domingo, 6 de março de 2016

A Bruxa


(Esta crítica está no formato de anotações - em vez de uma crítica convencional, os comentários a seguir foram baseados nas notas que fiz durante a sessão - um método que adotei para passar minhas impressões de forma mais objetiva.)

ANOTAÇÕES:

- Filmes de terror em geral são tão enlatados e parecidos que esse acaba chamando a atenção por ter uma estética diferente, parecer um filme sério, bem fotografado, com elementos históricos, com um estilo menos "pop" de direção, retratando uma época e locações incomuns nesse gênero.

- SPOILER: A primeira aparição da bruxa é bem assustadora. Achei que fosse demorar mais pra ela ser mostrada. O que ela fez com o bebê? O filme não mostra direito o que está acontecendo, o que irrita um pouco - mas por outro lado aumenta o senso de estranheza e mistério.

- Os atores são bons mas os personagens não são muito gostáveis (difícil se identificar com essa religiosidade extrema, fanática); isso nos faz acompanhar a história de uma certa distância, sem torcer pra ninguém em particular, etc.

- O roteiro não é muito bom.. O filme fica mostrando conflitos pouco importantes (a história da taça vendida), discussões entre os familiares, o pai cortando lenha, etc. O único interesse é aguardar o próximo momento de terror. Os personagens e a história em si não são tão envolventes. O filme se destaca mais por causa da atmosfera que é bem construída e assustadora (por méritos da direção, da trilha sonora dissonante, que às vezes lembra O Iluminado).

- SPOILER: A bruxa matou o Caleb quando ele acha a cabana na floresta?

- Bem escrito o monólogo da esposa sobre ter perdido a fé depois da morte do bebê.

- SPOILER: Meio insatisfatório em termos de roteiro a história do Caleb reaparecer "possuído", só pra depois morrer, sem que isso tenha uma utilidade maior pra história. Qual a intenção da bruxa ao fazer isso? Ela segue alguma lógica? O filme parece criar eventos aleatórios só pra ter cenas assustadoras, sem que haja muito sentido. A cena do Caleb falando com Deus antes de morrer não funciona, talvez pela performance do garoto que não é convincente.

- A história da Thomasin se tornar suspeita de bruxaria também é ruim e não convence (ou ela depois jogando a culpa nos gêmeos). Os pais teriam que ter motivos mais fortes pra suspeitarem dos próprios filhos. A plateia está interessada em ver a bruxa, e não acompanhar conflitos domésticos de uma família com crenças irracionais. O terror sobrenatural acaba ficando em segundo plano, o que é frustrante.

- SPOILER: Sinistra a sequência em que a mãe revê os filhos mortos e a bruxa aparece no estábulo - e depois o corvo bicando o peito da mãe. Mas acho chato quando o filme deixa na dúvida se as coisas estão acontecendo concretamente, ou se é tudo uma alucinação.

- SPOILER: O monstro agora é o bode (que mata o pai)? O filme não devia ser sobre uma bruxa? Estranha a história da mãe tentar estrangular a Thomasin, e depois ser morta a facadas... Os eventos e as atitudes dos personagens parecem forçados só pra criar momentos dramáticos. Não soam integrados a uma história coesa, bem escrita.

- SPOILER: Não ficamos sabendo direito se os gêmeos morreram no estábulo após a aparição da bruxa. Agora só sobrou a Thomasin?

- Outra sequência sinistra é a garota conversando com o bode no fim, indo pra floresta e participando do ritual ao redor da fogueira. Mas a maneira como o filme acaba é frustrante, do tipo que faz metade da plateia sair da sala xingando (o filme abusa um pouco do subjetivismo pra parecer mais sofisticado do que é).

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CONCLUSÃO: Filme de terror diferente que se destaca pela atmosfera, porém é decepcionante em termos de história, e tem um vilão mal desenvolvido.

The VVitch: A New England Folktale / EUA, Reino Unido, Canadá, Brasil / 2015 / Robert Eggers

FILMES PARECIDOS: The Babadook / Corrente do Mal / A Entidade / A Vila / O Homem de Palha

NOTA: 6.0

4 comentários:

Marcus Aurelius disse...

Eu jurava que esse filme era uma prequel de A Bruxa de Blair. Que bom que não é.

O JJ Abrams parece que está trabalhando em um derivado de Cloverfield, daí pensei que foram na onda e fizeram um derivado de A Bruxa de Blair também.

Caio Amaral disse...

Oi Marcus.. Não tem nada a ver com a Bruxa de Blair não..
Esse novo Cloverfield estréia nessa quinta já.. dia 10..!

Rodrigo E. disse...

Caio, a cena da bruxa no estábulo fez o pessoal na minha sessão explodir na gargalhada! Ela é meio escrota mesmo, rs.

Gostei do filme pela atmosfera também. Mas julgando pelo conjunto da obra, achei fraco. Mesmo assim, o melhor filme de terror que vi nos últimos anos.

Caio Amaral disse...

Oi Rodrigo.. Realmente.. se me perguntarem sobre os melhores filmes de terror dos últimos anos.. vou acabar citando este também, apesar das reclamações. Não que o filme seja excelente, mas perto do que costuma sair.. estamos no lucro, hehe.