eles conseguem viabilizar a viagem no tempo, e é tudo levado num tom de piada, o que tira a seriedade da história (os testes iniciais que dão errado e um deles vira um bebê, etc). As regras da viagem no tempo também são muito confusas e mal estabelecidas. Por exemplo: por que ao viajar no tempo eles também se deslocam no espaço e vão parar em lugares dramaticamente convenientes?
- O humor do filme é legal - em geral são comentários divertidos que não diminuem a estatura dos personagens, apenas os fazem parecer inteligentes e espirituosos (o comentário sobre receber e-mails de um guaxinim, por exemplo), diferente do humor destrutivo de outros filmes da Marvel (ok, o Thor gordo talvez tenha passado um pouco do ponto).

- SPOILER: Chato auto-sacrifícios ainda serem necessários mesmo eles tendo o poder de viajar no tempo. Não é muito bem explicado por que a Scarlett Johansson não pode voltar depois.
- Também não fica claro por que a luva não funciona no Hulk (ou se funcionou, o que aconteceu). O filme é cheio de crises e obstáculos que não são muito justificados; surgem de qualquer jeito apenas porque a fórmula diz que coisas devem dar errado pra gerar conflito.
- SPOILER: Na minha sessão a plateia aplaudiu quando o Capitão América usou o martelo do Thor. Eu fiquei meio perdido, pois não entendi por que agora de uma hora pra outra ele adquiriu esse poder (ou resolveu mostrá-lo, caso já o tivesse antes). É o tipo de cena que talvez faça sentido pra fã, pra quem conhece bem o universo, mas que fica fora de contexto pro espectador normal, pois não foi construída nenhuma expectativa nesse filme em específico em relação a isso.
- SPOILER: A cena em que todos os Vingadores se reunem contra o Thanos pra mim também foi um pouco insatisfatória. Óbvio que isso eventualmente iria acontecer (já é uma ideia batida), mas não entendi direito como foi que eles conseguiram ressuscitar todo mundo finalmente. Foi quando o Hulk colocou a luva? Acho chato quando um momento crucial como esse deixa margem pra dúvidas. Não consigo curtir a cena plenamente se o filme não me convenceu primeiro de que aquilo faz sentido, não se trata apenas um fan-service jogado na trama.
- SPOILER: Como o Homem de Ferro conseguiu roubar as pedras do Thanos no último momento? Por que elas funcionaram na luva dele? É outra reviravolta mal explicada. Se o herói vai realizar o ato mais importante do filme, a jogada que irá salvar o mundo, você espera que isso seja algo claro, que você realmente consiga observar a ação dele, entender qual foi a sacada que resultou na vitória, e que também seja uma ideia interessante, inesperada - não apenas o Homem de Ferro distrair o Thanos e tomar as pedras da mão dele como se fosse uma criança roubando balas da mão da outra.
- SPOILER: Chatíssimo esse clichê mais uma vez do auto-sacrifício no final (o Homem de Ferro ter que morrer pra salvar os outros). Sempre achei que esses filmes funcionam melhor pra quem tem uma mentalidade cristã. Eu por exemplo já não vejo nada de muito admirável nesses auto-sacrifícios gratuitos nos finais dos filmes. O fato de eu ter uma mentalidade mais "científica" também me faz questionar a coerência dos poderes dos personagens, querer entender direito as regras da magia, a lógica dos eventos - já os mais místicos costumam ser bem mais permissivos em relação a essas coisas mal explicadas: enxergam tudo de forma mais simbólica, abstrata, que funciona por uma lógica alternativa, afinal é assim que eles foram acostumados a digerir os textos religiosos.
- SPOILER: Péssimo esse final do Thor e do Capitão América abdicando de seus poderes, passando o bastão para as "minorias da América" (o momento politicamente correto do filme). É mais um reflexo dos valores altruístas / coletivistas por trás desses filmes - que na verdade parecem surgir pra contrabalancear o que veio antes - a culpa gerada pelo desejo por poder, ambição, etc. Me remete ao que discuti no texto Por que não gosto de Game of Thrones. Imagino que quem deseje poder, autoestima, sucesso, mas enxergue essas coisas como coisas destrutivas, ruins, imorais, acabe se sentindo culpado e vivendo essa dualidade - querer poder e tudo mais, mas ao mesmo tempo achar que o nobre e moral no fim é abrir mão dessas coisas - se sacrificar, ser humilde, altruísta, etc. Como eu não tenho essa visão, um final como esse pra mim é apenas tedioso. Mas pra quem aceita essa dualidade, talvez pareça um ato nobre dos heróis, e a pessoa se sinta mais ética saindo do cinema. Só como ilustração, observe como Indiana Jones e o Reino da Caveira de Cristal faz o oposto disso na cena final, e brinca com esses valores de forma sutil e inteligente, fingindo por um momento que irá tombar pro lado do auto-sacrifício, da abdicação, só pra enganar a plateia (ou seja, o filme aqui pressupõe que o espectador rejeite esses valores altruístas, e irá vibrar quando Indiana tomar o "bastão" de volta, representado pelo chapéu - mas a verdade é que muito do público atual aceita sim esses valores, admira o auto-sacrifício, rejeita expressões de autoestima, individualismo, e provavelmente não irá se deleitar como eu nessa cena, o que mostra como nossos valores morais influenciam diretamente na maneira como reagimos aos filmes).
Avengers: Endgame / EUA / 2019 / Anthony Russo, Joe Russo
NOTA: 5.5
Assinar:
Postagens (Atom)