domingo, 12 de fevereiro de 2012
A Invenção de Hugo Cabret
Primeiro filme "família" de Scorsese, sobre um garoto órfão que vive numa grande estação de trem em Paris na década de 30 e cruza o destino de Georges Méliès, que foi um dos nomes mais importantes do cinema mudo e um pioneiro dos efeitos especiais. No filme, Méliès se tornou um velho amargurado que abandonou o cinema e virou dono de uma lojinha de brinquedos na estação - até que surge o garoto pra resgatar suas memórias.
Tecnicamente é um milagre e um dos filmes mais impecáveis já feitos. As imagens são nítidas e perfeitamente enquadradas, os vôos de câmera em 3D são de tirar o fôlego (James Cameron disse que é o melhor uso de 3D que ele já viu), cada canto de cada cenário é rico em detalhes, as superfícies metálicas são brilhantes e polidas, as cores enchem os olhos - o filme todo parece um brinquedo de última geração e às vezes fica difícil de acreditar que não seja uma animação completa do tipo O Expresso Polar.
Já o roteiro não funciona tão perfeitamente. Tudo começa com o mistério do autômato e a busca do menino por uma mensagem do pai - na segunda metade, o filme vai se transformando na história do velho que abandonou os sonhos - no fim, vira a biografia do Georges Méliès e uma aula de história do cinema. Essas partes todas não parecem se encaixar tão bem quanto as diversas engrenagens do filme e a história acaba perdendo a força (as cenas envolvendo o inspetor feito por Sacha Baron Cohen parecem fazer parte de ainda um outro filme).
O garoto (que adora fazer auto-análises e se fazer de coitado) diz no meio do filme que não sabe qual o seu propósito na vida - isso indica por que a própria história também parece não ter propósito. Felizmente, o trecho final do filme funciona muito bem - a homenagem ao cinema mudo (remetendo a O Artista) - que é onde Scorsese brilha e assume o papel de professor/historiador que ele faz tão bem - e onde ele está muito mais à vontade do que no resto do filme, onde tem que sair da sua zona de conforto pra tentar entreter a família, coisa que nunca foi o seu forte.
Hugo (EUA / 2011 / 126 min / Martin Scorsese)
INDICAÇÃO: Quem gostou de As Aventuras de Tintim, Os Fantasmas de Scrooge, Oliver Twist, Desventuras em Série.
NOTA: 7.5
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2 comentários:
Ansioso para ver o filme do mestre.......no carnaval eu vou é para o cinema ver o rei da folia cinematográfica.
'Rei da folia cinematográfica' é o Scorsese? Haha... Ele ficaria surpreso com esse apelido!
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