quarta-feira, 23 de outubro de 2024

Outubro 2024 - outros filmes vistos

Sorria 2 (Smile 2 / 2024 / Parker Finn)

Sentimentos mistos. O filme nos transporta pra um universo novo, inesperado, não tenta apenas repetir o 1°, Naomi Scott está convincente como estrela pop (embora a ideia de situar o filme no mundo da música não seja tão bem costurada na trama), algumas cenas de suspense e de jump scares funcionam, mas o filme tem 2 padrões narrativos que não gosto. 1) A história onde tudo parece ser uma alucinação na cabeça da protagonista. No primeiro, várias mortes ocorriam e eram confirmadas por personagens externos, o que provava que a personagem não era louca. Aqui, a linha entre realidade e imaginação é totalmente borrada, prejudicando o suspense. 2) O filme de terror onde o “monstro” não traz nada de positivo para a protagonista. Terror bom pra mim não é sobre sofrimento, sobre contemplar a dor, mas sobre aventura, escapismo, sobre superar medos, descobrir forças, combater o mal, etc. Sorria 2 ignora isso e foca apenas no desagradável. A "ascensão" narrativa aqui é a protagonista dando cada vez mais vexame em público, perdendo controle sobre sua mente, tendo sua carreira cada vez mais arruinada, ferindo pessoas que ama, o que não é algo prazeroso de assistir.

Satisfação: 5 (Idealismo Corrompido)



O Aprendiz (The Apprentice / 2024 / Ali Abbasi)

Gostei. Não é feito pro público MAGA, nem pro público Anti-MAGA, o que reduz bastante a audiência. Mas é uma história de ascensão interessante, com duas atuações dignas de prêmios, e uma dinâmica mestre-aprendiz divertida que faz valer o ingresso. A fotografia retrô também é ótima. Só acho que o filme termina com uns arcos meio mal resolvidos e sem desenvolver totalmente sua “tese”. Mas como história de origem do Trump e do tipo de pragmatismo que virou a marca dele na política, é envolvente. (Na prática, acho que o filme ajuda Trump mais do que atrapalha — ao mostrar que as falas extremistas dele não passam de uma tática publicitária consciente, o filme acaba desconstruindo a noção de Trump como um monstro fascista, desvinculando o homem do discurso).

Satisfação: 7 (Idealismo Crítico)

Filmes Parecidos: Fome de Poder (2016) / A Rede Social (2010) / Wall Street - Poder e Cobiça (1987)

8 comentários:

Anônimo disse...

Sim, eu acho que a ideia de fazer algo diferente e não ficar na sombra do primeiro filme, é algo bom, mas a forma que foi feito deixou muito a desejar. Sem dúvidas ser uma estrela pop combinou muito com a Naomi Scott faz um trabalho, é um papel que combina com ela. Exato, eu também acho que o "mundo da música" não é algo que casou muito bem com a trama do filme. No primeiro filme a gente acompanha uma médica psiquiatra e a pessoa que transmite a "maldição" para ela é um paciente, então acaba sendo algo que faz sentindo e cria uma imersão, diferentemente deste segundo filme. Sim, mas com tantas, algumas tinham que funcionar, para mim uma cena que chamou atenção é quando ela está no quarto e diversas pessoas aparecem e começam a se mexer conforme ela não olha e também quando ela é perseguida em casa e encontra a "amiga" entrando na casa dela. Essa questão da alucinação eu até acharia válido, se não fosse de forma tão exagerada e sem uma linha tênue para conseguirmos ter uma ideia do que é real e o que não é, criaria mais um aspecto de realidade e seriedade para o filme. Concordo em partes, acho que tudo bem caso o protagonista não vença, mas ele precisa ter aquele ponto alto / ponto de redenção, mas nesse caso temos somente uma decadência progressiva, sem nada a mais. Exatamente.

Eu acredito que esse filme é bom para quem quer puramente tomar alguns sustos, mas sem precisar se preocupar com história bem desenvolvida e complexa ou desenvolvimento de personagens.

Caio, alguma expectativa para ""Venom - A Última Rodada" e "Super/Man - A História de Cristopher Reeve"?

Abs.
Guto.

Caio Amaral disse...

O primeiro Sorria tinha também alucinações... mas não me incomodou tanto, por ter essa âncora no mundo real. É como em filmes do Freddy Krueger - muito da ação pode até ser alucinada, mas como a narrativa é linear, outras pessoas sonham com o mesmo vilão, há mortes na vida "real", você se interessa pela alucinação. O problema é quando vc suspeita que o filme todo pode ser um sonho, que o protagonista pode ser simplesmente louco, e no mundo externo, é rotina normal. A protagonista não vencer no final também não acho um problema. É mais uma questão do que motiva o espectador ao longo da narrativa. Uma progressão de derrotas do início ao fim eu não acho interessante. Se o monstro fosse mais tangível e a personagem não perdesse a sanidade, poderia haver pelo menos aquele tipo de prazer da protagonista se provando certa para os céticos da história... mas nem isso dá pra acontecer aqui.

Super/Man achei mais um ótimo documentário biográfico pra coleção de 2024... Não bate 100% com o que eu esperava, mas é bem bonito e inspirador, no espírito do "Still" do Michael J. Fox. Venom eu só vi o 1º e achei fraco... daí quando saiu Tempo de Carnificina e disseram que era pior, eu acabei ficando com preguiça de ver. Nem imaginei que sairia um 3º, por isso não estou com planos de ver esse. Acha que vale? Abs.

Anônimo disse...

Exatamente, essa âncora foi o que deu estabilidade. Sim, no caso do Freddy Krueger isso é até melhor trabalhado, porque mesmo tendo diversos "ataques" por alucinação, como ele também interfere de fato na vida real, fica como algo mais corpóreo. Eu acho que o maior problema é que o filme apresenta uma premissa de mundo "real", mas faz tudo de forma fantasiosa, diferente de um filme onde a premissa é realmente ser algo mais irreal. Exato, apenas decadência, nada de evolução da personagem ou ponto alto de caráter ou da trama.

O filme/documentário achei bem satisfatório, alguns pontos que poderiam ser feitos de forma diferente, mas nada que fosse muito importante. Esse novo Venom eu sinceramente não acho que vale tanto a pena, para mim é mais um filme de sessão da tarde para quem gosta do universo, com um extra, mas poderia não ser criado.

Eu estou com uma certa animação para a temporada do terror na rede Cinemark, que vão reproduzir filmes como "O Iluminado", "Tubarão", "O Exorcista", "Hereditário" e alguns outros. Pretendo assistir alguns pela experiência de ver estes filmes na telona, mas espero que a otimização para cinema não estrague o filme.

Abs.
Guto.

Caio Amaral disse...

Fazia tempo que o Cinemark não exibia clássicos né... salas do circuito alternativo têm faturado horrores com sessões assim em SP. Se investissem nisso, no mínimo teriam mais público que esses filmes nacionais que eles devem ser obrigados manter em cartaz, tipo Tudo Por um Pop Star 2..

Anônimo disse...

Sim, na minha opinião, todo cinema deveria ao menos uma vez na semana reproduzir filme clássicos, pois é algo que instiga o público e permite ver esses filmes com a experiência do cinema, além de gerar mais movimentação no cinema. Concordo, tem filmes nacionais que nem deveriam passar pelo cinema e ocupam sessões, quando se tem a possibilidade de repassar filmes que realmente agregariam em algo.

Caio Amaral disse...

Seria bom, ainda mais hoje. A geração Z teve bem menos exposição a filmes clássicos que as anteriores, devido ao declínio da TV aberta, ao fim das locadoras, etc.

Anônimo disse...

Exatamente. Essa exposição seria muito boa para a geração Z, mas a falta de interesse por filmes clássicos que são verdadeiras obras de arte e pontos chave na história do cinema é algo que me preocupa, hoje o número de pessoas da geração Z que não querem apenas mais um filme sem sentindo de super-herói que não tem as qualidades de um bom filme ou algum personagem principal tão degradante e corrompido quanto se possa ser é uma minoria, no momento, como alguém que basicamente faz parte da geração Z, é isso que vivencio com quem eu tenho contato, mas eu realmente espero que esse cenário mude.

Caio, novamente, eu pretendo assistir dois filmes que vão ser lançados, "Não Solte" e "Redenção", você acha que vão ser bons filmes, alguma expectativa positiva, ao menos de acordo com a sinopse e o trailer?

Abs.
Guto.

Caio Amaral disse...

Não Solte me parece bem fraco pelo trailer... o Alexandre Aja já mostrou potencial no início da carreira, mas hoje parece ter virado um diretor de aluguel pra produções genéricas de terror. O Redenção nem sei qual é..!